Com
Nora Gregor, Jean Renoir, Marcel Dalio, Roland Toutain,
Paulette Dubost, Gaston Modot, Pierre Magnier, Léon
Larive, Jenny Hélia, Mila Parély, Pierre
Nay, Anne Mayen
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110 minutos
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SOM & IMAGEM |
FILME |
EXTRAS & MENUS |
GERAL |
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Áudio
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Legendas
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Vídeo
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Região
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Francês (DD 2.0)
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Português
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(FORMATO
ORIGINAL)
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Sinopse
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Nas últimas
décadas, A Regra do Jogo sempre tem sido escolhido
como um dos 10 melhores filmes da história
em todas as listas da crítica internacional.
Agora, pela primeira vez no Brasil, o filme é apresentado
em versão restaurada e remasterizada. França,
final dos anos 30. Um jovem aviador comete gafe ao
falar publicamente do seu caso com a esposa do Marquês
de La Chesnaye. Para evitar escândalo maior,
o refinado aristocrata convida várias pessoas,
incluindo o piloto, para uma caça de final
de semana em sua casa de campo. O evento torna-se
sombrio quando um dos convidados é assassinado.
Em tom de farsa, o mestre Jean Renoir (A Grande Ilusão)
revela as "regras do jogo" da sociedade
francesa, focando a luta de classes entre aristocratas
e empregados. Recentemente, o cineasta Robert Altman
homenageou a obra de Renoir, com o remake disfarçado
Assassinato em Gosford Park. Assista A Regra do Jogo
e descubra porque esta obra-prima magistral é um
marco do cinema mundial.
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Comentários
Sobre o Filme
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Na
seqüência inicial de A regra do
jogo (La régle du jeu; 1939), de
Jean Renoir, uma radialista narra a chegada dum famoso
aviador a Paris. Irritado, ele surpreende a todos
(que esperavam palavras sobre sua façanha
aviatória) quando se diz decepcionado, falando
da ausência da mulher que ama (uma burguesa
casada) à recepção no aeroporto.
Um seu amigo queixa-se da infantilidade do aviador: é um
homem capaz de atravessar o Oceano Atlântico,
mas perde-se em suas miudezas particulares.
Cuido
que a cena de abertura de certa maneira ilumina a
ideologia do filme. Como poucos, Renoir nos mostra
as relações entre o privado e o público
na vida dos indivíduos. É o cinismo
e a hipocrisia que permitem que o privado não
enxovalhe o público, e a vida humana siga
adiante com razoável saúde; a excessiva
sinceridade do aviador, um homem público,
no início do filme, é um episódio
raro, que perturba um pouco a regra do jogo.
Em A
regra do jogo a mestria da direção
de Jean Renoir atinge seu ápice. O roteiro
múltiplo, capaz de encenar em ritmo vertiginoso
uma série de tramas amorosas paralelas,
tem na decupagem de Renoir um equilíbrio
cinematográfico extraordinário. A
câmara de Renoir adota um comportamento livre,
movimenta-se com especial leveza para ligar os
pedaços narrativos; a montagem flui em grande
rigor e plasticidade.
Diretor
preciso de seus atores, Renoir interpreta a personagem
de Octave, um parasita social que transita entre
as classes dos patrões e dos empregados e
que serve de fio condutor da consciência do
filme. Como intérprete, Renoir é tão
desenvolto e inventivo quanto como diretor. A visão
que o cineasta Renoir tem dos descaminhos da sociedade
francesa de entre-duas-guerras topa na criatura de
Octave (Renoir-intérprete) seu símbolo
mais divertido e perverso.
Extraindo
elementos da comédia popular francesa (enredos
sentimentais misturados a pancadarias entre homens
rivais que disputam mulheres), Renoir conduz A
regra do jogo a uma análise distanciada
e impiedosa da convivência entre as classes
sociais. Os elementos populares nunca renderam ao
filme sucesso de público, porque na verdade
eles estão subvertidos no jogo estilístico. É a
mão de Renoir que transforma as tolices ditas
pelas personagens numa visão cinematográfica
crítica.
O
jogo de equívocos (Octave escapa de morrer
e em seu lugar morre seu amigo aviador –o que
remete a uma obra-prima de Renoir realizada em 1934, Toni,
em que uma personagem ingênua igualmente morre
por uma mulher no lugar duma personagem cínica)
e o humor sutil de Jean Renoir influíram decisivamente
na linguagem do cinema contemporâneo. Mesmo
obras tão diversas quanto Sorrisos
de uma noite de verão (1955), do
sueco Ingmar Bergman, e Tudo bem (1977),
do brasileiro Arnaldo Jabor, pagam tributo ao filme
de Renoir.
O
aviador, que no início da fita é festejado
mas está insatisfeito, termina o filme assassinado.
Em sua morte Renoir centraliza as ironias sociais.
Na face hipocritamente compungida de Octave a câmara
de Renoir alumia o lado escuro da sociedade.
(Eron
Fagundes)
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Extras
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-
Vida e obra de Jean Renoir: bom texto com 16 páginas
mostrando a biografia do Diretor, com sua Filmografia
completa
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O Realismo Poético Francês: ótimo
texto com 37 páginas entremeadas por pôsteres
de filmes que ilustram o tema.
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Galeria: contendo 6 pôsteres e 2 fotos do filme. |
Críticas
ao DVD
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Tecnicamente
acima da média para filmes europeus desta época,
embora na digitalização há um
pequeno excesso de granulação, mas
nada que incomode. O áudio, original, está bom,
com um ou outro chiado, mas que também não
incomoda. O formato de tela é o mesmo dos
lançados nos cinemas da época, em Preto
e Branco. Como de costume nestes lançamentos
da distribuidora, não há a dublagem
em Português. Aos que preferem, gosto não
se discute. Aos que necessitam, uma pena.
Os
menus estáticos são composições
do Pôster original, de bom gosto. Os extras,
se resumem à bons textos, o que para muitos é muito
pouco, mas confesso desconhecer se há algum
outro matéria disponível e com alguma
qualidade para ser colocado nestes DVD. De qualquer
forma, os textos são interessantes e há ainda
uma pequena coleção de pôsteres.
Uma
obra-prima do cinema Francês, item de colecionador,
pelo menos no que tange a obra cinematográfica
em si, já que o próprio DVD está bem
razoável e não compromete. Vale a pena
para quem quer saber sobre o que é o verdadeiro
cinema, numa de suas principais vertentes. |
Menus
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Resenha
publicada em 26/03/2004 |
Por
Eron Fagundes (filme)
e Edinho Pasquale (DVD)
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