GALÁCTICA, ASTRONAVE DE COMBATE – SÉRIE COMPLETA (Battlestar Galactica) - IMPORTADO

 

Com Dirk Benedict, Lorne Greene, Richard Hatch

 

Diretor

Duração

Produção

Vários

1167 minutos

1978/1979, EUA

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

TV, Ficção Científica

Universal

10/02/2004

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
DVD IMPORTADO
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Inglês (DD 5.1)
Espanhol, Francês
Sinopse

Em um ponto longínquo do Universo, os humanos estão prestes a celebrar um tratado de paz com os seres mecânicos Cylons, com quem estão em guerra há mil anos. Contudo, a proposta de paz era um embuste, e os alienígenas lançam um devastador ataque à frota de Astronaves de Combate e às 12 colônias humanas (cada uma delas situada em um planeta diferente, com o nome dos 12 signos do zodíaco). Após a chacina, os sobreviventes formam uma frota desmantelada de naves fugitivas, liderada pela Astronave de Combate remanescente, Galactica, e partem rumo à mítica e perdida 13ª colônia - a Terra. Sempre fugindo dos alienígenas mecânicos, ao final do episódio piloto os heróis conseguem destruir uma das gigantescas naves-base Cylon.

Comentários

Há aqueles que acreditam que a vida na Terra começou bem longe no Universo, com tribos de humanos que podem ter sido os antepassados dos Egípcios, dos Toltecas e dos Maias - e que teriam sido os criadores das grandes pirâmides e da civilização perdida de Atlântida. Alguns acreditam que ainda hoje irmãos do Homem lutam pela sobrevivência, muito longe daqui, entre as estrelas...

Com esta introdução, Battlestar Galactica (Galáctica, Astronave de Combate) estreou na rede americana ABC em setembro de 1978, anunciada como uma das produções mais espetaculares já feitas para a TV. Apesar de sua duração relativamente curta, ainda hoje possui fiéis seguidores, sendo eventualmente reprisada nos EUA. À época de seu lançamento, o mundo havia sido tomado de assalto por Guerra nas Estrelas, no que seria o início do renascimento da ficção científica (mais precisamente, do subgênero conhecido como Space Opera), tanto no cinema como na televisão. Galactica foi a primeira das produções criada no vácuo do épico de George Lucas. Segundo seu criador, Glen A. Larson, a idéia original da série surgiu nos anos 60, em um projeto seu chamado Adam's Ark. Larson tentara vender o programa mais ou menos à mesma época em que a Série Original de Jornada nas Estrelas já estava em declínio, e o projeto acabou sendo arquivado. Nos anos que se seguiram, Larson produziu muitas séries populares, como O Rei dos Ladrões e McCloud. Somente em 1977, com o sucesso estrondoso de Guerra nas Estrelas, o antigo projeto de Larson foi considerado potencialmente lucrativo pelos executivos.

A trama, muito influenciada pelas teorias de Von Däniken (Eram os Deuses Astronautas?) recuava até as origens da humanidade, deslocando histórias e civilizações clássicas (egípcios, hebreus, gregos) para o espaço. Nela, o Homem não seria originário da Terra, mas sim de outros pontos do Universo. Galactica desde o início foi rotulada como a “Guerra nas Estrelas da tela pequena”, até porque alguns egressos da Industrial Light and Magic (ILM) trabalharam nos bastidores da série. O principal foi o mestre em efeitos especiais John Dykstra, que atuou como produtor associado dos primeiros episódios, além de Ralph McQuarrie (desenho de produção) e Joe Johnston, que anos depois dirigiria Querida, Encolhi as Crianças, Rocketeer e Jurassic Park III. A Fox e a Lucasfilm chegaram a processar a Universal, acusando a série de ser um mero plágio de Star Wars, porém após alguns meses de disputa judicial as partes acabaram entrando em um acordo. Liderando o elenco de Battlestar Galactica, o falecido Lorne Greene, mais conhecido pelo seu papel de Ben Cartwright na clássica série western Bonanza, interpretava o Comandante Adama. Richard Hatch (São Francisco Urgente) vivia seu filho, o Capitão Apollo, enquanto Dirk Benedict era o intrépido e mulherengo Tenente Starbuck. Os demais personagens fixos eram Serina (Jane Seymour), Ten. Boomer (Herbert Jefferson, Jr.), Coronel Tigh (Terry Carter), Athena (Maren Jensen), Boxey (Noah Hathaway), Cassiopeia (Laurette Spang), Sgt. Jolly (Tony Swartz), Capitã Sheba (Anne Lockhart, filha de June Lockhart, da Série Original de Perdidos no Espaço), Dr. Salik (George Murdock), Ten. Greenbean (Ed Begley, Jr.), Conde Baltar (John Colicos), Líder Imperial (Dick Durock, com voz de Patrick MacNee) e Lúcifer (Felix Silla, com voz de Jonathan “Dr. Smith” Harris), além do cão-robô Muffit.

