O
Natal para mim é uma data maravilhosa e o
cinema durante vários anos conseguiu retratar
essa data tão linda com diversos filmes memoráveis,
mas entre eles não há um melhor e mais
simbólico do que A Felicidade Não se
Compra de Frank Capra.
Sino batendo, o desenho de uma carruagem em meio à neve
e o Papai Noel logo nos créditos iniciais
do filme... Todo final de ano, TVs de diversos países
passam o clássico de Frank Capra, que para
mim é o filme que revela o verdadeiro espírito
de Natal.
Capra consegue enviar uma mensagem positiva a todas
as pessoas (aliás, sou suspeita para falar:
sou fã do diretor que buscava temas sociais
e se preocupava com o ser humano em geral). Outro
grande filme dele, que lida com a situação
humana, é Do Mundo Nada se Leva (1938).
Apesar da fita ser do ano de 1946, A Felicidade
Não Se Compra condiz bem com a realidade de
muita gente e é cada vez mais atual. Várias
pessoas ainda passam por estas dificuldades: a vontade
que muitos têm de acabar com suas vidas - por
não se sentirem capazes de pagar as contas,
por estarem desempregados ou com salários
baixos, entrando em desespero etc.
No filme, justamente o diretor prova que nenhum
homem é fracassado, já que pode dar
a volta por cima seja qual for a sua dificuldade
ou condição.
Bom, vamos à história (porque aí,
você, que ainda não viu o filme, poderá entender
melhor do que se trata...): O personagem principal é George
Bailey (interpretado pelo magnífico James
Stewart), que no dia de Natal recebe a visita de
um anjo de guarda enviado por Deus. Bem na hora em
que George está desesperado para se jogar
no rio, na pequena cidade onde mora. Uma luz aparece
na vida dele e o pesado fardo que está carregando
parece ser bem mais leve do que pensava. Essa é uma
das partes mais emocionantes do filme, que até arrepia
(mesmo quem não acredita em anjos da guarda!).
O anjo da guarda mesmo, encarnado em forma humana,
aparece mais para o final do filme para dar aquela
impressão de que tudo pode ser resolvido.
A vida de George Bailey é narrada em flashbacks
por Deus para o anjo. Assim ele conhece quem deve
salvar, uma personalidade cheia de bondade, sempre
em beneficio das pessoas e da família.
Como herdeiro da empresa de seu pai, George faz
empréstimos a todas as pessoas que necessitam
realizar o "sonho da casa própria",
sem garantias. Nisso ele entra em constante conflito
com o poderoso banqueiro, Potter, que quer a todo
custo abocanhar todos os bons negócios da
cidade (inclusive a empresa de George). Potter chega
a oferecer um emprego estável, mas ele acaba
não aceitando - o que irrita ainda mais o
banqueiro.
George é a síntese de diversos personagens
dos filmes de Capra, como Jefferson Smith de A
Mulher faz o Homem, Longfellow Deeds de O
Galante Mr. Deeds e o mendigo Jonh Doe de Adorável Vagabundo.
Enfim, é um homem comum que sacrificou muitas
coisas na vida em prol dos interesses sua comunidade.
Até a própria lua-de-mel ele deixa
de aproveitar para agradar os seus clientes. E não
pense que ele deixou de obter recompensas na hora
em que precisou; muito pelo contrário, ele
pode não ter tido o mesmo retorno financeiro,
mas na hora do desespero foi acolhido de forma solidária,
pela população de sua pequena cidade.
A Felicidade Não Se Compra continua sendo
um dos mais belos contos de Natal em meio há vários
filmes que surgem a cada ano nessa época.
Os últimos instantes do filme derrubam lágrimas
de emoção do expectador. Esse é um
dos presentes mais encantadores que o diretor italiano
Frank Capra e a indústria cinematográfica
pode ter feito até hoje, para provar que todos
os homens têm seus valores acima de tudo.
Enfim a cada ano que passa gosto mais deste verdadeiro
clássico.
Quanto há dica de Natal desse
ano de 2003, Um Duende em Nova York, distribuído
pela PlayArte, é muito
divertido e resgata bem a inocência e a bondade
das pessoas, que muitos não acreditam haver
nos dias atuais, mas que sem dúvida ainda
existe. (CLARISSA KUSCHNIR)
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