NASCIDO PARA MATAR (Full Metal Jacket)

 

Com: Com: Matthew Modine, Adam Baldwin, Vicent D’Onofrio, Lee Armey, Dorian Harewood, Arliss Howard, Kevyn Major Howard.

 

Diretor

Duração

Produção

Stanley Kubrick

116 minutos

1987. EUA.

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

guerra

WARNER HOME VIDEO

setembro/2001

Cotação:

Sinopse

Um fantástico elenco foi convocado para estrelar a brilhante saga de Stanley Kubrick sobre a Guerra do Vietnam e o processo desumano que transforma homens em assassinos treinados. Joker (Matthew Modine), Animal Mother (Adam Baldwin), Gomer (Vincent D´Onofrio), Eightball (Dorian Harewood), Cowboy (Arliss Howard) e muitos outros são jogados em um campo de treinamento, onde enfrentam D.I. (Lee Ermey), um sargento linha dura que os considera menos que vermes.
Com ação de tirar o fôlego, uma história dramática, diálogos cáusticos, humor corrosivo e o treinamento rigoroso ao pesadelo do combate em Hue City, fazem de Nascido Para Matar um marco do cinema.

Comentários Sobre o Filme
(por Eron Fagundes)

PACOTE - NASCIDO PARA MATAR (Full Metal Jacket)O ESPETÁCULO REFLEXIVO SEGUNDO KUBRICK – Se realizadores como o francês Robert Bresson, o italiano Michelangelo Antonioni e o sueco Ingmar Bergman fazem um exacerbado cinema reflexivo à custa da ausência do espetáculo, o norte-americano Stanley Kubrick (assim como o italiano Federico Fellini) insere sua revolução cerebral-visual no miolo do senso do espetáculo fílmico. Parece-me que este é o nervo do pensamento do crítico brasileiro José Lino Grünewald quando se debruçou sobre o filme-marco 2001, uma odisséia no espaço (1968), de Kubrick: “Kubrick fez do espetáculo não só um suporte (como os suportes dos signos), mas uma indução ao ato de reflexão – em última instância, do conhecimento (a arte ou a criação em geral insere uma modalidade de conhecimento).” Diante disto, afigura-se precária e ultrapassada aquela idéia da ensaísta norte-americana Pauline Kael de que 2001 é um milionário filme de amador.

Tomo o gancho de José Lino para expor como funciona a noção de espetáculo em Nascido para matar (Full metal jacket; 1987), revisto em dvd quinze anos depois daquela visão deslumbrada do verão porto-alegrense de 1988. Nos primeiros quarenta e cinco minutos o habitual sarcasmo de Kubrick (que esteve no mais belo filme de guerra já feito, Glória feita de sangue, 1958, e na terrível obra de antecipação Laranja mecânica, 1971, de maneira particularmente elaborada e estilizada) transborda; com muita ironia e precisão a narrativa acompanha a forma grotesca com que os garotos americanos são treinados para a guerra, o sargento durão que implica com o gordo de sorriso boboca é o centro da tensão que vai explodir na seqüência de sangue que conclui os primeiros quarenta e cinco minutos do filme. Nascido para matar se propõe como uma obra de tese: o ser humano não é originalmente violento, não é isto ou aquilo, é uma página em branco que se transforma naquilo para o qual o educamos. E a sociedade americana (veja-se o recente Tiros em Columbine, 2002, de Michael Moore) é educada para a violência e para a guerra. Como eles detêm o poder econômico e cultural, nesta onda embarca o mundo todo. Embora se apresente como uma fita de teoria, Nascido para matar nunca é pesado ou estático em sua elaboração de imagens, ainda que Kubrick não abdique de seu cerebralismo; isto se dá porque o cineasta, como bem observava José Lino há quase quarenta anos, faz do espetáculo não somente um suporte mas também uma indução ao ato de reflexão.

Passados os quarenta e cinco minutos que expõem a tese de Nascido para matar (a guerra é uma educação, e não uma necessidade, do indivíduo), caímos no cenário vietnamita, uma prostituta oriental rebola pelas ruas, logo veremos bombas, tiroteios, prédios em destroços, a câmara rastejante acompanhando os pés dos soldados. Houve quem dissesse que Kubrick chegou tarde e seu filme vietnamita tinha um jeito de já visto. Ilusão crítica: na verdade nenhum filme anterior sobre a guerra do Vietnã foi tão contundente e estilisticamente tão provocante, ressalvado o caso de que Apocalypse now (1979), de Francis Ford Coppola, tem ambientação mas não propriamente uma temática vietnamita.
A mesma acusação de já visto pesou sobre O pianista (2002), de Roman Polansky. Trata-se duma miopia cinematográfica: vêem a superfície temática e não logram compreender a habilidade formal dum cineasta (Kubrick ou Polansky) para dar profundidade a assuntos exaustivamente repetidos. Assim, Nascido para matar se coloca como uma das realizações emblemáticas do cinema dos anos 80.

Áudio
Legendas
Vídeo
Região

inglês e francês (Dolby Surround 5.1)
Português, Inglês, Espanhol e Francês
Extras

Trailer de cinema (não legendado)

Críticas ao DVD

Dentro da “Coleção Stanley Kubrick” da Warner, dito ‘digitalmente restaurado e remasterizado’, por certo temos em mãos um DVD com uma imagem e áudio de excelente qualidade. Da mesma forma que saiu com 2001: Uma Odisséia no Espaço, foi lançado nos EUA um pacote limitado para colecionador (material reproduzido), mas que não prejudica a nossa versão. A ausência de outros extras e de uma dublagem em português acaba não agradando a todos este DVD.

Resenha publicada em 24/07/2003
Por Marcelo Hugo da Rocha   

 



Seu comentário
 

Nome:

Autorizo a publicação.
  Email: Não autorizo.