O PODEROSO CHEFÃO DVD COLLECTION - 30 ANOS (The Godfather Collection)

 

Com Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Robert Duvall, Diane Keaton, Talia Shire, Robert DeNiro, Lee Strasberg, Andy Garcia, Sofia Coppola

 

Diretor

Duração

Produção

Francis Ford Coppola

175/200/170 minutos

1972/1974/1990, EUA

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Policial, Drama

Paramount

20/11/2002

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Inglês (DD 5.1)
Inglês, Português e Espanhol

Sinopse

O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola (1972), é, indiscutivelmente, uma das obras-primas do cinema americano e ponto alto na carreira de Marlon Brando, que desempenha o papel principal. Baseado no best-seller de Mario Puzo, o elenco de O Poderoso Chefão - verdadeiro fenômeno cultural que ultrapassou US$ 100 milhões de arrecadação - inclui Al Pacino como Michael Corleone, James Caan como Sonny Corleone, Robert Duvall como Tom Hagen, John Cazale como Fredo Corleone, Talia Shire como Connie Corleone e Diane Keaton como Kay Adams.

Continuando a saga da família Corleone, O Poderoso Chefão 2 (1974) é estrelado por Robert DeNiro como o jovem Vito Corleone, que cresce na Sicília e parte para Nova York no início de 1900, um contraste com a vida madura do filho Michael (Pacino) nos anos 50.

No último filme, O Poderoso Chefão 3 (1990), são retratados o envelhecimento de Don Michael Corleone (Pacino) e a busca pela legitimação dos interesses da família, com a ajuda do sobrinho Vincent Mancini (Andy Garcia) e uma aliança com o Vaticano. Esse filme também destaca a participação de George Hamilton como o advogado B.J. Harrison, Bridget Fonda como um repórter, Sofia Coppola como Mary Corleone e Don Novello como Dominic Abbandando.

Comentários Sobre o Filme

PODEROSO CHEFÃO I: O PRIMEIRO “CHEFÃO” DE COPPOLAO poderoso Chefão I (The Godfather; 1972) foi o primeiro filme do norte-americano Francis Ford Coppola que despertou o interesse do público e da crítica. Do que ele realizou antes, pouco se conhece hoje em dia: raridades de museu de um cinema ianque morto e enterrado. O primeiro “Chefão” destacou a ambição cinematográfica de Coppola, que conceberia produções extravagantemente luxuosas e caras como Apocalypse now (1979) e O fundo do coração (1982), o que conduziria sua produtora à falência; O poderoso Chefão I ainda não tem toda aquela grandiloqüência visual dos dois filmes aludidos, mas já envereda por certas pretensões de linguagem em que um barroquismo hollywoodiano é buscado –um pouco como se o italiano Federico Fellini (não esquecer que: 1 – Coppola é ítalo-americano; 2 – a ambientação do filme se dá entre descendentes peninsulares; 3 – a música do filme é assinada por Nino Rota, habitual colaborador das realizações de Fellini) fosse pasteurizado em Hollywood.

É bem isto: apesar de suas belezas narrativas, O poderoso Chefão I não tem muita originalidade e pasteuriza aquele tipo de cinema coletivo que Fellini passou a fazer a partir de A doce vida (1960).

Sim: Coppola, em anos mais recentes, parece ter perdido sua personalidade de autor cinematográfico, colocando na tela filmes que poderiam ser dirigidos por qualquer artesão “sem assinatura”. E O poderoso Chefão I, embora bastante inferior a uma obra-prima como A conversação (1974; realizada no mesmo ano do segundo “Chefão”), não deixa de adotar certas seduções de linguagem características de Coppola. Uma reunião de composição de acordo entre chefões nova-iorquinos visando a estancar o jorrar de sangue familiar começa com interessantes panorâmicas entrecruzadas em fragmentos (a câmara se mexe lateralmente, corte, ainda a câmara se mexe lateralmente, novo corte para outro ponto de vista, e assim durante alguns segundos, até que se instale a narrativa habitual de planos fixos e rápidos).

O casamento da filha de Corleone, na abertura do filme, vai observando com certo engenho as personagens que logo desencadearão os dramas sangrentos da narrativa. O sintagma de seqüências alternadas de que Coppola se vale para opor um batizado a cenas em que os adversários são eliminados pelos homens do jovem Corleone até juntar os dois grupos de seqüências (o das cenas do batizado e o das cenas de mortes) quando o mafioso vai ao encontro de seu cunhado (um traidor da família) para ludibriá-lo e eliminá-lo: eis o ponto de maior brilho formal de O poderoso Chefão I. Além do casamento e do batizado, o funeral do Chefão é outra visão social de Coppola em sua fita.

Contando com atores do calibre de Marlon Brando (recriado em voz e maquiagem surpreendentes), James Caan ou Al Pacino, Coppola faz de seu primeiro “Chefão” algo ainda hoje bom de ver e de ouvir, embora a anos-luz dos grandes filmes dos anos 70, categoria a que o realizador chegou com os citados A conversação e Apocalypse now.

