Com
Rémy Girard, Stéphane Rousseau, Dorothée Berryman, Marie-Josée
Croze, Marina Hands, Dominique Michel, Louise Portal, Yves Jacques, Pierre Curzi
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94 minutos
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Cotações
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Som & Imagem:
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Filme:
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Extras & Menus:
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Geral:
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Áudio
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Legendas
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Vídeo
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Região
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Francês e Português
(DD 2.0)
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Português
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Sinopse |
Considerado
um dos melhores filmes de 2003, As Invasões
Bárbaras é um filme raro. Emocionante
sem ser piegas e ao mesmo tempo moderno. O Diretor
Denys Arcand promove o reencontro dos amigos de O
Declínio do Império Americano dezoito
anos depois. eles estão juntos novamente para
se despedir do divorciado Remy, abatido por um câncer
raro. A reunião é promovida por seu
filho yuppie. Sensível, envolvente, com um
humor afinadíssimo e muito inteligente, As
Invasões Bárbaras ganhou dois prêmios
no Festival de Cannes: Melhor Roteiro e Melhor Atriz
(Marie-Josee Croze), além de ser indicada
ao globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.
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Comentários
Sobre o Filme |
Em
Meu tio da América (1980), um dos grandes
filmes do francês Alain Resnais recentemente
revisto, o realizador insere na montagem excertos
de filmes antiquíssimos para caracterizar
com o comportamento de alguns atores da velha guarda
certos tiques físicos que inspiravam as personagens
de sua narrativa. Num determinado momento de As
invasões
bárbaras (Les invasions barbares; 2003), de
Denys Arcand, a personagem de Remy, hospitalizado
com doença terminal, evoca suas lembranças
de antigas estrelas de cinema e Arcand repete o procedimento
de Resnais: equiparar os gestos das estrelas nos
velhos filmes às ações das personagens
que ele está criando, incluindo com habilidade
na montagem pedaços de películas de
antanho. É bom começar assim a falar
da exuberante realização de Arcand,
associando-a à obra-prima inaugural da década
de 80 do século passado, porque As invasões
bárbaras repõe em cartaz um tipo de
grandeza cinematográfica de que a superficialidade
contemporânea se tem afastado.
A
irreverência cinematográfica e filosófica
do realizador canadense Denys Arcand é bem
conhecida do público brasileiro em três
filmes que discutiam a falência das relações
humanas no fim do século XX: O declínio
do império americano (1986) dava uma perspectiva
histórica ao vazio intelectual dos anos 80,
assim como Jesus de Montreal (1989) se acercava da
impossibilidade religiosa no mundo materialista de
hoje e Amor e restos humanos (1993) investia sobre
a crise dos sentimentos. Conquanto se revelasse um
arguto analista da sociedade de seu tempo, havia
sempre alguma coisa nas narrativas do cineasta Arcand
que impunha uma barreira, caracterizando sua visão
de mundo aqui e ali como superficial e transitória.
Esta
barreira despenca em As invasões bárbaras,
talvez o melhor trabalho de Arcand e seguramente
um marco na história do cinema. Tido como
um prolongamento das inquietações de
O declínio do império americano, o
novo Arcand deposita seu olhar irônico sobre
algumas contradições do indivíduo
e da sociedade contemporâneos. Dotando suas
personagens duma definição emocional
raras vezes vista num filme, Arcand acompanha a comovente
trajetória de um filho que se entrega denodadamente
a oferecer a seu velho pai, no leito final, o melhor
conforto para amenizar os sofrimentos no cabo da
vida. Aí, na caracterização
do pai e do filho, Arcand é maravilhoso em
pescar os aspectos contraditórios das condutas
humanas. O pai, um socialista hedonista, que amou
acima de tudo a si mesmo amando várias mulheres,
foi um egoísta tão pouco socializante,
contrastando com as intenções de sua
geração de mudar o mundo para o benefício
do maior número de pessoas. O filho, um capitalista,
um criador do mercado austero e impessoal, com seu
exterior de jovem protestante, um “jansenista
da era do dinheiro”, oferece silenciosamente
um amor inusitadamente religioso a seu pai. Perguntado
pela enfermeira religiosa se ele, pai, visitava seu
pai nos hospitais quando este estava doente, o velho
homem alegou distâncias, esquecendo-se (observação
impiedosa da enfermeira católica) que seu
filho estava ali vindo de mais longe; esta seta jogada
na contradição dum indivíduo
aprofunda sarcasticamente em cada minuto do filme
o fosso surgido entre uma ideologia bem-intencionada
e a prática dos sentimentos pelos seres humanos.
Cheio de instantes de emoção, As
invasões
bárbaras está no seu pico quando o
pai abraça seu filho desejando-lhe que tenha
um filho tão bom quanto ele, filho. Os vídeos
da filha viajante do moribundo, mostrados num laptop
do filho, ela uma garota plena de amor à vida,
revela uma criatura tão hedonista quanto seu
pai; mas é emocionante vê-la dizer que
o primeiro homem na vida de uma garota é seu
próprio pai e afirmar, corroída pela
distância, que vai sentir a falta dele por
toda a vida.
Se
O declínio do império americano fazia uma breve referência ao nascente problema
da AIDS, As invasões bárbaras alude
passageira mas marcantemente aos atentados terroristas
de setembro de 2001: a chegada dos bárbaros à metrópole,
truculentamente como não poderia deixar de
ser. Mas a referência histórica já não é tão
brejeira e superficial como em O declínio.
No apogeu de seu estilo de filmar, Arcand atinge
pontos que o equiparam ao francês Eric Rohmer
na capacidade de dar profundidade ao trivial. E pode-se
evocar o suíço Alain Tanner, para lembrar
que As invasões bárbaras pode ser tão
bom quanto Jonas que terá vinte e cinco anos
no ano 2000 (1976) no apanhado apocalíptico
de um tempo histórico. (Eron Fagundes) |
Extras
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Elenco: textos com as biografias e filmografias de
Rémy Girard (2 páginas), Stéphane
Rousseau (2), Dorothée Berryman (1), Marie-Josée
Croze (2), Dominique Michel (1), Louise Portal (1),
Yves Jacques (1) e Pierre Curzi (1). Além
de ser apenas um texto, são extremamente simplificados
e incompletos.
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Diretor: texto um pouco melhor que os anteriores,
com 4 páginas sobre Arcand.
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Entrevista com Denys Arcand: decepcionante entrevista,
apenas com 8 páginas de textos.
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Produtores: idem, com 2 páginas
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Trailer
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Outros Títulos: trailers de “A Experiência”, “O
Clube do Imperador” e “Irreversível”.
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Críticas
ao DVD
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Um
filmaço, que compensa a fraca edição
em DVD. Está em “tela cheia”,
ou seja, não respeitando o formato original
de cinema, “cortando” os filmes nas laterais.
O áudio, apesar de bom, está apenas
em 2 canais, embora haja a sempre desejável
dublagem em Português. Não é ideal
para quem tem um home-theater, mas vale para o grande
público que não tem estes recursos.
Os
menus (apenas o primeiro é “animado”)
são fracos, idem com relação
aos extras, decepcionantes.
Este é um DVD que deveria ter um tratamento
melhor, devido a grandeza do filme. Mas não
deixe de assistir, mesmo assim, pois trata-se de
um dos grandes filmes de 2003 e, talvez, de todos
os tempos.
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Menus
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Resenha
publicada em 14/05/2004 |
Por
Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale
(DVD)
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Seu
comentário
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