TRAPAÇA, A (Il Bidone)

 

Com Giulietta Masina, Broderick Crawford, Richard Basehart, Franco Fabrizi, Xenia Valderi

 

Diretor

Duração

Produção

Federico Fellini

104 minutos

1955, Itália

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Clássico

Versátil

12/12/2002

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Italiano (DD 2.0 mono)
Português
Sinopse

Dando continuidade ao projeto de lançar as obras-primas de Fellini em DVD, a Versátil apresenta A Trapaça, em impecável versão restaurada e remasterizada. Na Itália dos anos 50, três desiludidos vigaristas vivem de pequenos golpes, aproveitando-se da ingenuidade dos camponeses. O líder do grupo, Augusto, começa a mudar sua atitude, quando percebe que sua filha precisa de sua ajuda para continuar os estudos. Mesclando drama, suspense e comedia, Fellini realizou um filme poderoso, valorizado pelas interpretações de Giulietta Masina (Noites de Cabíria) e Broderick Crawford (Oscar de melhor ator por A Grande Ilusão).

Comentários

Há uma ligação muito forte entre a amargura final da personagem de Anthony Quinn em A estrada da vida (La strada; 1954) e o abandono irreversível a que é jogado o velho golpista de quarenta e oito anos nos momentos conclusivos do filme seguinte do italiano Federico Fellini, A trapaça (Il bidone; 1955): se a criatura de A estrada da vida amarga uma ponta de culpa rolando-se na areia à lembrança do descaso com que abandonou sua patética companheira de apresentações de variedades de rua, o trapaceiro, que na seqüência final de A trapaça tenta golpear seus camaradas de esperteza, é agredido e abandonado à beira duma estrada, este trapaceiro está expiando desesperadamente solitário seus pecados numa agonia que Fellini filma com agudo senso de precisão e ironia.

Ainda filiado ao neo-realismo, com marcações cênicas mais ou menos habituais naquela escola, A trapaça realça a graça de filmar de Fellini, especialmente em algumas cenas de dança, tudo muito ajudado pela música de Nino Rota. O espectador sente-se hipnotizado diante de algumas roliças mulheres fellinianas que se soltam neste eterno baile de imagens e sons que é qualquer filme de Fellini.

A estrutura de roteiro e idéias, conquanto ainda singela, já revela a capacidade de fragmentação narrativa de Fellini. Ele vai acumulando os golpes de suas personagens centrais, desde quando estão travestidos de religiosos no início para enganar as velhinhas de um asilo até o última malandragem exposta pela narrativa, a aplicação do conto num pai de família em que uma filha é semiparalítica; Fellini vai juntando os episódios para expor as dificuldades da vida na Itália nos anos 50, um retrato social neo-realista. Os golpistas não escapam aos olhares de suas famílias: um deles, casado, é descoberto em sua profissão escusa quando leva sua mulher a uma festa de fim de ano do grupo, e os gestos de exprobração de Giulietta Masina para seu par na saída da comemoração é bastante sem volta; o velho golpista, o abandonado no final à beira da estrada, descobre-se para sua filha quando a leva a um cinema e dá com uma de suas vítimas; o choro da filha adolescente ao espiar o pai ser conduzido num carro de polícia é igualmente sem volta. Cedo ou tarde, a máscara cai, mesmo aquela usada por uma personagem de Fellini.

Amargo, às vezes desesperado em sua visão de mundo, Fellini, é claro, está longe do existencialismo soturno do italiano Michelangelo Antonioni; mas A trapaça descortina novamente seu poder de sedução diante do observador.

Extras

- Cinejornal da Época: interessante reportagem de época com um pequeno acidente que ocorreu com o ator Franco Fabrizi durante as filmagens, com quase 1 minuto.

- Vida e Obra de Fellini: breve biografia do diretor, com sua filmografia completa, em 11 páginas de textos.

- Biografias: dos atores Giulletta Masina e Broderick Crawford, ambos com uma breve biografia e filmografia selecionada em textos.

Críticas ao DVD

Um DVD com uma boa qualidade de áudio (em 2 canais, mas em mono) e imagem (no formato original de cinema da época, bem digitalizado, embora por vezes um pouco granulado, não sei se do original ou da transcrição para o formato digital). Um belo filme de Fellini, com poucos extras em textos, razoavelmente informativos, mas com uma preciosidade de época, o “telejornal”. É muito difícil se conseguir um vasto material em vídeo (ou película) de filmes europeus, mas louva-se aqui a pesquisa e o empenho da Versátil. Sei que a maioria não gosta de textos como extras, mas para filmes clássicos eu acho ser interessante, como material de consulta para os mais novos e para quem quer ter maiores referências sobre a história do cinema. Para os cinéfilos, uma bom produto. Para os “fellinianos”, obrigatório.

Menus
Resenha publicada em 18/08/2004
Por Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale (DVD)

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