A REGRA DO JOGO (La Regle Du Jeu)

 

Com Nora Gregor, Jean Renoir, Marcel Dalio, Roland Toutain, Paulette Dubost, Gaston Modot, Pierre Magnier, Léon Larive, Jenny Hélia, Mila Parély, Pierre Nay, Anne Mayen

 

Diretor

Duração

Produção

Jean Renoir

110 minutos

1939, França

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Clássico, Drama

Versátil

17/09/2003

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Francês (DD 2.0)
Português


(FORMATO ORIGINAL)

Sinopse

Nas últimas décadas, A Regra do Jogo sempre tem sido escolhido como um dos 10 melhores filmes da história em todas as listas da crítica internacional. Agora, pela primeira vez no Brasil, o filme é apresentado em versão restaurada e remasterizada. França, final dos anos 30. Um jovem aviador comete gafe ao falar publicamente do seu caso com a esposa do Marquês de La Chesnaye. Para evitar escândalo maior, o refinado aristocrata convida várias pessoas, incluindo o piloto, para uma caça de final de semana em sua casa de campo. O evento torna-se sombrio quando um dos convidados é assassinado. Em tom de farsa, o mestre Jean Renoir (A Grande Ilusão) revela as "regras do jogo" da sociedade francesa, focando a luta de classes entre aristocratas e empregados. Recentemente, o cineasta Robert Altman homenageou a obra de Renoir, com o remake disfarçado Assassinato em Gosford Park. Assista A Regra do Jogo e descubra porque esta obra-prima magistral é um marco do cinema mundial.

Comentários Sobre o Filme

Na seqüência inicial de A regra do jogo (La régle du jeu; 1939), de Jean Renoir, uma radialista narra a chegada dum famoso aviador a Paris. Irritado, ele surpreende a todos (que esperavam palavras sobre sua façanha aviatória) quando se diz decepcionado, falando da ausência da mulher que ama (uma burguesa casada) à recepção no aeroporto. Um seu amigo queixa-se da infantilidade do aviador: é um homem capaz de atravessar o Oceano Atlântico, mas perde-se em suas miudezas particulares.

Cuido que a cena de abertura de certa maneira ilumina a ideologia do filme. Como poucos, Renoir nos mostra as relações entre o privado e o público na vida dos indivíduos. É o cinismo e a hipocrisia que permitem que o privado não enxovalhe o público, e a vida humana siga adiante com razoável saúde; a excessiva sinceridade do aviador, um homem público, no início do filme, é um episódio raro, que perturba um pouco a regra do jogo.

Em A regra do jogo a mestria da direção de Jean Renoir atinge seu ápice. O roteiro múltiplo, capaz de encenar em ritmo vertiginoso uma série de tramas amorosas paralelas, tem na decupagem de Renoir um equilíbrio cinematográfico extraordinário. A câmara de Renoir adota um comportamento livre, movimenta-se com especial leveza para ligar os pedaços narrativos; a montagem flui em grande rigor e plasticidade.

Diretor preciso de seus atores, Renoir interpreta a personagem de Octave, um parasita social que transita entre as classes dos patrões e dos empregados e que serve de fio condutor da consciência do filme. Como intérprete, Renoir é tão desenvolto e inventivo quanto como diretor. A visão que o cineasta Renoir tem dos descaminhos da sociedade francesa de entre-duas-guerras topa na criatura de Octave (Renoir-intérprete) seu símbolo mais divertido e perverso.

Extraindo elementos da comédia popular francesa (enredos sentimentais misturados a pancadarias entre homens rivais que disputam mulheres), Renoir conduz A regra do jogo a uma análise distanciada e impiedosa da convivência entre as classes sociais. Os elementos populares nunca renderam ao filme sucesso de público, porque na verdade eles estão subvertidos no jogo estilístico. É a mão de Renoir que transforma as tolices ditas pelas personagens numa visão cinematográfica crítica.

O jogo de equívocos (Octave escapa de morrer e em seu lugar morre seu amigo aviador –o que remete a uma obra-prima de Renoir realizada em 1934, Toni, em que uma personagem ingênua igualmente morre por uma mulher no lugar duma personagem cínica) e o humor sutil de Jean Renoir influíram decisivamente na linguagem do cinema contemporâneo. Mesmo obras tão diversas quanto Sorrisos de uma noite de verão (1955), do sueco Ingmar Bergman, e Tudo bem (1977), do brasileiro Arnaldo Jabor, pagam tributo ao filme de Renoir.

O aviador, que no início da fita é festejado mas está insatisfeito, termina o filme assassinado. Em sua morte Renoir centraliza as ironias sociais. Na face hipocritamente compungida de Octave a câmara de Renoir alumia o lado escuro da sociedade.

(Eron Fagundes)

Extras

- Vida e obra de Jean Renoir: bom texto com 16 páginas mostrando a biografia do Diretor, com sua Filmografia completa

- O Realismo Poético Francês: ótimo texto com 37 páginas entremeadas por pôsteres de filmes que ilustram o tema.

- Galeria: contendo 6 pôsteres e 2 fotos do filme.

Críticas ao DVD

Tecnicamente acima da média para filmes europeus desta época, embora na digitalização há um pequeno excesso de granulação, mas nada que incomode. O áudio, original, está bom, com um ou outro chiado, mas que também não incomoda. O formato de tela é o mesmo dos lançados nos cinemas da época, em Preto e Branco. Como de costume nestes lançamentos da distribuidora, não há a dublagem em Português. Aos que preferem, gosto não se discute. Aos que necessitam, uma pena.

Os menus estáticos são composições do Pôster original, de bom gosto. Os extras, se resumem à bons textos, o que para muitos é muito pouco, mas confesso desconhecer se há algum outro matéria disponível e com alguma qualidade para ser colocado nestes DVD. De qualquer forma, os textos são interessantes e há ainda uma pequena coleção de pôsteres.

Uma obra-prima do cinema Francês, item de colecionador, pelo menos no que tange a obra cinematográfica em si, já que o próprio DVD está bem razoável e não compromete. Vale a pena para quem quer saber sobre o que é o verdadeiro cinema, numa de suas principais vertentes.

Menus
Resenha publicada em 26/03/2004
Por Eron Fagundes (filme)
e Edinho Pasquale (DVD)


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