Eddie Jessup (William Hurt), um cientista determinado e obsessivo, pesquisa estados alterados de consciência por meio de alucinógenos naturais. Acreditando haver uma conexão mental com a própria estrutura espaço-temporal, abrindo portas para diferentes concepções de realidade, ele realiza nele mesmo as experiências, não descansando enquanto não descobrir a verdade. Porém, Eddie vai acabar pagando por querer extrapolar os limites da ciência, pondo em risco não só sua vida, como a de companheiros e civis.

Além de ser a estréia de um inspiradíssimo William Hurt nas telas, em um papel desconcertante, "Viagens Alucinantes" é, antes de tudo, um filme bastante perturbador. Não só fala da ânsia humana pelo saber desmesurado como traz tudo isso embalado em uma estética ousada e igualmente desconfortável. A trilha sonora brilhante de John Corigliano ajuda a criar o clima certo para os conflitos do cientista Eddie Jessup. O visual que mostra os estados de consciência alterados, ricos em psicodelia, lembram a seqüência final de 2001 ao inverso, pois aqui o microcosmo se confunde com o macrocosmo, ampliando a idéia de proporcionalidade entre dimensões do real.

Atormentado pela morte de seu avô e pelas visões religiosas que tinha até então, quando ele era ainda uma criança, Eddie deseja saber o que se esconde por detrás da mente humana, tentando encontrar uma provável conexão com algo exterior, metafísico. Ao embarcar em suas pesquisas, Eddie acaba se afastando e se divorciando de sua esposa, totalmente imerso no trabalho e preocupado em encontrar as respostas. Acaba caindo no descrédito de amigos e supervisores, que acreditam que ele esteja à beira da loucura. No entanto, com o sucesso macabro das experiências, Eddie inicia uma onda de terror que vai pôr em risco a vida dos que estão à sua volta.

O que é válido na vida? Encontrar as respostas a qualquer preço para o mistério da existência, ou apenas desfrutar da vida, tirar o que ela tem de melhor, sem perder tempo com pretensões científicas? As sábias palavras de sua mulher o alertam para isso, quando ela insiste que não existem certezas absolutas. Cabe ao homem afirmar a dúvida e viver em meio ao vazio de sentido da existência, ancorado no amor e nas relações humanas, criando um sentido próprio e autônomo. Se Eddie pensa assim... bom, você terá que ver o filme.

O DVD não possui extras. O menu interativo só possui a opção de escolha de cenas e idiomas.

Faltou vontade para colocar materiais extras no DVD. Nem um trailer sequer. Nada de entrevistas com o elenco e equipe, e nem com especialistas da área que o filme aborda, o que seria bastante enriquecedor para se entender a obra ainda mais a fundo. A única opção de fullscreen 3x4 também é frustrante, ainda mais para os amantes de um widescreen. Está certo que a obra vale por si, e quem curte cinema vai alugar ou comprar pela obra, mas um pouco mais de capricho seria bem-vindo, ainda mais quando se tem toda a tecnologia que o DVD oferece.