JONNY QUEST - 1ª TEMPORADA (Jonny Quest – The Complete First Season)

 

Com Tim Mathieson, Don Messick, John Stephenson, Mike Road, Danny Bravo

 

Diretor

Duração

Produção

William Hanna, Joseph Barbera

659 minutos

1964/1965, EUA

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Animação, Aventura, Ficção Científica, TV

Warner

20/09/2004

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Inglês (DD 1.0), Português (DD 1.0), Japonês (DD 1.0)
Inglês, Português, Japonês
Sinopse

Na série acompanhamos as aventuras do garoto de 12 anos Jonathan (Jonny) Quest, filho do famoso cientista e consultor do governo norte-americano, Dr. Benton Quest. Juntamente com seu amigo, o menino indiano Hadji, o guarda-costas do serviço secreto Roger “Race” Bannon, e o cãozinho buldogue Bandit, Jonny viaja ao redor do mundo enfrentando vilões de países inimigos (o mais memorável foi o Dr. Zin, um asiático que apareceu em quatro episódios), nativos hostis, monstros e animais ameaçadores.

Comentários

Nos EUA, a maior parte dos desenhos animados da TV aberta são exibidos aos sábados pela manhã – horário em que, provavelmente, a gurizada está liberada de seus afazeres escolares. Contudo, algumas animações de apelo também junto aos adultos ganham espaço à noite, no Prime Time (o Horário Nobre deles). Como exemplo mais recente temos Os Simpsons, porém décadas atrás algumas séries de animação também se consagraram nesta faixa horária. A produtora Hanna-Barbera foi pioneira, nos anos 60, ao produzir desenhos animados para o Prime Time, iniciando com Os Flintstones, que inovou ao fugir do formato de desenhos curtos de dez minutos, apresentando histórias completas com meia hora de duração. A produtora realizou em seguida Os Jetsons e Manda-Chuva, que apesar de não repetirem o sucesso de Os Flintstones, ajudaram a estabelecer a presença de desenhos animados no Horário Nobre. Todas estas produções, contudo, não fugiam às características consagradas até então no gênero: eram protagonizadas por bichos falantes ou, no máximo, por humanos caricaturais, com ênfase no humor e na fantasia.

Mas em 1964 o mundo estava mergulhado na Guerra Fria, e nas telas de cinema o espião James Bond fazia enorme sucesso combatendo vilões a serviço dos inimigos da democracia e do capitalismo. Fatalmente, aventuras do gênero acabariam chegando à TV, e naquele ano a Hanna-Barbera decidiu inovar mais uma vez, lançando no Prime Time a primeira grande série de aventuras em desenho animado: Jonny Quest. O programa estreou na emissora ABC no dia 18 de setembro de 1964, e a partir desta data foram exibidos todos os 26 episódios que fazem parte deste box-set. Apesar da animação simples, o desenho tinha um visual atraente, típico de uma história em quadrinhos. Os personagens eram desenhados e se comportavam de forma mais realista, à exceção de Bandit, que seguia a tradição dos animais da Hanna-Barbera (apesar de não falar), e era o personagem cômico do grupo. O responsável pelo visual único (e inédito para a época) foi o cartunista Doug Wildey, que desenvolveu o formato do programa e trouxe para a equipe de animação profissionais ligados aos quadrinhos. As tramas dos episódios também eram mais realistas, essencialmente voltadas para a aventura e com elementos de espionagem e ficção científica. O que não impedia que, eventualmente, o sobrenatural acabasse sendo o tema de alguns episódios.

De um modo geral, a série era escrita como se fosse interpretada por atores, o que a elevou a um patamar acima de suas congêneres da época. Outro destaque eram as invenções de Quest, como comunicadores e computadores portáteis, armas lasers, o jato que pousa e decola verticalmente, mochilas voadoras e outras “traquitanas”, muitas das quais hoje já são realidade. Ainda lembro bem da primeira vez que assisti a um episódio de Jonny Quest, isso lá por 1966. Há certas experiências que, na hora, você sabe que serão cruciais na sua vida, e acredite, por mais tolo que isso possa parecer – no momento em que terminou aquela introdução, onde ao som do memorável tema de Hoyt Curtin um garoto era perseguido por indígenas, soldados lutavam contra uma aranha-robô, uma múmia atacava, um pteranodonte gritava em desafio e, ao final, os Quest voavam a bordo de um jato futurista, eu soube que aquilo era o que eu mais queria assistir na TV e no cinema. Acredito que, naquele momento, nasceu minha paixão pelo gênero fantástico. Também ali, pela primeira vez, tive consciência da importância da trilha sonora para acompanhar a ação (impressão que as ótimas trilhas incidentais, que Curtin compôs para a série, só reforçou).

