TWIN PEAKS – PRIMEIRA TEMPORADA ( Twin Peaks – First Season )

 

Com Kyle MacLachlan, Michael Ontkean, Mädchen Amick, Dana Ashbrook, Richard Beymer, Lara Flynn Boyle, Sherilyn Fenn

 

Diretor

Duração

Produção

David Lynch, Mark Frost, Vários

429 minutos

1989/90, EUA

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Suspense, TV

Paramount

23/09/2004

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
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Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Inglês (Dolby Surround 2.0 no piloto e nos extras, Dolby Digital 5.1 nos episódios)
Inglês, Português e Espanhol
Sinopse

Na pequena cidade de Twin Peaks, na costa noroeste dos EUA, próxima à fronteira com o Canadá, a queridinha da cidade Laura Palmer (Sheryl Lee) aparece morta à beira de um lago, enrolada em um saco plástico. Na autópsia fica constatado que Laura, antes de ser morta, foi brutalmente espancada e violentada. O agente do FBI Dale Cooper (Kyle MacLachlan) chega para comandar a investigação. Cooper, além de esquisitão (é viciado em tortas de cereja e sempre deixa registrados os seus pensamentos para a secretária, Diane, em um gravador portátil), possui um método de investigação absurdo, baseado na intuição e na solução de charadas recebidas em sonhos surrealistas. Surpreendentemente o método do agente funciona, e aos poucos ele vai descobrindo que Laura possuía um lado obscuro, como a própria cidade. Perversões sexuais, tráfico de drogas e fraudes financeiras ocultam-se na sociedade local. E para complicar as coisas, durante as investigações a mãe de Laura tem visões de um espírito maligno chamado Bob.

Comentários

Não é sempre que o sucesso acompanha a arte, e a conjunção destes dois fatores, em se tratando de TV, pode ser considerado algo bem raro. Mas que eventualmente acontece, e Twin Peaks, série cuja primeira temporada a Paramount lançou em DVD no Brasil em setembro, é a prova disso. No final dos anos 80, a rede norte-americana de televisão ABC necessitava urgentemente de um grande sucesso de audiência, e deu carta branca ao diretor, produtor e roteirista de TV Mark Frost para criar algo novo e criativo. Frost convenceu seu amigo David Lynch a embarcar no projeto, e finalmente no dia 08 de abril de 1990 foi exibido o episódio-piloto de Twin Peaks. Por obrigação contratual com um investidor europeu, Lynch e Frost deram um desfecho ao episódio piloto, para que ele fosse lançado de forma independente na Europa. Essa versão alterada chegou a ser lançada em VHS no Brasil pela Warner.

O piloto foi um grande sucesso, e a ABC encomendou mais sete episódios, dando total liberdade criativa a Frost e Lynch. Ao final do sétimo episódio a trama estava longe de sua conclusão, e a emissora produziu mais 22 episódios tão surpreendentes quanto esquisitos, com direito a conspirações alienígenas e ao agente do FBI travesti Dennis/Denise Bryson – interpretado por ninguém menos que David Duchovny, que posteriormente em Arquivo X viveu outro agente do FBI que pode ser considerado um descendente direto de Dale Cooper: Fox Mulder. Envolvido à época com as filmagens de Coração Selvagem, longa com o qual viria a ganhar a Palma de Ouro no Festival de Cannes, Lynch delegou a vários profissionais as tarefas de dirigir e escrever a série. Um programa de computador com as diretrizes básicas do enredo e as características dos personagens era seguido por todos, o que manteve a unidade da trama.

Em suma, mesclando suspense policial, melodrama, deformidades físicas e mentais, humor negro e terror sobrenatural, a dupla Frost/Lynch apresentou ao público algo definitivamente novo e provocativo, tudo acompanhado pela essencial trilha sonora de Angelo Badalamenti. Em abril de 1991 a série começou a ser exibida (ou melhor dizendo, “destruída”) pela Rede Globo, que para variar relegou Twin Peaks às noites de domingo, após o Fantástico. E pior, fez cortes que deixaram a trama e seu desfecho sem pé nem cabeça. Menos mal que, anos depois, a série foi reprisada na íntegra por emissoras independentes. Em 1992, David Lynch lançou nos cinemas o longa Twin Peaks - Os Últimos Dias de Laura Palmer, uma prequel que apresentava fatos anteriores aos da série, com quase todo o elenco original.

