PASOLINI: A TRILOGIA DA VIDA

 

Com Franco Citti, Ninetto Davolli, M. Gabriella Frankell, Gerhard Exel, Wolfgang Hillinger, Vincenzo Amato, Jovan Jovanovic, Giuseppe Zigana, Hugh Griffith, Josephine Chaplin, Alan Webb, Jenny Runacre, John Francis Lane, Athol Coats, Tom Baker, Oscar Fochetti, Robin Asouth, Ines Pellegini, Tessa Bouche, Franco Merli, Margaret Clementi, Jocelyn Munchenbach, Alberto Argentin

 

Diretor

Duração

Produção

ERIC

351 minutos

1971, 1972, 1974, Itália

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Drama, Comédia, Clássico

PlayArte/MGM

31/08/2004

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Italiano (DD 2.0), Inglês (DD 2.0)
Inglês, Português
Sinopse

Pier Paolo Pasolini nasceu em Bolonha, Itália, em 1922. Estudou arte e literatura na universidade e seguiu para Roma. Sua estréia no cinema foi como roteirista de filmes de Federico Fellini, Francesco Rosi e Mauro Bologinni, entre outros. Seu primeiro filme como diretor foi “Accatonne” de 1961, mas o reconhecimento internacional só veio em 1964 com “O Evangelho Segundo São Mateus”.

Poeta, cineasta e acima de tudo um polemista, Pasolini era um crítico da Itália do pós-guerra, uma Itália burguesa e consumista que livrara-se de Mussolini, mas tendia a retornar ao fascismo. O uso do erotismo, da violência e depravação foi constante em sua obra, um meio de expressar sua visão da religião e da problemática social, motivo de conflitos com a Igreja Católica e perseguições políticas.

Com “Decameron” (1971), “Os Contos de Canterbury” (1973) e “As Mil e Uma Noites” (1974), conhecidos como “A Trilogia da Vida”, Pasolini exalta o sexo e o corpo humano como forma de protesto contra o neo-moralismo e um meio de resgatar o simple, primitivo e, nas sua visão atéia do mundo, o mítico, sagrado.

Comentários

Decaneron (Il Decameron)

Decameron é baseado no livro de mesmo nome escrito pelo escritor italiano Giovanni Boccacio (1313/1375) entre os anos de 1349 e 1351 . O livro trás uma coleção de cem textos, contos, anetodas, novelas e lendas que mostram com uma fidelidade muito grande a realidade daquela época. Para o filme Pasolini escolheu nove contos que apesar de não serem interligados entre si acabam formando uma narrativa interessante.

Começa com as desventuras de um jovem de família rica que é roubado e acaba envolvido numa profanação de sepultura, depois segue passando por um convento nada ortodoxo onde freiras são ajudadas por um jovem mudo, uma esposa adúltera e muito esperta, um pecador moribundo que consegue ser enterrado como se fosse um Santo, um casal de amantes jovens descobrindo o amor e o desdobramento hilário dessa situação, uma triste história de amor interrompida por um crime e a absurda situação do homem que quer que sua esposa seja transformada numa égua para ajudá-lo nos trabalhos no campo. Ligando a narrativa temos um artista que pinta um grande afresco numa parede de uma catefral mostrando o céu dos puros e o inferno dos pecadores.

O filme é permeado de cenas de nus frontais tanto masculinos quanto femininos, mas, de maneira geral, elas estão inseridos no contexto das histórias e depois de um estranhamento inicial acabam sendo bem naturais, de todos os filmes da Trilogia da Vida Decameron é o que pode ser considerado mais acessível ao público. O filme ganhou o prêmio Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional de Filme de Berlin de 1971.

Os Contos de Canterbury (I Racconti di Canterbury)

Segundo filme da trilogia, Os Contos de Canterbury foram baseados nas história de Geofrey Chaucer, escritas no século XIV e de cunho erótico/obsceno. É um filme muito mais ousado do que o Decameron, sexualmente é mais agressivo e gráfico e suas histórias mais perversas, mesmo assim consegue manter um clima bem humorado durante grande parte do tempo, é uma contradição interessante e devia ser esse mesmo o objetivo do Pasolini, ao fazer o público se divertir com algo normalmente considerado cruel ele forçava uma reflexão de valores e uma discussão muito interessante.

