A Paixão de Joana D'Arc (La Passion de Jeanne D'arc)

 

Com: Falconetti, Antonin Artaud e Michel Simon.

 

Diretor

Duração

Produção

Carl T. Dreyer

82 minutos

 

1928, França

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Clássico

Continental Home Video

03/07/2000

Cotação:

Sinopse

Joana de Domrémy, uma mulher do povo,na França de 1431, que luta heroicamente contra a ocupação do seu país, é presa, torturada e queimada sob a acusação de blasfêmia. Transposto ao cinema por vários cineastas, Mélies, De Mille, Fleming, Uciky, Bresson, Rosslini e por último a versão Luc Besson, ainda assim a Joana D'Arc de Dreyer contínua como a mais espetacular e sensível versão. Dreyer usou a essência do cinema, a imagem, para mostrar a tragédia humana em grandes closes. Cinema em estado puro...

Comentários Sobre o Filme

A Paixão de Joana D'arc é um clássico singular na história do cinema. Em quase sua totalidade o filme consiste em faces, ou seja, em closes extremados dos rostos dos atores. Como o filme procura retratar a alma humana, nada mais apropriado do que rostos que expressam o ser interior. Os cenários, os vestuários e demais valores da produção são extremamente simples para não distrair a atenção do público da meta de Dreyer em retratar os sentimentos humanos.

A interpretação de Faconetti, a jovem atriz de teatro que faz o papel de Joana, é considerado como um dos melhores, senão o melhor trabalho já realizado na frente das câmeras. É simplesmente magistral. Alegria, tristeza, agonia, esperança, medo e tantas outras emoções humanas são perfeitamente caracterizadas por Falconetti apenas por expressões de seu rosto. O fato desse ter sido a única incursão da atriz no cinema colabora em tornar única a sua atuação, sem comparações e, por infortúnio da atriz, a ligando eternamente ao papel de Joana D'arc.

O lado humano de Joana é confrontado com o lado desumano dos juízes que a julgam. Velhos, autoritários, ameaçadores, dogmáticos, cujo intuito é subjugar Joana, os juízes representam a inflexibilidade da Igreja diante a ameaça que ela representa aos seus interesses.

Nenhum ator do filme foi submetido a maquiagem, pois Dreyer entendia que sua aplicação poderia ocultar, ou até mesmo desvirtuar, a verdadeira face dos atores. Como conseqüência, o realismo do filme é impressionante.

Para dar maior autenticidade do filme, a maioria dos textos nos intertítulos do filme, mais precisamente os que aparecem durante o julgamento, foram extraídos dos manuscritos originais do julgamento de Joana.

Durante mais de 70 anos "A Paixão de Joana D'arc" foi um dos clássicos mais conhecidos, porém raramente visto, na história do cinema. Rodado em 1928, os negativos originais foram destruídos em um incêndio. O diretor Dreyer, para reconstruir o filme, utilizou takes alternativos e criou uma nova edição. Não era tão boa como a original, mesmo porque os takes alternativos não representam as melhores cenas que foram para a edição original. Por força do destino essa nova edição também foi perdida em outro incêndio. Nos anos 60, vários takes alternativos sobreviventes que não foram usados por Dreyer na segunda edição, foram reeditados por várias distribuidoras resultando em edições de péssima qualidade, feitas sem a supervisão de Dreyer, e que em quase nada refletiam o filme original. Só para citar como exemplo, uma dessas edições "piratas" foi colorizada e dublada com vozes de outros atores. Imaginem um filme mudo com inserção de vozes mal sincronizadas. O resultado foi atroz.

Milagrosamente, no começo dos anos 90 foi encontrada uma cópia do negativo da edição original de 1928 em um hospício na Dinamarca. Essa película estava em ótimo estado, mas precisava de uma restauração para melhor conservação. No final dos anos 90 a restauração foi concluída e o filme passou a ser exibido em amostras de cinema.

Agora, finalmente, A Paixão de Joana D'arc está disponível em DVD para que novas gerações possam conhecer esse clássico absoluto do cinema mudo.

Dreyer, quando da exibição do filme em 1928, não queria que a projeção fosse feita com música ao vivo (normalmente piano), pois a música poderia distrair a atenção do público e o silêncio era a melhor forma de apreciar o lado humano da obra. Entretanto, o DVD apresenta uma trilha sonora chamada "Voices of Light", composta por Richard Einhorn em homenagem ao filme e não, originariamente, para o filme. Contudo, as músicas se mesclam com perfeição às imagens e o resultado é uma fantástica trilha sonora. Para os puristas, nada impede que se assista o filme sem som. Curioso notar que assistir com a música ou sem ela torna um tanto diferente a experiência, pois o silêncio, muitas vezes, funciona melhor nas cenas que exaltam o sofrimento humano vivido por Joana.

Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Mudo, com trilha musical (DD 2.0 estéreo)
Subtítulos em francês. Com legendas em português, inglês e espanhol.
Extras

Os extras são simples, consistindo em notas sobre o diretor Carl Theodor Dreyer e notas sobre o diretor de fotografia Rudolph Maté.

Para quem deseja se aprofundar na história da produção desse filme recomenda-se comprar a excelente edição americana lançada pela Criterion Collection. Essa edição possui imagem superior, trilha sonora em Dolby Digital 5.1, comentários de áudio por estudiosos do filme, comparações com as versões piratas e documentários. Por ser da Criterion já é um DVD caro até mesmo para o padrão americano.

Críticas ao DVD

O filme é apresentando em tela-cheia, seu formato original, na proporção aproximada de 1.37:1. Embora a Continental tenha utilizado um master analógico para a autoração desse DVD (que resulta em noise, interferências e outras anomalias), a imagem é muito boa, com bom contraste, nitidez e resolução. O filme foi transferido na velocidade original de 24q/s (quadros por segundo), o que proporciona maior realismo na movimentação dos atores. Na década de 20 os filmes eram rodados a 16, 18 ou 20q/s. A velocidade de 24q/s era raramente utilizada, mas acabou se tornando a velocidade padrão quando do advento dos filmes sonoros no final dos anos 20.

A trilha sonora "Voices of Light" é apresentada em estéreo, com ótimo alcance e freqüência. Preferível que estivesse em Dolby Digital 5.1, como a edição da Criterion, mas não deixa de ser bem satisfatório em estéreo.

Os extras se resumem a textos, mas são bem informativos e interessantes.

O filme é imperdível, considerado raro até uns 3 anos atrás, inédito em VHS e um item indispensável na coleção de qualquer cinéfilo.

Por  Luiz Felipe do Vale Tavares

 



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