Com
Helmut Berger, Romy Schneider, Trevor Howard, Silvana Mangano,
Helmut Griem, Mark Burns, Gert Frobe, Umberto Orsini,
Nora Ricci
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247
minutos
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SOM & IMAGEM |
FILME |
EXTRAS & MENUS |
GERAL |
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Áudio
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Legendas
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Vídeo
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Região
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Italiano (DD 2.0), Alemão (DD 2.0)
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Português
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Sinopse
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"Depois do lançamento histórico
de O Leopardo, a Versátil
apresenta outra obra-prima do mestre Luchino Visconti: "Ludwig",
um épico deslumbrante sobre o lendário
Rei Louco da Baviera, que entrou para a
história
por construir os castelos mais lindos da Europa,
e como o mecenas do compositor Richard Wagner.
No elenco, grandes interpretações de
Helmut Berger e Romy Schneider.
Pela primeira vez, o filme é apresentado em
sua versão integral, restaurada no formato
Widescreen Anamórfico, com mais de quatro
horas de duração, com áudio
em italiano e alemão, segundo o desejo de
Visconti."
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Comentários
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Quando o espectador dá com as primeiras imagens
de Ludwig, a paixão de um rei (Ludwig; 1972),
compreende logo por que este afresco histórico
rodado pelo italiano Luchino Visconti é tão
longo e tem hoje cerca de quatro horas de duração,
isto é, algo mais extenso do que o filme lançado
nos cinemas na década de 70, com três
horas de projeção que assombrou alguns
observadores de então pela minuciosa lentidão
imposta pelo cineasta. Tudo é muito vagaroso
em cena: um olhar, um deslocamento do ator, uma articulação
do quadro cinematográfico como se fosse uma
tela pictórica, tudo vai aparecendo sem pressa
aos olhos do assistente. A lentidão no filme
de Visconti é uma lentidão imposta
por seu barroquismo de filmar, onde a exaltação
da cor e do cenário vai modulando um estilo
de encenação tão grandiloqüente
quanto plástico; seria absurdo, como fizeram
certos analistas diante das primeiras visões
de Ludwig, imaginar que o ritmo lento da narrativa
fosse uma inaptidão ou erro do realizador;
não se pode falar isto de um gênio como
Visconti: a contemplação cinematográfica
de Ludwig é elaboração formal
pura e os anos soterraram todas as reservas que se
faziam há trinta anos à beleza impressionante
deste filme. O ritmo lento construído por
Visconti, como quem quer capturar a personalidade
de um ser como o rei Ludwig da Baviera, difere muito
da lentidão fílmica de outro italiano,
Michelangelo Antonioni; os sombrios silêncios
e frases vagas de Antonioni são substituídos
em Visconti pelos gritos da cor e das peças
da ambientação tanto quanto pelos diálogos
espalhados de maneira definitiva ao longo da película.
Pela
mesma época em que Visconti se debruçava
sobre a figura histórica de Ludwig, o diretor
de cinema alemão Hans Jurgen Syberberg fazia
um Ludwig, réquiem para um rei virgem (1972),
que só passou em sessões especiais
no Brasil, promovidas pelo Instituto Goethe do Brasil.
O cinema experimental e extravagante de Syberberg
também se valia de fundos pictóricos
para expor a intimidade do nebuloso rei; mas a estaticidade
formal do alemão distanciava-se muito dos
exageros de imagens a que Visconti chegou como nunca
em sua carreira em Ludwig. Para acentuar a extravagância
de sua reconstituição de época
e caracterizar a deterioração íntima
do soberano louco da Baviera, Visconti arma em parte
seus planos como um pintor que pincelasse com a câmara;
e uma de suas referências fundamentais é o
paisagista alemão do século XIX Caspar
David Friedrich, cujas telas foram objeto de um documentário
de pintura feito em 1986 pelo alemão Peter
Schamoni. Como numa obra de Friedrich, em Visconti
a personagem afunda-se no plano geral do cenário,
perde-se por assim dizer na paisagem, metaforiza
a insignificância humana diante dos demais
elementos da natureza; os poucos primeiros planos
servem principalmente a revelar a decadência
mental e física de Ludwig (sua arcada dentária
destruída, seu olhar que se enlouquece a cada
passo da projeção), mas é a
cenografia (sempre umas construção
irreal e romantizada) que explode em todos os momentos
na tela.
