Um filme que, aparentemente, é bem clichê. O que isto pode significar? Que já vimos algo parecido antes. Com as mesmas situações. Então é mais um filme para se ver numa tarde chuvosa? Não necessariamente. Se analisarmos por outros pontos-de-vista, é um filme que pode agradar ao público mais sensível, que não se preocupa muito com a mesmice do dia-a-dia.

Costner está bastante honesto na interpretação de quase uma auto-mini-biografia: a grande estrela que acaba se segurando pela fama. Olhando por este lado e pela sensibilidade dos demais personagens, o filme se torna bem realista e invocativo. O que nos leva a tomar decisões importantes, levados por sentimentos até levianos? Até que ponto somos culpados por não termos alternativas de vida, honestas e sinceras? Apesar da mão quase pesada do Diretor Mike Binder (praticamente estreiante na função) e do ritmo quase lento do roteiro, até previsível pelos mais sensíveis, o filme acaba agradando. Os atores seguram a trama.

Temas cotidianos esperam em cada canto do filme, sempre lembrados pelos detalhes das relações familiares, conjugais e até de uma sociedade inteira, dependerá sempre das relações internas de cada um. Há a reviravolta final, menos importante pelo até esperado, e sim por trazer à tona uma pergunta? De que vale a “Raiva”? Ela atrapalha a nossa vida ou temos que usá-la como desculpa?

Ora!, um filme que chega a incomodar a este ponto não deixa de ser, pelo menos, uma boa pedida. Pelo menos para os mais maduros.

Especulou-se muito sobre uma edição dupla que viesse o filme “jogado fora” e dirigido por Paul Schrader como bônus. Não saiu nem aqui nem nos EUA. Mas lá saiu com opção em DTS! A qualidade de imagem e áudio é irrepreensível. Porém, os extras são fracos. O pior é a falta de lengedas em português nos comentários em áudio (só em chinês!). Será que teremos uma edição especial? Por fim, o menu principal é um dos mais bonitos e aterrorizantes que já vi.

Nem tudo é perfeito. Pelo menos no que se refere à Imagem Filmes. Quando se tem um bom filme, mais “pacato”, o áudio está corretamente em 5.1 canais, mas a imagem em formato standart. Em outros inúmeros exemplos, nem isso, ou seja, imagem e áudio apenas para os mais convencionais. Em outros, filme menos importante tem as características de grandes produções. Não há lógica. O que importa, neste caso, é á ótima qualidade da imagem, em que pese o corte nas laterais pela adaptação ao formato convencional de TV, excluindo os que podem usufruir da tecnologia wide. Como uma “compensação”, o áudio em 5.1 canais está muito bem distribuído, com relevância importante para algumas cenas nos canais traseiros, principalmente pelo apoio da boa trilha sonora. Os menus são bem simpáticos, os extras triviais. Como de hábito, não são os mesmos da “New Line Home Entertainment”, dos EUA. Aqui são separados, disponíveis de outra forma. O que poderia ser um ótimo making of, como o da edição americana, com 30 minutos, aqui se resume à entrevistas com o elenco e equipe técnica. Não há ainda as cenas excluídas, “trocadas por uma pífia galeria de fotos. Mais um interessante e informativo extra que fiou de fora, embora menos popular, é o comentário em áudio do Diretor. Para os fãs de cinema e estudiosos, uma pena. Resta para os mais interessados trailers legendados. “Resumo da Ópera”: num filme interessante, para se assistir sem compromisso, ou até para os que tem alguma forma diferente de encarar uma ao diversão, alugue, compre este DVD. Mesmo que com falhas. Uma boa estórias é sempre bem indicada. Na pior das hipóteses, alugue e reencontre Kevin Costner.