Com George Clooney, Jeremy Davies, Natascha McElhone, Viola Davis, Ulrich Tukur

O astro George Clooney nos brinda com uma excelente atuação neste filme "brilhante de ficção científica" (New York Daily News) assinado pelos ganhadores do Oscar Steven Sodenbergh (2001, Melhor Diretor, Traffic) e James Cameron (1997, Melhor Filme e Melhor Diretor, Titanic). A bordo de uma solitária estação espacial na órbita de um misterioso planeta, os tripulantes enfrentam um estranho e aterrorizante fenômeno que os faz visualizarem encarnações de fantasmas de seus passados. Quando o psicólogo Chris Kelvin (Clooney) chega para investigar os eventos, ele se vê frente a frente com um poder além da imaginação humana que poderia ser a chave para os maiores sonhos da humanidade...ou para nossos mais terríveis pesadelos

Para que serve uma crítica de cinema? Para recomendar um filme? Absolutamente: neste caso bastaria ao jornalista dizer ao público leitor que vá ver tal filme, porque é bem feito, tem bons atores, conta bem sua história, diverte ou faz chorar, coisas assim bastante estereotipadas e superficiais. Por que é que algumas pessoas escrevem sobre cinema? Por que especialmente eu decido por comentar filmes? A quem me dirijo, que diabo me move? Gosto muito de escrever e gosto de pensar que as pessoas que lêem sobre cinema (que está bastante longe de se tratar de todas as pessoas que vão ao cinema) têm uma curiosidade intelectual muito grande, mesmo que ignorem quem foi o italiano Michelangelo Antonioni e o russo Andrei Tarkovski possam ser estimuladas a indagar sobre eles ao lerem o título deste artigo que busca analisar o filme do norte-americano Steven Soderbergh chamado Solaris (2002).

Em 1972 o cineasta russo Tarkovski levou ao cinema uma primeira versão do romance escrito pelo polonês Stanislaw Lem. Era um filme tão lento quanto metafísico, e sua lentidão vinha muito de sua metafísica que exigia planos-seqüência cheios de absurdos movimentos de câmara; um dos pontos altos da realização de Tarkovski era sua pesquisa de cores, e um momento belíssimo de imagem era o superplano aéreo do final da narrativa em que o desgarrado protagonista voltava à terra.

Mas o filme de Soderbergh (que já realizou obras mais pessoais do que este pastiche) parece beber mais na lentidão existencial de Michelangelo Antonioni; as relações do casal e as discussões sobre a existência de Deus não são as mesmas elaboradas por Tarkovski, tudo se aproxima muito do cerebralismo específico de Antonioni, de quem Soderbergh se revelou um epígono em sua prestigiada filmografia anterior (o pouco visto O estranho, 1999, tem características antonianas). De qualquer maneira, o Solaris de Soderbergh é uma obra a considerar, a existência de um cérebro num planeta cinematográfico (o cinema americano habitual) tão desprovido do dito.

Voltando à vaca fria, uma crítica de cinema autêntica é um mergulho no passado visando ao futuro. (Eron Fagundes)

- Comentário em Áudio do Diretor (sem legendas)

- Especial da HBO: intitulado como “Por Dentro do Solaris”, se trata de um especial que é, na verdade, um making of com o conteúdo de sempre: entrevistas, cenas de bastidores etc. Mas até que é interessante e suficiente, com seus quase 13 minutos.

- Solaris - Por Trás do Planeta: este sim um verdadeiro making of, com cenas de bastidores, efeitos especiais e cenas interessantes, nos seus 17min40seg.

- Roteiro: apenas em inglês, mas interessante para quem gosta de saber sobre como é realizado um roteiro.

Um DVD interessante, com um astro como Clooney o protagonizando, numa refilmagem até que eficiente. Tecnicamente um DVD muito bom, com tela mantendo o formato original de cinema, fato que nos faz assistir em casa o filme por inteiro, sem cortes de imagem. O áudio está ótimo, com uma bela divisão de canais (5.1) para quem possui este recurso, eficiente dublagem em Português para que gosta opu precisa (em 2 canais apenas).

Os menus são interessantes, de acordo com o filme e, os extras, simples mas eficientes. Claro que falta muito para que esta seja uma edição perfeita, mas dá pro gasto.

Se você gosta de um bom filme de ficção, de Clooney ou até mesmo de um bom passatempo, assista este filme. Ele está correto, apesar de não ser uma edição em DVD perfeita.