Extras

Temos comentários de áudio em cada episódio (exceto no piloto), todos com legendas em português, normalmente com o diretor ou outra pessoa envolvida em sua produção. Infelizmente Lynch não quis gravar depoimentos nos episódios por ele dirigidos, alegadamente porque não gosta de comentar seu próprio trabalho. Aliás, em nenhuma parte do material adicional ouvimos a voz de Lynch ou vemos o seu rosto. Adicionalmente, cada episódio pode ser assistido com uma introdução “filosófica” da Senhora do Tronco, que apesar de curiosa não acrescenta muito – e a qualidade do vídeo igualmente não ajuda. A versão da Artisan lançada nos EUA também incluía uma opção para assistir os episódios com acesso a “notas de script”, relativas a cenas ou diálogos eliminados, porém este recurso está ausente da edição nacional. Também ausentes estão os easter eggs de cada episódio (erros de gravação ou entrevistas com membros da equipe), porém se eles estiverem por lá escondidos e você achá-los, me avise. Os principais extras estão reunidos no quarto disco, em uma seção chamada “O Tibet”, e são os seguintes:

Entrevista de Mark Forst à Revista Wrapped in Plastic – Como o nome indica é uma entrevista de Mark Frost aos dois fundadores de uma revista dedicada a Twin Peaks. Apesar de ser uma tolice – ela foi feita por telefone, as imagens alternam entre Frost e os dois caras e no início há um “importante” aviso alertando que as tomadas originais com os caras da revista tiveram de ser refeitas – há várias informações interessantes sobre a série;

Aprendendo a Falar na Sala Vermelha – Este extra é completamente bizarro, digno da série. Nele o ator Michael J. Anderson, o anão daquele antológico sonho de Cooper, nos ensina a falar de trás para a frente. Gravado com equipamento precário, não deixa de ser divertido (é o único extra não legendado);

Uma Introdução a David Lynch – Vários depoimentos de profissionais e membros do elenco sobre Lynch e seu estilo característico;

17 Pedaços de Torta: Filmagens na Lanchonete Mar T (ou RR) – Extra de utilidade duvidosa, é uma entrevista em vídeo com a proprietária do restaurante onde foram filmadas as cenas do piloto, nas quais Cooper se delicia com as tortas de cereja locais;

Conversas com o Elenco – Extra com imagem wide 16x9, é composto por uma série de vídeos com integrantes do elenco e da equipe de produção, não obrigatoriamente sobre a série. O ator Richard Beymer, por exemplo, narra por vários minutos uma viagem mística que fez ao Amazonas, onde se pintou de azul, andou nú e se drogou com um cipó. Já Sheryl Lee (a Laura Palmer em pessoa) também narra uma viagem que fez para a África, e divide conosco suas profundas opiniões sobre auto-descoberta e ecologia (ou seja, alguns desses vídeos parecem intermináveis!).

E, pelo que descobri, é só. A edição nacional também perdeu, neste quarto disco, filmografias e biografias de todos os membros do elenco. No entanto, isto também pode estar escondido em algum easter egg, afinal no universo de Twin Peaks nada é o que parece...

Críticas ao DVD

Os quatro discos do box-set vêm acondicionados em uma embalagem digipack envolta por uma luva plástica transparente, que em sua face apresenta a foto de Laura Palmer. Como toda regra tem exceção, às vezes os DVDs lançados no Brasil vêm com algo a mais do que as versões lançadas lá fora, e no caso de Twin Peaks há uma adição essencial ao box-set: além dos sete episódios da primeira temporada, a edição nacional inclui o episódio piloto original que estava ausente na versão da Artisan, lançada na Região 1 em 2001. Nota-se que o piloto não recebeu o mesmo tratamento de áudio e vídeo dos episódios seguintes, apresentando uma imagem mais escura, de menor contraste e cores um tanto esmaecidas. O áudio, apesar de bom, é Dolby Surround 2.0. Mesmo assim a inclusão do piloto merece ser festejada, pois ele é essencial para a correta compreensão da série. Já os sete episódios, a exemplo do piloto, são apresentados em tela cheia (1.33:1) mas com qualidade de imagem bem superior, como resultado da remasterização neles feita. O áudio é Dolby Digital 5.1 de ótima qualidade, mas aqui temos uma desvantagem em relação à versão estrangeira, que também oferecia uma excelente faixa de áudio DTS 5.1. Para compensar a Paramount poderia ter incluído a dublagem original em português, mas deixou de fazê-lo por alguma razão. Também, ao contrário da versão Região 1, apesar dos episódios serem divididos em capítulos (de 08 a 10) não há um menu para a seleção de cenas. De resto, achei os menus estáticos da edição nacional pobres e feios, apesar de reconhecer que estão de acordo com o clima bizarro da série. As legendas estão disponíveis em português, inglês e espanhol. A Paramount já anunciou para o início de 2005 outras duas caixas com os 22 episódios restantes.

Menus
Resenha publicada em 20/10/2004
Por Jorge Saldanha

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