Contando com elaborados e (à época)
inovadores efeitos gerados em computador, O
Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (ou T2, como ficou
conhecido nos EUA), foi uma supervalorizada, cara
e rentável seqüência do filme do
diretor James Cameron de 1984 que, na verdade, era
uma modesta produção. Cameron fez algumas
concessões para viabilizar esta continuação
com Schwarzenegger, que é destruído
no filme original. Nele os Exterminadores eram unidades
de infiltração, que se misturavam aos
rebeldes para descobrirem suas bases e, lá chegando,
provocavam grande destruição. Em um flashback do futuro (!) inclusive vimos um destes
cyborgs infiltrados em ação, e ele
era bem diferente do Schwarzenegger. Já neste
T2 fica estabelecido que todos os T-800 são
iguais ao “Schwarza”, e ponto final.
E ele até já chega ao presente com
cabelo espigado e tudo (no original ele só ficou
assim depois de ter passado por labaredas que lhe
chamuscaram os cabelos)! Também, para desagrado
de muitos fãs do original, o T-800 foi humanizado:
de fria máquina assassina ele virou o "paizão" de
John Connor. Na verdade essa foi uma sugestão
de Schwarzenegger a Cameron, que para variar queria
fazer o papel do mocinho e deixar toda a vilania
a cargo do letal T-1000 (Robert Patrick, o agente
Doggett de Arquivo X). Apesar de inferior ao Exterminador
do Futuro original, James Cameron criou um filme
de maior sucesso graças à ação
intensa, efeitos que ainda funcionam e um final emotivo.
O Exterminador do Futuro 2 venceu o Oscar® nas categorias
de Som, Maquiagem, Edição de Efeitos
Sonoros e Efeitos Especiais (desenvolvidos pela Industrial
Light & Magic, de George Lucas).
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Ao contrário do DVD do filme original, que
recebeu uma edição nacional primorosa
e completa da Fox/MGM, com dois discos, a sorte de
O Exterminador do Futuro 2 em DVD no Brasil não é das
melhores. Em 2000 a Columbia lançou por aqui
uma edição anêmica que nem trailer
tinha, cujo maior mérito era a faixa de áudio
em inglês Dolby Digital 5.1 do filme. Já lá no
distante Primeiro Mundo a coisa era bem diferente.
T2 já havia saído nos EUA em DVD em
1999, pela Artisan, como o primeiro de dupla camada
lançado no mercado. Esta versão, sem
qualquer extra, vídeo em letterbox e som DD
5.1, foi a base para a versão que a Columbia
lançou aqui. Em 2001 a Artisan lançou
nos EUA a edição Ultimate, um DVD-18
(de dupla camada nas duas faces) contendo três
versões do filme: a original de 137 minutos,
a versão estendida de 153 minutos e outra,
de 156 minutos, escondida como easter egg. O vídeo é widescreen
2.35:1 Anamórfico, e o áudio em inglês,
Dolby Digital 5.1 EX e DTS ES. Nos extras, podemos
selecionar o comentário de nada menos do que
26 pessoas do elenco, ler o roteiro completo, ver
700 storyboards, assistir a 3 documentários
- "The Making Of T2" (o mesmo incluído
nesta edição da Universal), "T2:
More Than Meets The Eye" e "T2: 3D: Breaking
The Screen Barrier", além de duas cenas
eliminadas e trailers. Esta edição
Ultimate também foi lançada na Europa
(pela Studio Canal), em três discos PAL. O
conteúdo é idêntico à edição
norte-americana, havendo somente redução
na duração das versões do filme,
já que no sistema PAL o filme passa a 25 fps
(frames per second, ou quadros por segundo), enquanto
o NTSC, que utiliza 30 fps, através de uma
duplicação de frames acaba por equivaler
aos 24 quadros por segundo do cinema. Na Austrália,
que também é Região 4 (e utiliza
o mesmo sistema PAL), esta versão foi lançada
pela Universal contendo apenas a versão estendida
do filme. Posteriormente, em 2003, a Artisan lançou
nos EUA a edição Extreme de T2, com
dois discos contendo a versão de cinema e
a estendida, novos extras e uma versão do
filme em alta definição, que só pode
ser assistida em computadores de última geração.