O figurino com adereços egípcios foi criado por Jean-Pierre Dorleac, e a evocativa trilha sonora composta por Stu Phillips era interpretada, no episódio piloto, pela Filarmônica de Los Angeles. Inicialmente planejada como uma mini-série composta por um episódio de três horas e mais dois longas de duas horas, os executivos da ABC expandiram o projeto para uma série completa. Antes mesmo de sua estréia na TV, o piloto de Galactica, em Sensurround, foi lançado nos cinemas em uma versão reduzida para duas horas de duração (foi exibido no Brasil em 1979, e recentemente relançado em DVD por aqui). O piloto de três horas, Saga of a Star World, com as cenas não exibidas nos cinemas, estreou na ABC em 17 de setembro de 1978. No total foram exibidos 22 capítulos, que incluem as três partes do piloto, quatro episódios em duas partes e um especial de duas horas. Em muitos deles, dá para notar que o projeto foi iniciado às pressas, a fim de faturar em cima da onda de Guerra nas Estrelas, porém logo em seguida os produtores descobriram que fazer uma “Guerra” semanal sairia caríssimo. Assim, inicialmente utilizou-se o recurso de repetir e reciclar muitas cenas de efeitos visuais produzidas para os episódios iniciais, para depois diminuir a ênfase nos combates espaciais, centralizando as histórias nos personagens e em outros temas, como exploração. Em que pesem os roteiros e valores de produção irregulares de muitos episódios, de um modo geral a série possui um charme e espírito de aventura que faltam à maioria dos programas atuais do gênero.

Os destaques vão para o piloto, com suas cenas de combate e destruição, e a participação especial dos veteranos Lew Ayres e Ray Milland; a segunda parte de Lost Planet of The Gods, com os caças Cylons disparando contra antigas pirâmides; The Man with Nine Lives, onde o falecido Fred Astaire interpreta um vigarista que diz ser o pai de Starbuck; o episódio em duas partes The Living Legend, quando surge uma outra Astronave de Combate perdida, a Pegasus, comandada pelo Comandante Cain (Lloyd Bridges); e as duas partes de War of The Gods, onde a tripulação da Galactica encontra uma civilização mais avançada que humanos e Cylons, além de um misterioso fugitivo interpretado por Patrick MacNee.

Por obter índices de audiência considerados insatisfatórios, e também por seu elevado custo, a série foi cancelada em abril de 1979, e seu último capítulo, The Hand of God, foi ao ar no dia 29 daquele mês. Os executivos da ABC convidaram Larson a produzir mais um especial de duas horas, onde a Galactica finalmente descobre a Terra. Este projeto acabou dando origem a uma 2ª “meia temporada” de 10 episódios, conhecida nos EUA como Galactica 1980. Com a ação passada 30 anos após a série original e com apenas Lorne Greene e Herbert Jefferson, Jr. repetindo seus papéis, esta continuação foi um fracasso completo, graças ao orçamento muito reduzido e histórias infantis. Seu melhor episódio foi exatamente o último, The Return of Starbuck, com a participação especial de Dirk Benedict. Hoje, esta mid-season é solenemente ignorada tanto por fãs como pela própria Universal. No Brasil, em 08 de março de 1981, a série, rebatizada como Galactica: Batalha nas Estrelas estreou na Rede Globo. Constantemente interrompida pelas freqüentes transmissões de futebol, sua exibição era alternada com a produção seguinte de Glen Larson, Buck Rogers no Século 25. Depois de passar para o limbo dos “madrugadões” da Globo, foi reprisada ainda nos anos 80 pela Rede Manchete e emissoras independentes (em Porto Alegre, pela TV Guaíba), incluindo os episódios de Galactica 1980, até desaparecer por completo. Finalmente, em 2003, depois de longos anos e tentativas fracassadas de Glen Larson e de Richard Hatch em ressuscitar o programa, o Sci-Fi Channel produziu e exibiu uma nova minissérie de Galactica (com novo elenco e produção de Ronald D. Moore), que seguindo os passos da produção original, foi expandida como série para a temporada de 2005.

Extras

O material adicional reunido ou produzido para este lançamento é considerável:

Cenas Deletadas - Há uma enorme quantidade de cenas deletadas de 15 episódios, com qualidade de imagem irregular. No total são mais de três horas destas cenas, somente as do piloto somam 34 minutos de duração. Muitas são tomadas alternativas ou versões estendidas de cenas presentes nos episódios, e há inclusive erros de gravação.