Filmado na Inglaterra e falado em inglês o filme trás um elenco mesclando italianos e ingleses, o próprio Pier Paolo participa do filme e todo o clima medieval é retratado de uma maneira muito fiél e interessante, sem os rebuscamentos que encontramos normalmente em filmes que se passam nesse período, isso acaba dando uma autenticidade muito grande às cenas.

Uma cena que choca e ao mesmo tempo prende nossa atenção é a do inferno criado para esse filme, uma representação única e que dificilmente seria refeita nos dias de hoje. O filme ganhou o Urso de Ouro no Festival de Filmes de Berlin de 1972.

As Mil e Uma Noites (Il Fiore de Mille e Una Notte)

Visualmente As Mil e Uma Noites é o filme mais bonito da trilogia, com imagens surpreendentes e mágicas fillmadas no Iêmen, Pérsia e Nepal, todos esses cenários surpreendentes ajudam a compor as quinze histórias narradas no filme. Tudo começa quando um jovem, Mur-el-Din, é escolhido por uma bela e muito espirituosa escrava, Zurrumud, para ser seu dono, os dois se apaixonam de imediato, mas logo ela é roubada dele. Esperta ela consegue se libertar e foge para o deserto, nesse meio tempo seu amado vaga por diversas cidades procurando pela sua amada Zumurrud.

Pararelamente à história desses jovens amantes temos também outras narrações que envolvem sempre paixão, romance, amor e sexo. De todos os filmes esse é o mais contemplativo e cheio de lirismo, é também o mais longo dos filmes da trilogia com 130 minutos de duração. Não à toa o filme ganhou o Grande Prêmio do Jurí do Festival de Cannes de 1974.

Curiosidades

Esses filmes, assim como grande parte de filmografia do Pier Paolo Pasolini não estiveram disponíveis em vídeo durante vários anos e esses filmes acabaram se tornando ítens raros para os cinéfilos em geral. No ano de 2002 foram exibidos na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, num total de vinte e quatro filmes diferentes dirigidos pelo Pasolini.

A versão exibida de As Mil e Uma Noites exibida na Mostra Interncaional de Cinema de São Paulo 2002 trouxe cenas inéditas do filme, acrescentando histórias novas às quinze já existentes e aumentando o tempo de duração do filme em vinte minutos.

Pier Paolo Pasolini foi assassinado no ano de 1975 pouco depois de terminar de filmar “Saló – Os 120 Dias de Sodoma”, um dos filmes mais polêmicos da história do cinema. As verdadeiras razões de sua morte nunca foram completamente esclarecidas, mesmo com a condenação de um jovem que confessou o crime à época, seus amigos mais próximos, entre eles o também diretor Bernardo Bertolucci, sempre acreditaram que Pasolini foi vítima de um crime político, em função das polêmicas e provocações que criou na Itália.

Extras

Não há nenhum extra nos filmes além dos trailers originais.

Críticas ao DVD

As imagens de todos os filmes foi restaurada, apesar disso é notável a mudança na qualidade da imagem de uma história para outra em alguns momentos, mas nada que tire o prazer de ver os filmes. O som também está bom, ainda mais se levarmos em conta que a mixagem original dos filmes é em mono, os diálogos podem ser bem ouvidos, assim como as músicas.

Uma crítica em relação aos discos é que em todos eles os filmes só foram divididos em oito capítulos, cada um com em média vinte minutos, dada a duração dos filmes e a estrutura de várias histórias curtas, ficou realmente muito ruim escolher alguma cena em especial, o ideal seria que cada conto fosse considerado como um capítulo.

Os menus contém uma animação discreta e são corretos. Ter finalmente os filmes da Trilogia da Vida disponíveis em vídeo é um prazer para os fãs do Pasolini e para o público e geral vale a pena dar uma conferida num trabalho único, muito interessante e que realmente foge dos padrões normais do cinema.

Além do pack com os três filmes eles também podem ser encontrados sendo vendidos individualmente.

Resenha publicada em 28/09/2004
Por Adriano Tomino

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