O PODEROSO CHEFÃO II: SEGUE A SAGA DOS CORLEONE - Parece incrível, mas os exagerados duzentos minutos de O poderoso Chefão II (The Godfather part II; 1974), do realizador norte-americano Francis Ford Coppola, padece de buracos narrativos que o impedem de tornar-se um bom espetáculo. Necessitaria Coppola de mais duzentos minutos para esclarecer suas personagens? Ou teriam os três filmes de serem reunidos num só para que a saga dos Corleone adquirisse o sentido de visão da América criminosa que Coppola pretendia expor na tela? Assim como está, a segunda parte do Chefão se perde na excelência dos recursos cinematográficos do cineasta; as cenas parecem valer por si mesmas, abstrata e formalmente, carecendo de profundidade temática.

Enfim, Al Pacino, novamente na pele de Michael Corleone, é um ator soberbo e contracena com uma atriz exuberante, Diane Keaton, na época mulher do cineasta Woody Allen; se o filme se ressente de dispersão dramática, a cena mais vigorosa é aquela em que Diane e Al brigam, ele lhe dá um tapa e a inevitável separação do casal acontece. Neste segundo Chefão aparece Robert de Niro como um Corleone bastardo da Sicília; De Niro está longe do brilho de Pacino, será sempre um maneirista da interpretação; e a função de sua personagem no filme é superficial e mal explicada, as relações familiares da criatura de De Niro (a família é a base da narrativa, não esquecer) não aparecem e tudo flutua de maneira confusa entre uma imagem e outra.

As seqüências de tribunais, em que submetem Michael Corleone a um julgamento que virará farsa e hipocrisia, são enfadonhas e convencionais, apesar de um certo rigor formal de que Coppola reveste os enquadramentos e as interpretações. A face final pensativa de Pacino, depois de mandar executar o assassinato de seu irmão, parece anunciar a terceira parte da trilogia, que só viria muitos anos depois, novamente em face da falência financeira de Coppola: os chefões sempre lhe renderam mais que mortes fictícias; dinheiro certo.

O PODEROSO CHEFÃO III: UM ATOR COM UM FILME NAS COSTAS – É o americano Al Pacino e sua imensa criatividade como ator quem segura a possível força narrativa de O poderoso Chefão Parte III (The Godfather Part III; 1990), a terceira e até agora derradeira parte da saga cinematográfica da família ítalo-americana Corleone rodada pelo cineasta (igualmente ítalo-americano, como o próprio ator Pacino) Francis Ford Coppola. Inevitavelmente os truques de Coppola se repetem e a seiva fílmica se esvai nesta parte final, mesmo que a seqüência da ópera ao cabo do filme, culminando com a morte da filha do mafioso, adquira uma inusitada proporção emocional graças ao vigor dos gestos interpretativos de Pacino.

É neste filme que a filha do diretor, Sofia Coppola, então com dezenove anos, vai pela primeira vez entrar em contato direto com o mundo do cinema: ela vive a filha do mafioso interpretado por Pacino. Ao vê-la envolver-se sentimentalmente com o primo Vincenzo, o pai embarga o romance em função da vida criminosa escolhida pelo primo; ironicamente ela vai ser assassinada por ser filha de quem é. Aqui também Coppola alude polemicamente às relações da Igreja com o crime organizado, sugerindo que a morte inesperada e mal explicada de João Paulo I, sucessor de Paulo VI, foi criminosa. Outro dado curioso é que o desempenho de Sofia foi considerado anêmico e inexpressivo pela crítica da época, decretando o afastamento da filhinha do Papai das telas; só em anos mais recentes, porém não como atriz e sim como diretora, Sofia venceria o recalque e enfrentaria seus ferinos analistas de outrora.

Num balanço geral, a trilogia de O poderoso Chefão não traz nada de verdadeiramente novo para o cinema. As influências do italiano Federico Fellini e do inglês Alfred Hitchcock são visíveis; mas não é aí seu problema, que está na inevitável superficialidade com que Hollywood examina certos questões complicadas. Mesmo assim, não deixa de ser uma referência importante na carreira de Coppola. (por Eron Fagundes)

Extras

Esta coleção tem duas versões, uma com um baralho comemorativo e uma sem o brinde, ambas com 5 DVDs (o segundo filme é duplo e o 5º está recheado de extras). Depois de feita esta resenha, foi lançada uma "versão light", sem o disco de extras.

- Opção de Comentário de audio do diretor Francis Ford Cappola em todos os filmes, com legendas.

DISCO 5

BASTIDORES

- Making Of: documentário com aprox. 73 minutos, bastante rico em imagens de bastidores, onde o foco central é o trabalho de direção de Coppola. Há muitas cenas de testes com os atores mostrando várias curiosidades, como o fato do estúdio não querer inicialmente que Al Pacine fosse escalado, testes com atores que acabaram não entrando no filme, como Martin Sheen. Coppola fala ainda sobre a violência do filme, a utilização da sua família na equipe (Talia Shire é sua irmã, o pai Carmine é co-autor da trilha, a filha Sophia trabalha no 1º - ainda bebê - e 3 º - com 19 anos - filmes, a mulher é produtora), a relutância inicial em fazer o terceiro filme, as cenas de leituras de roteiro, hábito constante de Coppola. Um belo material.

