GRITOS E SUSSURROS (Viskningar Och Rop)

 

Com Liv Ullman, Ingrid Thulin, Harriet Andersson, Kari Sylwan, Erland Josephson

 

Diretor

Duração

Produção

Ingmar Bergman

106 minutos

2002, EUA

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Clássico, Drama

Versátil

27/11/2003

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Inglês (DD 5.1) e Português (DD 2.0)
Inglês, Português e Espanhol

Sinopse

Um dos filmes mais perturbadores do mestre Ingmar Bergman, Gritos & Sussurros é apresentado, pela primeira vez no Brasil, em versão restaurada e remasterizada no formato widescreen, que resgata em todo seu esplendor a belíssima fotografia do genial Sven Nykvist, premiada com o Oscar da categoria. Numa casa de campo, Agnes recebe, à beira da morte, os cuidados de suas duas irmãs e de uma dedicada empregada da família. Neste ambiente claustrofóbico, acompanhamos as imaginações, lembranças e frustrações destas quatro mulheres. Indicado a 5 Oscar, incluindo Melhor Filme e Direção, Gritos & Sussurros é obra-prima de uma riqueza infinita, obrigatória na coleção de todo cinéfilo.

Comentários Sobre o Filme

Poucas vezes o cinema logrou atingir a interioridade humana no nível de Gritos e sussurros (1972), filme do sueco Ingmar Bergman que o espectador sempre revê com renovada paixão. Tudo funciona com perfeição na narrativa de Bergman para dar ao assistente algumas imagens da alma; o grupo de atores característicos do cineasta (sua mulher da época, Liv Ullmann, e duas ex-, Harriet Anderson, a ciumenta de Noites de circo, 1953, e Ingrid Thulin, o pólo malvado e carnal de O silêncio, 1962), o fotógrafo habitual do realizador (Sven Nykvist), os temas inevitáveis (o casamento em crise, a dor, a morte, os analfabetos emocionais), tudo contribui para que o conjunto chegue a um paroxismo estético que nos enleva. Quem leu o brilhante texto-roteiro que Bergman escreveu, sente sua agudeza psicológica desde a primeira página; na tela, diante de sua câmara, Bergman dispõe os elementos visuais com rara eficácia; num jogo dialético, a cor vermelha das paredes, das cortinas e dos estofados dos móveis vão propor sentimentos plásticos em que o contraste com as vestes brancas e depois pretas das personagens estabelecem quadros de grande força espiritual.

O início do filme é feito de silêncios e pequenos ruídos, como o tique-taque do relógio de parede e o vento lá fora. A imagem inicial é exterior à casa: uma fotografia suave e luminosa da natureza. Estes exteriores tranqüilos, semelhando o paraíso, diferem dos interiores pesados, sombrios, infernais (a parede vermelha, metáfora da alma, arde como o inferno). A imagem final, sobre a qual uma voz-off (Anna, a empregada, apanhou o caderno para o ler) diz o diário de Agnes, já morta, depois de desesperadora agonia, vai mostrar outra visão do paraíso: a cena outonal, feliz, as três irmãs estão num balanço, num jardim, num dia de sol filtrado pela vegetação, e Anna as embalança, uma pós-vida, um pós-inferno, o clima de outono com sua coloração amarelada remete a um filme posterior de Bergman, Sonata de outono (1978). Entre dois paraísos Bergman filma o inferno (de dor e caretas) que está dentro de nós.

O cineasta tem o dom de provocar um jogo contrastante de personagens, como ocorria em Persona (1968). A frágil Maria, a rude Karin, a sofredora Agnes e a afeiçoada empregada Anna compõem o entrevero de dialética de personagens em que se compraz o narrador do filme; e Bergman vale-se de sua intimidade com os atores de seu filme para conferir profundidade àquilo que poderia ser um estereótipo psicológico.

Talvez Gritos e sussurros seja o mais perfeito monumento estético erigido por Ingmar Bergman para mostrar como funcionam, à sua ótica, as queimações da alma. Esta queimações são especialmente reveladas em alguns primeiros planos do rosto amargo e perverso de Karin/Ingrid Thulin, o qual aparece envolto abstratamente num fundo negro. (por Eron Fagundes)

Extras

- Filmografia Ilustrada: todos os filmes do diretor Bergman, com fotos de cada um.

- Biografias: de Ingmar Bergman (17 páginas com textos e filmografia completa), Liv Ullman (11 páginas, com filmografia selecionada), Ingrid Thulin (11 páginas, com filmografia selecionada) e Harriet Andersson (9 páginas, com filmografia selecionada)

Críticas ao DVD

Um dos melhores filmes de Bergman, diferente para quem não está acostumado com o gênero. A imagem desta edição está ótima, mantendo o formato original do cinema, em widescreen. O áudio está bom, dentro dos limites do aceitável para este tipo de filme.

Os menus são simples, sem qualquer movimento. Os extras, embora muito bem escritos (sim, só há textos), são muito poucos para termos aqui uma chamada "edição de colecionador". Na versão americana (da Criterion), há uma entrevista com Bergman e seu colaborador Erland Josephson e uma dublagem em inglês.

No geral, mais um excelente filme com boa qualidade técnica que até consegue superar a ausência de extras. Um DVD com um filme excelente, não espere os padrões Hollywoodianos, mas uma aula de cinema.

Menus
Resenha publicada em 10/12/2003
Por Eron Fagundes e Edinho Pasquale

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