O
colorido da fotografia de Armando Nannuzzi exulta
em Ludwig, evocando a exacerbação dos
quadros de Friedrich. Desde a cena inicial da coroação
do jovem rei de dezenove anos, Visconti vai sedimentando
seu gosto pela encenação barroca. E
o mundo de sonhos do reinado de Ludwig vai favorecer
a farta simbologia visual de que Visconti lança
mão com aguda sutileza. Mas é a partir
da metade do filme, com o recrudescimento das loucuras
de Ludwig e sua obsessão por edificar castelos,
que Visconti leva às últimas conseqüências
seu barroquismo: à medida que crescem a decadência
e a insanidade mental da personagem depura-se e refina-se
mais ainda tendência barroca de Visconti, aumentando-se
a exuberância dos cenários e da montagem
que a câmara faz de todos os ricos elementos
cinematográficos em cena.
O
curioso é que, mesmo que o estilo de filmar
de Visconti pretenda fazer submergir as personagens
no meio cinematográfico, o cineasta permite
ao ator alemão Helmut Berger seu desempenho
mais cheio de nuanças sob Visconti (Berger é um
ator essencialmente viscontiano) e não descarta
a riqueza de linhas da interpretação
de Romy Schneider na pele da imperatriz austríaca
Elizabeth, o amor irrealizado do rei que serve de
contraponto para o frustrado noivado com Sofie, a
irmã de Elizabeth, ambas primas do protagonista.
Sabe-se
que o que moveu Visconti a investigar cinematograficamente
o íntimo de Ludwig não foi propriamente
a necessidade histórica: a História
no filme é só um bordado. O que aproximou
Visconti de Ludwig foi uma identidade pessoal: aristocrata
e efeminado, o rei da Baviera serviu de espelho para
o próprio Visconti; mais ainda se aprofunda
a questão narcisista de Visconti ao utilizar
no papel de Ludwig Helmut Berger, com quem Visconti
viveu um caso tumultuado e destrutivo. Diferentemente
do distanciamento germânico de Syberberg, com
seus quadros frios e paralisados, o esteticismo peninsular
de Visconti se auto-retratava na vida de Ludwig.
Igualmente é de observar que a personagem
de Richard Wagner dá a Visconti a oportunidade
de reflexionar sobre as relações entre
a arte e o poder, tão precárias e oblíquas
naquele tempo quanto hoje.
Falei
da importância da pintura no processo
fílmico de Ludwig; mas não
se deve esquecer os contornos fundamentais da música,
especialmente da música de Wagner (com a inclusão
de uma composição inédita),
circulando o poder impositivo das imagens viscontianas,
tão autoritárias quanto as partituras
do compositor, cuja relação profunda
e enviesada com o nazismo alemão foi estudada
numa obra-prima de Syberberg, o documentário
Winifred Wagner (1975). Nestes aspectos,
surge uma associação intrínseca
entre
Os deuses malditos (1969) e Ludwig:
ambos fazem a roda em torno dos fantasmas que geraram
o nazismo,
tendo no centro desta roda o artista, Wagner ou Visconti.
De tudo o que se viu ao longo de Ludwig forma-se
o sentimento forte que emana deste filme impiedosamente
belo.
(Eron Fagundes)
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Extras
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DISCO 1:
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Biografia de Ludwig: bom texto informativo, dividido
em 13 telas.
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Galeria de Fotos & Imagens: nada menos que
46 imagens, entre fotos, pinturas e até artigos
de jornal e fotos de monumentos sobre o Rei.
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Os Castelos de Ludwig: extra dividido em:
-
Vídeo Sobre Ludwig e Seus Castelos: com
17 minutos, trecho do documentário “Baviera,
Seus Castelos, Sua História”, produzido na década de 80,
bem interessante sob o ponto de vista histórico, com má qualidade
de imagem. Dublado.
-
Visite a Baviera: rápido texto em duas páginas com informações
turísticas e dados sobre o “Centro de Turismo Alemão”,
em SP.
-
Neuschwanstein: Informações
com texto e fotos sobre o castelo mais famoso
de Ludwig, divididos em 76 telas.
-
Herrenchiemsee: no mesmo formato do extra anterior,
com 14 telas.
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Linderhof: idem, com 25 telas.