- As Locações: o designer de produção Dean Tavoularis volta à Região Leste de Nova York para mostrar a locação original de O Poderoso Chefão. Com quase 7 minutos de duração, são mostradas cenas de bastidores da montagem dos cenários numa rua de Nova York. Ficou marcado o fato de que não foram utilizados cenários e sim locação real.

- As Anotações de Francis Coppola: uma amostra do processo de criação de Coppola, do livro para a tela. Uma bela aula sobre roteiro, pois Coppola dá exemplos muito legais sobre as primeiras iompressões de quando ele leu o livro de Mario Puzzo e como ele contruiu o que ele mesmo chama de “Mapa de Direção”. Mais curiosidades são reveladas. 10 minutos e 10 segundos.

- A Música de O Poderoso Chefão: dividido entre os dois compositores: Nino Rotta (onde é mostrado o áudio de uma performance do compositor ao piano, gravada em fita cassete em 1972, numa reunião em Roma com Coppola, com imagens de arquivo e cenas do filme (5:30 min); Carmino Coppola, em um depoimento dado pelo maestro numa pausa nas gravações da terceira parte, em 1990. Coppola presta uma bela homenagem ao pai (3:15 min).
- Coppola e Puzo Falam Sobre o Roteiro: a colaboração do diretor e do romancista ao adaptar o livro para a tela, como foi o trabalho em conjunto. Depoimentos interessantes, num documentário com cerca de 8 minutos, com cenas históricas de reuniões entre ambos.

- Gordon Willis Fala Sobre a Cinematografia: apresentado pelo diretor de fotografia Gordon Willis, com alguns detalhes e curiosidades. 3:45 min.

- Storyboards – O Poderoso Chefão Parte II: 24 desenhos.

- Storyboards – O Poderoso Chefão Parte III: clipe de 3 cenas em desenho, com narração do roteiro.

- Os Bastidores de O Poderoso Chefão 1971: destaque para a história original, com raras imagens de época, com depoimentos de alguns atores (é interessante contrapor os depoimentos de 1971 e os do documentário de 1991). Quase 9 minutos.

OS CINEASTAS

Textos com uma pequena biografia de Francis Ford Coppola, Mário Puzo (escritor do romance), Gordon Willis (diretor de fotografia), Dean Tavolaris (desenhista de produção), Nino Rota (compositor), Carmine Coppola (compositor).

CENAS ADICIONAIS

Várias cenas, divididas numa linha do tempo da saga da família Corleone: 1901-17 (5 cenas), 1917-27 (4), 1945 (10), 1947 (4), 1948-55 (3), 1958 (4), 1958-79 (4).

ÁRVORE GENEALÓGICA

Biografia dos personagens da família Corleone, com biografia dos atores que os interpretam. Bela idéia. Há aqui extras escondidos.

GALERIAS

- Vigaristas: fotos de 10 vilões dos filmes

- Galeria de Fotos: 105 fotos de cenas do filme, personagens, cenas de bastidores (algumas hilárias, como a de Coppola tocando tuba), todas com legendas.

- Trailers: originais da Parte I (3:39 min), Parte II (4:10 min) e Parte III (4:25 min) - Não legendados.

- Reconhecimento: cenas da entrega do Oscar® de Melhor Roteiro (2:25 min, apresentado por Jack Lemmon) e Melhor Filme (1:47 min, apresentado por Clint Eastwood) de 1972; de Melhor Diretor (1:50 min, apresentado por Goldie Hown) e de Melhor Filme (1 minuto, apresentado por Warren Beatty) de 1974 pela Parte II. Há ainda uma lista de indicações e de outros prêmios concedidos à trilogia. Finaliza com uma interessante cena de uma abertura gravada por Coppola em 1974, quando da exibição da primeira parte na TV Americana, onde ele explica que reeditou o filme para que pudesse ser transmitido na TV por causa das cenas de violência e um "alerta": "nem todos os italianos são assim"(!).

Críticas ao DVD

Um belíismo box, com excelente qualidade técnica. Os filmes estão todos em widescreen, mantendo o formato original do cinema. O áudio, apenas em inglês (seria interessante uma dublagem em português, embora a interpretação dos atores, especialmente de Brando, é uma marca registrada), remasterizados em 5.1 canais.

Os menus são estáticos, mas de acordo com os filmes. Os extras são um belo exemplo, praticamente todos legendados (exceto os trailers), com um excelente material de arquivo e bem completos. Alguns podem reclamar que há um exagero nas aparições e considerações feitas por Coppola, mas ele é quem é o verdadeiro “poderoso chefão” destes filmes.

Embalagem luxuosa, resistente e graficamente interessante, todos os filmes com um encarte informando a divisão de capítulos, em caixas individuais (1 pra cada filme e outra para o material extra). O baralho também é "bacana".

Uma coleção que vale a pena ter em casa, item de colecionador (com ou sem o baralho...).

Menus
Resenha publicada em 19/11/2003
Por Eron Fagundes e Edinho Pasquale

Seu comentário
 

Nome:

Autorizo a publicação.
  Email: Não autorizo.