Após os 26 episódios da temporada 64/65, Jonny Quest retornou duas vezes à TV – a primeira em 1986, quando juntou-se ao grupo um homem de pedra chamado Petrônio (!). Esta segunda temporada, infelizmente, merece ser esquecida: as tramas dos episódios eram, para dizer mo mínimo, sofríveis, sendo a animação e o desenho dos personagens muito inferiores ao programa original. Melhor foi a série produzida em meados dos anos 90, com Jonny e Hadji adolescentes – porém, mesmo novamente agregando às histórias elementos mais sérios e tecnologias de ponta, o programa perdeu o charme e a originalidade que possuía.

Certamente que, para os padrões de hoje, a série envelheceu em determinados aspectos – algumas histórias, para a gurizada acostumada a animês muito mais violentos, parecerão ingênuas, e culturas e países estrangeiros são apresentados de forma estereotipada ou politicamente incorreta. Mas tudo isso é reflexo da época em que Jonny Quest foi produzida, e na maior parte do tempo a série, além de ser vibrante e divertida, mostra porque foi um marco no gênero. Portanto, os episódios destes DVDs representam o melhor de Jonny Quest, e realmente merecem ser considerados clássicos. Dentre eles alguns se destacam, como “O Mistério dos Homens Lagarto” (o episódio piloto, apresentando os personagens Jonny, Dr. Quest, Bandit e “Race” Bannon, que tentam impedir a destruição de um foguete tripulado), “A Maldição de Anúbis” (no Egito, um conhecido do Dr. Quest rouba uma relíquia religiosa, despertando uma múmia vingativa!), “O Robô Espião” (o Dr. Zin, utilizando-se de uma enorme aranha mecânica, tenta roubar um invento secreto do Dr. Quest), “Perigo Duplo” (conhecemos a namorada de Bannon, Jade, que identifica pelo beijo um impostor que se passa por ele), “O Monstro Invisível” (a equipe Quest enfrenta um monstro de energia invisível, criado acidentalmente, e os heróis utilizam pela primeira vez suas mochilas voadoras e o jato que pousa e decola verticalmente) e “Turu, O Terrível” (um velho utiliza um pteranodonte pré-histórico – Turu - para forçar indígenas do Amazonas a trabalhar em sua mina; o confronto entre Turu e os Quest, que usam mochilas voadoras e estão armados de bazuca, é antológico).

Extras

Apesar de não serem abundantes, os extras do quarto disco são bem interessantes, e todos possuem legendas em português:

- Arquivo de Jonny Quest: Curiosidades e trivialidades de "Perigo Duplo" – O episódio “Perigo Duplo” é reprisado neste disco, e durante sua exibição surgem na tela curiosidades e informações sobre a produção, personagens, roteiros etc.;

- Aventuras Animadas: um desenho chamado Jonny Quest – Documentário sobre vários aspectos da produção, no qual vários profissionais ligados aos quadrinhos e à animação falam sobre a influência que Jonny Quest teve sobre o público e em suas carreiras. Indiscutivelmente, é o melhor dos extras;

- Vídeo Manual de Jonny Quest – Através de cenas retiradas de vários episódios, este extra contém seções dedicadas a aspectos específicos da série, como personagens, locações, equipamentos e vilões;

- Comercial de P.F. Flyer Sneaker – Uma raridade, pelo menos para nós no Brasil: é um comercial, feito pela própria equipe da série, do tênis branco usado por Jonny em suas aventuras (ficamos sabendo que os felizardos compradores do tênis levavam, de brinde, um anel “multi-tarefas”!).

Críticas ao DVD

A embalagem do box-set é idêntica à das outras séries da Hanna-Barbera lançadas pela Warner. Há uma luva de cartolina preta, com uma face em plástico transparente, que envolve a parte que contém os discos, a relação de episódios e extras. Cada disco apresenta estampado um dos personagens principais, e os menus são estáticos. A impressão que tenho é que não foi feito um trabalho específico de restauração para estes DVDs, tendo sido utilizadas as mesmas masters dos laserdiscs lançados nos anos 90. Mesmo assim a qualidade da imagem é muito boa, considerando que estes desenhos possuem 40 anos de idade. Há disponíveis legendas em português, inglês e japonês.

O áudio em inglês é Dolby Digital 1.0 (mono), porém claro e com boa fidelidade. Também foram incluídas dublagens em japonês e português, igualmente mono. O áudio em português apresenta a clássica dublagem da AIC – São Paulo, que contava com a voz do hoje ator e diretor de produções da Globo, Denis Carvalho, como “Race” Bannon. Apesar de ser a opção de áudio que apresenta a pior qualidade, certamente ela dá um toque especial de nostalgia para quem se acostumou a assistir a série na TV. Muitos fãs norte-americanos ficaram indignados ao descobrir que alguns diálogos foram censurados no áudio em inglês. Em dois episódios, “Ao Soar dos Tambores” e “O Abominável Homem das Neves”, alguns insultos politicamente incorretos dirigidos, respectivamente, aos indígenas e a um vilão oriental, foram eliminados. Felizmente o áudio em português não foi alterado, e as divertidas versões nacionais dos insultos estão lá.

Menus
Resenha publicada em 03/10/2004
Por Jorge Saldanha

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