ROMA CIDADE ABERTA (Roma, Città Aperta)

 

Com Anna Magnani, Aldo Fabrizi, Vito Annichiarico, Nando Bruno, Harry Feist, Giovanna Galletti, Francesco Grandjacquet, Maria Michi

 

Diretor

Duração

Produção

Roberto Rossellini

97 minutos

1945, Itália

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Clássico

Versátil

06/2003

Cotação:

Sinopse

Entre 1943 e 44, Roma, sob ocupação nazista, é declarada "cidade aberta", para evitar bombardeios aéreos. Nas ruas, comunistas e católicos deixam suas diferenças de lado para combater os alemães e as tropas fascistas.
Filmado logo após a libertação da Itália, em locações reais e com atores amadores, Roma, Cidade Aberta tornou-se o marco inicial do neo-realismo italiano, que mostrou ao mundo que era possível se fazer cinema mesmo sob as condições mais precárias. O filme é considerado um dos maiores da história do cinema pela crítica mundial.

Essa Edição de Colecionador traz o filme em versão restaurada e sem cortes, além de muitos extras, com destaque para o documentário inédito Roberto Rossellini (Roberto Rossellini, frammenti e battute/ITA/2001), de Carlo Lizzani, e para a filmografia ilustrada do cineasta, com mais de 200 fotos.

Roma, Cidade Aberta dá início à Coleção Rossellini, a ser completa por outras quatro obras-primas do mestre italiano - Alemanha, Ano Zero, Paisà, Stromboli e Romance na Itália.

Comentários Sobre o Filme

A verdade é que Roma, cidade aberta (Roma, città aperta; 1945) é o verdadeiro marco do neo-realismo italiano. Com este filme o cineasta Roberto Rossellini aproximou o cinema documentalmente das ruas para fazer, como escreveu o crítico brasileiro Paulo Emílio Salles Gomes, a crônica de nossa época. Fortemente marcado pela presença da II Guerra Mundial na Itália, a carreira cinematográfica de Rossellini está sob a égide do retrato do fascismo e a resistência a ele.

O cristão Rossellini observa alucinado o horror bélico, o que o homem fez do homem no século XX. A figura do padre é um dos pólos da ação; ele é uma testemunha-chave do inferno nazi-fascista e coloca-se claramente ao lado dos resistentes. Em Uma noite em Roma (1960) Rossellini refaz, de maneira diferente, sua obra de 1945.

A morte de Anna Magnani, alvejada por nazistas em Roma, cidade aberta, virou cena clássica. O menino que lhe corre atrás, gritando: “É minha mãe! É minha mãezinha!”, representa um pouco de todos nós. Ao morrer Anna Magnani, morre Roma. Dizia-se na época que Anna era a encarnação de Roma, referência reforçada pela homenagem que lhe faz Federico Fellini em Roma de Fellini (1971); por sinal, Fellini e Sergio Amidei são co-roteiristas em Roma, cidade aberta.

A presença das crianças e sua desestruturação com a guerra, que Rossellini aprofundaria em Alemanha, ano zero (1947) e Europa 51 (1952), dá sua cara aqui. É verdade: o oficial nazista é necessariamente caricatural. Mas a visão das torturas, enquanto o padre é interrogado, são bastante duras. Seu fuzilamento final coroa as intenções deste filme fundamental.

Em Meu último suspiro (1982), livro de memórias, o cineasta espanhol Luis Buñuel escreveu: “Detestei Roma, cidade aberta de Rossellini. O contraste fácil entre o padre torturado no cômodo vizinho e o oficial alemão que bebe champanhe com uma mulher em seu colo pareceu-me um procedimento repugnante.” Compreende-se: o ateu Buñuel não capta as fraquezas do cristão Rossellini. Curiosamente, em Nazarin (1958), uma das obras-primas de Buñuel, a figura do padre aproxima-se um pouco daquela pieguice cristã que o realizador espanhol tanto execra em Rossellini. (por Eron Fagundes)

Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Italiano (DD 2.0)
Português
Extras

- Documentário inédito sobre Rossellini: produzido em 2001, com um pouco mais de 1 hora de duração, traz informações muito interessantes e importantes sobre o cineasta, um dos mais importantes do "neo-realismo" italiano. Os temas são dequados (o filme está dividido em Créditos Iniciais, O Gênio Rossellini, A História, A Trilogia da Guerra, A Trilogia dos Sentimentos, O Cinema Americano e Religiosidade, podendo ser visto por inteiro ou selecionar o capítulo desejado). Ha cenas inéditas, imagens raras, depoimentos importantes. Um documentário obrigatório para se conhecer um pouco mais sobre cinema.

- Filmografia Ilustrada: toda a lista de filmes realizados pelo diretor, sendo que todas elas possuem ao menos 1 foto de cada filme. Muito bem realizado, parabéns.

- Biografias: de Rossellini, com 6 páginas de textos e de Anna Magnani, em 10 páginas onde constam também sua filmografia.

- Críticas: 6 páginas com frases de críticos brasileiros falando sobre o filme. Dispensáveis.

- Prêmios de Rossellini: 1 página de texto.

- O Neo-realismo: um ótimo texto, com fotros e pôesteres, localizando e informando sobre este tema. Para quem quer saber o que isso significa ou para quem quer ter mais informações, obrigatório. Escrito por Fernando Brito. (Edinho Pasquale)

Críticas ao DVD

Mais uma vez sou obrigado a reconhecer a nova fase da Versátil, que tem se especializado em filmes importantes como este. Se o filme não pôde ser remasterizado, vale a iniciativa. Pelo menos a imagem está boa, mantendo o formato original do cinema, o som mediano, em mono e com muitos ruidos.

Os menus são animados com cenas do filme, muito interessantes. Os extras, de bom tamanho, valem pelo documentário e pelo texto sobre o Neo-realismo.

Um DVD obrigatório para colecionadoes e fãs do cinema italiano. Vale a pena ainda para o público em geral ver que nem só de Hollywood o cinema foi feito. Há grandes filmes europeus (e de outras partes do mundo), basta abrir a mente e sentir a verdadeira concepção da arte do cinema. (Edinho Pasquale)

Este DVD foi gentilmente cedido pela Versátil.

Menus
Resenha publicada em 24/09/2003
Por Eron Fagundes e Edinho Pasquale

 



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