Apesar do final politicamente correto e moralista,
este ''O Júri'' é muito melhor do que
se podia esperar. Na verdade, mostra detalhes inéditos
de como é possível se manipular um
corpo de jurados (através da tecnologia e
do poder do dinheiro!) denunciando portanto o perigo
do sistema judicial norte-americano (e por extensão,
o nosso). Ajudado por seu famoso elenco, dirigido
de forma competente, é uma boa pedida, em
particular para quem gosta de filme de tribunal e
julgamento.
Sua
história de produção é meio
complicada. É baseada num livro do autor de
best-sellers do gênero, John Grisham (''O Cliente'',
''O Dossiê Pelicano''), mas houve um problema.
O livro, de 1990, conta uma história que aconteceria
com a indústria do tabaco (é um julgamento
onde se tentava incriminar a indústria do
fumo na morte de uma vítima que exige indenização,
abrindo um precedente jurídico), mas quando
estava pronto para ser rodado por Joel Schumacher,
houve uma decisão parecida que já tratava
do assunto, tirando a sua novidade. Houve também
''O Informante''/''The Insider'', que abordava o
tema.
Assim
ele foi adiado e adaptado, transpondo a ação
agora para a indústria de armas (o que acaba
sendo até mais atual, depois de Columbine
e fatos semelhantes). Ou seja, de Grisham ficou apenas
a idéia central do processo, da espionagem
e manipulação do júri. O resto é obra
dos roteiristas (um deles é Mathew Chapman,
marido de Denise Dumont).
O
filme mantém a ação de New
Orleans, já que é uma das poucas cidades
americanas com características próprias
(becos, bairro antigo, fama de corrupta). Sob as
ordens do diretor Gary Fleder (''Refém do
Silêncio'', ''Beijos que Matam''), o filme
mantém sempre o clima de tensão e suspense,
enquanto vamos tentando montar as peças do
quebra-cabeça.
A
figura central é John Cusack (sempre confiável),
que é indicado para ser jurado num caso de
um executivo casado (ponta não creditada de
Dylan McDermott. Aliás, o filme tem participações
pequenas de atores famosos como Jennifer Beals, Joanna
Going, Orlando Jones). Logo no começo, a gente
assiste o executivo sendo morto em seu próprio
escritório por um maluco. Sua mulher resolve
processar a firma que produz as armas e a venda sem
maior controle.
É esse
o caso que vai a julgamento com Dustin Hoffman, como
o advogado da acusação
(fazendo um personagem honesto e sincero, que com
relutância aceita a ajuda de um jovem advogado
especializado em júris, Jeremy Piven, que
acaba tendo pouco a fazer).
A
indústria de armas tem mais poder de fogo
e chama o maior especialista na manipulação
de jurados, figura de Gene Hackman (o filme é o
primeiro encontro nas telas de Gene e Dustin, que
foram colegas de quarto no começo das carreiras.
Fora as cenas do tribunal, eles só estão
juntos em uma cena longa no banheiro. Naturalmente,
Gene está estupendo sem medo de ser vilão,
Dustin menos gago e composto do que costume). Aí que
vem as revelações, mostrando como eles
não são apenas avaliados, mas também
espionados e vítimas de chantagem (todo mundo
tem um segredo e por isso é passível
de chantagem).
Mas
fora isso o filme tem ainda outra trama central,
já que Cusack esta de conchavo com uma namorada
(a inglesa Rachel Weiz), que faz chantagem também
com os dois lados, com a certeza de que ele será capaz
de manipular os resultados, levando o júri
pára onde quiser, o que é demonstrado
no transcorrer do filme. Haverá ainda outras
revelações e conseqüências
(bem intencionadas e atuais, mas não especialmente
convincentes, que apesar disso não chegam
a estragar o filme).
Como
thriller, o filme é de primeira linha,
sempre absorvente, curioso, também polêmico
e original. Vale assistir. (Rubens
Ewald Filho. Leia mais críticas de R.E.F. na seção
Clássicos)
Apesar
das aparências, O júri (Runaway
jury; 2003), de Gary Fleder, é um filme falso
e enganoso. Investindo contra a liberalidade do uso
de armas nos Estados Unidos (uma questão que,
após os atentados terroristas árabes
de 11 de setembro de 2001, se tornou premência
nacional) e a inevitável corrupção
da Justiça americana, o realizador Fleder
reuniu atores de expressão (os veteranos Dustin
Hoffman e Gene Hackman, o mais jovem John Cusack
e a bela e enigmática Rachel Weisz) para, à maneira
de uma certa Hollywood, desconversar sobre o perigoso
tema que aborda.
Feito
com as armas formais da indústria de filmar
ianque, O júri não
aborrece porque contém os ingredientes dentro
dos quais o público foi educado. Sem embargo
de apresentar alguma confusa ingenuidade ao expor
a infiltração dum jurado que, com o
auxílio externo de sua namorada, decide vender
o veredito do júri a um lado ou a outro (os
fabricantes de armas e a viúva de um dos assassinados
por um psicopata dentro dum escritório), O
júri não deixa de funcionar
como espetáculo. Mas o problema surge quando
o observador tem de adjetivar este espetáculo,
certamente falso e enganoso. (Eron Fagundes.
Leia mais críticas do Eron na sua coluna Cinemania)
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Fica muito difícil analisar, como sempre,
uma edição “pelada”, apenas
para a locação. Como se existissem
dois públicos: os que alugam os filmes e,
por isso, não têm o direito de assistir
aos extras e os que comprem, aí sim são
contemplados com algum material extra, passando de
um VHS melhorado para um verdadeiro produto em DVD.
Nós sempre discordamos destas condutas, muito
comum na Fox.
O
filme em si teve reações diferentes,
muita gente gostou, outros acharam apenas razoável,
Eu gostei. E, tecnicamente ao analisar apenas o filme,
já que não há mais nada nesta
versão, o DVD está correto, apesar
da dublagem nos idiomas Latinos estarem “apenas” em
2 canais. Ao menos houve o respeito em manter o formato
original de cinema, em wide, e otimizado para quem
tem TVs neste formato.
Não
posso dizer se a nova versão para
venda compensa, mas está programada para ser
lançada em breve. O filme em si, na minha
opinião, vale. Pelas informações da capa,
também. Mas faremos uma resenha em breve sobre esta
edição.
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