O áudio é DD 5.1 EX.
Bom,
tive de escrever tudo isso para, finalmente, chegar
a esta “edição
especial” que a Universal lançou agora
no Brasil. Que, se considerada isoladamente e em
função do preço de lançamento
(R$ 29,90), é uma opção atraente
para os fãs do filme. Contudo, se comparada
com as edições primorosas disponíveis
lá fora, e considerando algumas características
no mínimo estranhas deste lançamento,
a coisa muda de figura. A capa do DVD é praticamente
a mesma do antigo DVD da Columbia, distinguindo-se
dele principalmente pelos dizeres “2 Discos
Edição Especial”. Os menus animados,
retirados da edição Ultimate, são
promissores. Mas o estranho, para não dizer
bizarro, começa quando entramos no menu de
seleção de idiomas. Talvez para facilitar
a vida dos neófitos em DVD, a Universal unificou
a configuração de áudio/legendas
em três opções: Inglês
(DD 5.1) com legendas em português, Inglês
(DD 5.1) com legendas em espanhol, e português
sem legendas (é uma nova dublagem em DD 5.1).
Como não é possível alterar áudio
ou legendas durante o filme, via controle remoto,
quem por acaso quiser assistir ao filme no idioma
original, sem legenda alguma, não poderá fazê-lo.
Para assistir ao filme sem legendas, só optando
pelo áudio em português! Antes de prosseguir,
gostaria de registrar que, como seria de se esperar,
o áudio DD 5.1 de T2 é excelente. Foi
o primeiro filme que teve uma trilha de áudio
inteiramente gravada digitalmente, e a força
de seus graves ainda surpreende. Agora, porque o áudio
não é DD 5.1 EX, como nos equivalentes
do exterior? E o áudio DTS?
Continuando:
o disco 1 contém apenas a versão já exibida
nos cinemas, que corresponde à de 137 minutos
da edição Ultimate. Detalhe: no DVD
nacional o filme tem apenas 131 minutos de duração,
sem que tenha sido eliminada qualquer cena. Como
isso é possível? Bom, aqui temos outra
característica bizarra, detectada pela primeira
vez pelo leitor “Percebe”, no fórum
do DVD Magazine no Orkut: o DVD nacional, que como
os demais lançados por aqui é NTSC
por padrão, possui uma versão do filme
que tem a mesma duração da versão
standard lançada na Europa, em PAL. A única
explicação possível para isso é que
a Universal utilizou uma master PAL (provavelmente
extraída do Ultimate europeu), e quando da
reconversão para NTSC o tempo de duração
de 131 minutos, obviamente, não voltou aos
137 minutos normais. O resultado prático disso
na tela, em termos de aceleração, é quase
imperceptível: a maior parte dos espectadores
apenas notaria o aumento de frames por segundo se,
ao lado, estivesse assistindo também à versão
NTSC, que terminaria seis minutos após a versão
PAL. Mas por outro lado, em termos de qualidade do
vídeo, receio que tenha havido outros prejuízos.A
imagem desta transferência, para mim, é um
pouco embaçada, e as cores me parecem um tanto
esmaecidas - e isso, desconfio seriamente, é decorrente
dessa conversão/reconversão de sistemas
PAL e NTSC.
Ao
final, só posso concluir que
a Universal perdeu uma grande chance de lançar
uma edição decente de T2 no Brasil.
Porque não utilizou na íntegra uma
das versões Ultimate lançadas na Europa
e na Austrália? Simplesmente porque o DVD
nacional teria de ser barato? Mesmo que esse fosse
o caso, quero lembrar que a Buena Vista lançou
aqui, pelos mesmos R$ 29,90, um DVD duplo de Piratas
do Caribe superior a este T2 em todos os aspectos
- som, imagem e abundantes extras. É lamentável
que uma distribuidora que começou suas atividades
no Brasil com lançamentos exemplares esteja
comprometendo sua imagem (desculpem o trocadilho...)
com uma série de DVDs desleixados da Studio
Canal.
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