MILAGRE EM MILÃO (Miracolo a Milano)

 

Com Emma Gramatica, Brunella Bovo, Francesco Golisano, Paolo Stoppa

 

Diretor

Duração

Produção

Vittorio De Sica

100 minutos

1950, Itália

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Clássico

Versátil

07/08/2003

Cotação:

Sinopse

Pela primeira vez no Brasil, Milagre em Milão é uma fábula inesquecível premiada com a Palma de Ouro de Melhor Filme no Festival de Cinema de Cannes. Uma mulher adota um bebê abandonado em sua horta. Depois de sua morte, o garoto é enviado para o orfanato. Ao completar 18 anos, Totó (Francesco Golisano) vai para Milão, onde passa a morar num terreno ocupado por miseráveis, mudando a vida de todos com sua bondade. Após descobrirem petróleo, os moradores são ameaçados pelo proprietário, que manda a polícia desocupar o local. Quando tudo parece perdido, Totó recebe uma ajuda dos céus, começando a fazer muitos milagres. Milagre em Milão marca o apogeu da parceria do roteirista Cesare Zavattini e o cineasta Vittorio de Sica, que juntos fizeram Ladrões de Bicicleta, Umberto D, Vítimas da Tormenta, entre outros clássicos do neo-realismo italiano.

Comentários Sobre o Filme

MILAGRE NO CINEMA - Um velha solitária apanha um bebê (que deixaram a chorar) entre os legumes de sua horta. Este bebê cresce. Ainda em sua infância, a velha que o cria morre; pelas ruas encharcadas de Milão, ele acompanha, solitário, o enterro; num determinado momento, um ladrão que foge da polícia junta-se a ele, chorando, mas, passado o perigo e afastados seus perseguidores, desliga-se do menino, com brusquidão. Colocado num orfanato, o garoto sai dali já adolescente; e empreende uma busca vital junto aos desprotegidos da sorte numa Itália capitalista e ainda carcomida pela guerra. É neste busca ingênua e apaixonante que se empenha Vittorio de Sica para transformar Milagre em Milão (Miracolo in Milano; 1950) num dos mais impressionantes espetáculos da história do cinema; a sensibilidade de De Sica para compor imagens cinematográficas, devidamente apreciadas em Vítimas da tormenta (1946) e Ladrões de bicicletas (1948) é levada a seu grau mais exultante nesta crônica da comunidade pobre de Milão.

As fitas neo-realistas de De Sica traduziam sempre uma atmosfera sentimental; eram pequenas histórias da banalidade cotidiana que tanto poderiam servir aos escapistas melodramas da época, como ao desejo de Cesare Zavattini (roteirista) de tornar o cinema algo “útil ao homem”. O que diferencia De Sica dos autores melodramáticos é esta capacidade de utilizar o trivial com senso de realismo; no caso de Milagre em Milão o inusitado é ainda mais assombroso, porque o toque de irrealidade e magia previsto no roteiro de Zavattini adquire um clima de fábula que em nenhum descaracteriza os pressupostos neo-realistas da construção formal de De Sica.

Tudo é filmado com uma naturalidade e uma espontaneidade soberbas. Os rostos do povo e seus gestos mais característicos são captados por uma câmara brilhante, com alguns enquadramentos que são verdadeiros achados plásticos. As nevascas, a ventania e a neblina que atordoam os pobres desalojados têm uma bela função de contraponto a esta história de amor à vida e ao sonho. Como os engraxates de Vitímas da tormenta e o filho do trabalhador de Ladrões de bicicletas, o protagonista de Milagre em Milão apresenta um bom coração, a despeito do sofrimento do meio em que vive; socorre um garota arrastada pelos ventos, salva um desolado suicida que queria jogar-se contra as rodas dum trem e logo é alçado à condição de líder da comunidade por seus dotes de bondade e por seu carisma.

Magia e realismo se misturam com perfeição na narrativa. As preocupações sociais do realizam topam uma realização artística admirável. Num dos filmes do norte-americano Woody Allen, não me lembra qual, a personagem de Allen altercava com seu interlocutor, acerca de Ladrões de bicicletas, que se deveria esquecer a questão social e deter-se na beleza fílmica contida nas cenas. No caso de um cineasta como De Sica, parece impossível estabelecer esta dicotomia; a questão social está incrustada na questão plástica. E Milagre em Milão o comprova sobejamente. (por Eron Fagundes)

Áudio
Legendas
Vídeo
Região

IItaliano (DD 2.0)
Português

(Formato Original do Cinema: 1.37:1)
Extras

- Cenas da Estréia: uma rara reportagem quando da estréia do filme em Roma (nos moldes do nosso saudoso "Canal 100"). Para cionéfilos, maravilhoso, pois é muito difícil encontrar documentos históricos fora dos padrões de Hollywood. E com direito ainda a um depoimento simpático de De Sica! Aprox 2:30 min.

- Trailer Original de Cinema: outro exemplo de "quem procura, acha!": trailer com quase 5 minutos. Mais um presente para nós.*-

- Vida e Obra de Vittorio de Sica: 9 páginas de texto mostrando a biografia e filmografia completa do diretor.

- O Neo-Realismo: 37 páginas contendo uma excelente fonte de informação sobre este período do cinema italiano, com um ótimo texto e imagens de época. Conclui com uma filmografia básica sobre o movimento. (por Edinho Pasquale)

Críticas ao DVD

A imagem, restaurada, apesar de não perfeita, está ótima. Idem com relação ao áudio. Menus estáticos, sem problemas. Embalagem informativa, sem erros. Os extras: com gostinho de "quero mais"!

Aqui cabe um aparte: é notória a nova postura da distribuidora Versátil nos últimos tempos, resgatando filmes de altíssima qualidade ceinematográfica, buscando extras como os deste DVD e melhorando consideravelmente seu padrão de qualidade e profissionalismo. Defeitos sempre existem, mas não posso negar o crescimento da qualidade desta distribuidora.

Se você ama o cinema e quer conhecer uma das principais obras de uma escola cinematográfica, o neo-realismo, com qualidade, não perca este DVD. Pode não ser um primor comparado a um DVD onde grandes estúdios investiram bilhões de dólares mas, para quem realmente ama a sétima arte não pode deixar de ao menos conhecer este produto. (Edinho Pasquale)

Menus
Resenha publicada em 06/10/2003
Por Eron Fagundes e Edinho Pasquale

 



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