Comentário de áudio - É possível assistir ao piloto ouvindo comentários dos atores Dirk Benedict (Starbuck), Richard Hatch (Apollo) e Herb Jefferson, Jr. (Boomer);

Glen Larson on the Creation of Battlestar Galactica - Neste featurette, o criador e produtor Glen Larson comenta a origem da série e a experiência de sua realização. Convenientemente, não faz qualquer menção às suas tentativas frustradas de reviver o programa;

Stu Phillips: Composing the Score - Featurette onde o compositor Stu Phillips, habitual colaborador de Larson, fala sobre a criação e a gravação da trilha musical da série, seu trabalho mais ambicioso;

Inside Battlestar Galactica - Nesta seção, temos material sobre a criação do cão-robô Muffit e os Cylons, efeitos visuais e uma extensa galeria de fotos (que inclui os ótimos desenhos de produção criados por Ralph McQuarrie, de Star Wars);

A Sneak Peek at the New Battlestar Galactica Mini-Series - Reunião dos teasers da nova produção do Sci-Fi Channel divulgados na web, formando um trailer;

Behind the Scenes of the Battlestar Galactica Game - Um featurette sobre o jogo baseado na série. Destaque para a participação, na dublagem, de Richard Hatch, Dirk Benedict e Kristanna Loken (a andróide T-X de O Exterminador do Futuro 3);

Remembering Battlestar Galactica - Sem dúvida o melhor extra, é uma retrospectiva de 45 minutos de duração com a participação de membros da equipe e boa parte do elenco remanescente. Nele, há menções ao cancelamento abrupto da série, mas nada que se refira à malfadada Galactica 1980.

Críticas ao DVD

O box-set de Battlestar Galactica é composto por quatro discos DVD-14 (com duas faces - uma face de camada dupla, a outra de camada simples) e dois discos DVD-9 (uma face de dupla camada). Isso significa que, para acessar determinados episódios ou extras você terá de virar o disco - mas antes que você reclame, lembro que isso permite a inclusão de maior quantidade de material adicional no disco que a ele corresponde (as cenas deletadas, por exemplo).

Os bonitos menus animados reproduzem cenas e imagens dos episódios, que são apresentados em seu formato original de tela cheia (1.33:1), com base em novas matrizes de alta definição feitas a partir dos negativos originais. Contudo, o ganho nos detalhes e texturas muitas vezes realça a granulação e os defeitos do filme, como manchas e riscos. Também ficam mais óbvias as pinturas e projeções de fundo, bem como os recortes e as montagens nas cenas de efeitos visuais. Em uma determinada tomada, é possível até perceber, contra o fundo negro do espaço, a haste de sustentação do modelo da Galactica. Em outra, na qual Starbuck e Apollo, de trajes espaciais, estão no casco externo da Galactica, os fios que sustentam os atores ficaram claramente visíveis, dando à cena uma conotação hilária. Prova de que a qualidade da imagem, se considerarmos que o material possui mais de 25 anos, é estupenda.

Quanto ao áudio de cada episódio (disponível somente em inglês), foi remixado em Dolby Digital 5.1 a partir das fitas de áudio originais estéreo. Os diálogos estão perfeitamente isolados no canal central, há uma razoável distribuição sonora nos canais dianteiros e os graves ribombam nos combates espaciais (quem disse que o som não se propaga no vácuo?). Praticamente inexistem efeitos surround, e a monotonia dos canais traseiros somente é quebrada, eventualmente, pela trilha musical. Ainda assim, o áudio destes DVDs é bem melhor que o da versão cinematográfica do piloto, mono. Por ser um lançamento norte-americano, não estão disponíveis legendas em português, somente em inglês, espanhol e francês.

Completando o pacote, há um belo encarte contendo o guia completo dos episódios, fotos coloridas e plantas de naves e cenários. Sobre a embalagem do pacote, vale a pena referir que ele foi lançado em outubro de 2003 em um digipack que incluía, na face externa, um grande rosto plástico de Cylon nele colado. O olho vermelho movia-se de um lado para o outro, movido a bateria de relógio. Bonita para uns, ridícula para os outros, esta embalagem foi criticada por dificultar o armazenamento da embalagem com outros DVDs. Em fevereiro de 2004 o box-set foi relançado em uma embalagem mais prática (a mesma utilizada para este review), com o rosto do Cylon em relevo na luva de papelão externa. A capa interna dos suportes dos discos é a mesma nas duas versões.

Portanto, temos aqui um exemplo de como uma série de TV clássica deve ser lançada a fim de agradar aos fãs e consumidores em geral: cuidadosa restauração de áudio e vídeo, embalagem caprichada e montes de extras. Pode ser que este lançamento chegue algum dia no Brasil - segundo consta, em 2003 a Universal chegou a fazer por aqui uma pesquisa de interesse a respeito. Até lá, aqueles nostálgicos que sentem saudades de uma época onde a TV era menos cerebral, menos presunçosa e, acima de tudo, mais divertida (e, também, que sentem saudades dos cabelos chanel!), terão de importar este ótimo box-set.

Menus
Resenha publicada em 02/07/2004
Por Jorge Saldanha

Seu comentário
 

Nome:

Autorizo a publicação.
  Email: Não autorizo.