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Ludwig & Richard Wagner: mais um completo
extra dividido em:
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Depoimento de João Marcos Coelho: vídeo
onde crítico de música nos reporta
informações bem curiosas sobre a relação
de Ludwig e Wagner, com quase 7 minutos. Talvez uma
interpolação de imagem fosse
importante, para ilustrar o interessante depoimento.
-
Uma Amizade Polêmica: texto
dividido em 12 páginas, bem informativo.
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Biografia de Wagner: texto em 15 telas.
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Galeria: 27 telas com retratos, desenhos e imagens.
-
Atores e Personagens: um extra bem legal, diferente:
o retrato dos atores lado a lado com imagens dos
personagens históricos, doze no total.
DISCO 2
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Ludwig e a sua Restauração: documentário
intitulado “História do Filme e Sua
Restauração”, com 23 minutos,
com direção de Filiberto Scarpelli,
bastante completo, com muitas curiosidades, depoimentos,
imagens.
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Homenagem a Visconti: clipe com 3 minutos mostrando
fotos de bastidores.
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Entrevistas: com o Roteirista Enrico Medioli, o Figurinista
Piero Tosi, o Ator Umberto Orsini e o
Desenhista de Produção Mario Chiari.
Muitas curiosidades são reveladas em cada
uma das áreas abordadas.
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Apresentação de Luiz Carlos Merten: o crítico de cinema faz uma análise
do filme, seu contexto histórico, bem informativo,
com 7 minutos de duração.
-
A Trilogia Alemã: trecho com 8 minutos do
documentário “Luchino Visconti”,
de Carlo Lizziani, apresentado na íntegra
no DVD Rocco e Seus Irmãos, da mesma distribuidora,
sobre os filmes “Os Deuses Malditos”, “Morte
em Veneza” e “Ludwig”, todos da
chamada fase alemã de Visconti.
-
As Fontes Pictóricas de Ludwig: depoimento
do Crítico de Arte Antônio Gonçalves
Filho principalmente sobre a obra do Pintor Casper
Friederich que influenciou o Diretor Visconti, com
6 minutos. Há também uma “Galeria
de Quadros”, com 24 telas, com texto explicativo
e obras de Friederich e outros Pintores alemães.
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Sobre a Produção: dois textos bem
explicativos e complementares, um intitulado “As
Diferentes Versões”, em 6 telas, sobre
as diferentes durações do filme. O
outro, “Uma Palavra de Visconti”, um
excelente e raro material de divulgação
do filme, com alguns depoimentos e publicidades,
quando do lançamento do filme em 1973, no
Brasil, com 10 telas.
-
Vida e Obra de Visconti: texto bastante completo
sobre o Diretor, com sua Filmografia Completa, em
14 telas.
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Fortuna Crítica: trechos de 8 textos publicados
sobre o filme, em diversas épocas e veículos
de comunicação.
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Galeria de Fotos e Pôsteres: três galerias,
uma com cenas do filme (clipe de 4 minutos com fotos
de Mario Tursi), outra com 11 fotos de bastidores
e a terceira com 10 pôsteres diversos.
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O Elenco: biografias em texto de Helmut Berger, Romy
Schneider, Trevor Howard, Silvana Mangano e
Helmut Griem, com suas filmografias selecionadas.
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Críticas
ao DVD
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Uma obra-prima. Assim podemos definir este DVD, sob
todos os aspectos. O importante filme de Visconti
teve um tratamento à altura. Ótima
qualidade de imagem e som, respeitado o conteúdo,
ou seja, não há a necessidade de mais
canais de som (2 está ótimo), assim
como por se tratar de um filme especial, a não
inclusão de uma dublagem em Português
também não é obrigatória.
O filme foi bem dividido em 2 DVDs, para preservar
eventuais excessos de compressão. Os extras
são um show. Uma verdadeira aula de cinema,
arte e música, todos complementares e interessantes
para se aprofundar na obra de Visconti. Nota-se o
empenho da distribuidora para obter, além
do vasto material externo, produções
nacionais específicas para o DVD. Um DVD imperdível
para os estudantes de cinema e cinéfilos em
geral. Não é dirigido para o grande
público, acostumado apenas com Blockbusters,
mas não custa experimentar, um pouco de arte
sempre faz bem. Realmente uma Edição
Especial, esta sim podemos chamar de “Edição
de Colecionador”.
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Menus
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Resenha
publicada em
24/08/2005
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Por
Eron Fagundes (filme)
e Edinho Pasquale
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Seu comentário
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