VIOLÊNCIA E PAIXÃO (Conversation Piece)

 

Com Burt Lancaster, Silvana Mangano, Helmut Berger

 

Diretor

Duração

Produção

LUCHINO VISCONTI

121 minutos

1974, Itália/França

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Drama, Clássico

Versátil

29/09/2004

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Inglês (DD 2.0)
Português

Sinopse

Roma, anos 70. Um professor aposentado vive solitariamente, cercado por quadros e livros, numa luxuosa mansão. Sua rotina é quebrada quando aluga o andar superior para uma marquesa, que traz com ela o amante, a filha e seu namorado. Com suas atitudes vulgares, incômodas e inusitadas, os inquilinos transformam a monótona vida do professor num caos. Em Violência e Paixão, Visconti reflete, de maneira brilhante, sobre a solidão, o conflito de gerações e a idéia de família.

Comentários

Uma obra-prima da fase final da filmografia do italiano Luchino Visconti, Violência e paixão (Gruppo di famiglia in un interno; 1974) foi rodado pelo cineasta já em adiantado estado da doença que pouco depois o mataria. Retratando-se na figura do professor magnificamente vivido por Burt Lancaster, Visconti reelabora intelectualmente seu cinema à luz dos movimentos de contestação política de 1968 em Paris e no mundo todo, sem todavia fazer uma referência mais aprofundada aos episódios daquele ano.

A personalidade do professor que vive sozinho num apartamento entre livros, quadros, discos, idéias e simbólicas recordações da juventude, aparece com inegável clareza e profundidade no filme de Visconti. A família que invade o universo do protagonista durante uma oferta dum antiquário sobre uma pintura à venda acaba por ativar a força do professor como ser humano, provocando-o nos conflitos da vida, dos quais ele se esforçava por manter-se afastado permanecendo eternamente entre seus bem-comportados livros e quadros.

Filmado em estúdio, Violência e paixão não esconde a afeição de Visconti pela linguagem cênica teatral; passando-se basicamente entre dois apartamentos, o da personagem central e o da família que entra na intimidade dele, o filme, apesar das alusões históricas características da obra de Visconti, tem uma narrativa intimista em que quem parece determinar o estilo de filmar é o espírito contemplativo da criatura de Lancaster.

Na verdade, a realização de Visconti busca reflexionar sobre a inutilidade do intelectual no mundo de hoje. O intelectual deixou de ser o sábio do passado, capaz de influenciar o comportamento das gerações (o último modelo parece ter sido o francês Jean-Paul Sartre, que outro intelectual, o mexicano Octavio Paz, ironizou aludindo a algo como “o tagarela e a conversa fiada”). Segundo Visconti, o universo flaubertiano do professor tem de vir abaixo para que se queime a capa que impede o conhecimento da realidade.

A grande habilidade do realizador para fazer fluir palavras e cenários diante de sua câmara permite ao observador desfrutar, em Violência e paixão, um filme-ponte entre literatura, cinema e teatro em que as reflexões sobre a morte são menos duras que no italiano Michelangelo Antonioni e não tão indigeríveis quanto no sueco Ingmar Bergman. Para isto, Visconti conta com sua paixão por certos artifícios do espetáculo da ópera, que ele incrusta em sua linguagem sem perder a noção do espetáculo cinematográfico. (Eron Fagundes)

P.S.: As orações acima foram extraídas dum texto que escrevi em 23.01.81, quando eu era um jovem cinéfilo de vinte e cinco anos. Por falar em filmes de Visconti, seria de bom alvitre o lançamento em DVD de Ludwig, a paixão de um rei, um Visconti que infelizmente nunca tive o prazer de ver.

Extras

- Entrevista com Gilda Melo e Souza: concedida para o programa de TV “Belas Artes”, da TVE em 1992, a professora de Filosofia da USP nos traz um ótimo depoimento sobre o filme, agradará principalmente quem aprecia a obra de Visconti, com 16 minutos.

- Trailer de Cinema.

- Lembranças de Bastidores: trecho do documentário “Luchino Visconti”, de Carlo Lizziani, com pouco mais de 3 minutos, extraindo exatamente o pedaço sobre este filme, com cenas de bastidores. O documentário é ótimo, está presente na sua íntegra no DVD “Rocco e Seus Irmãos”, também da Versátil. Pena que aqui só há um aperitivo.

- “Conversation Piece”, Um Gênero de Pintura: há um ótimo ensaio sobre o tema (8 páginas), com uma extensa galeria de quadros pertencentes ao gênero (32 pinturas).

- Uma Palavra de Visconti: trechos de entrevistas do diretor, com 12 páginas. Ótima compilação.

- Mário Praz o “professor” da Vida real: ótimo ensaio de Alessandro Bencivenni sobre personagem real interpretado por Lancaster e a comparação com o filme.

- As Duas Versões: texto explicativo sobre o idioma falado no filme. Interessante.

- Fortuna Crítica: trechos de alguns textos publicados na imprensa Européia, com 8 páginas.

- Biografias: dos atores Helmut Berger, Burt Lancaster e Silvana Mangano. Bons textos, com algumas curiosidades e as filmografias selecionadas de cada um.

- Vida e Obra de Visconti: outra biografia, desta vez do diretor, com um bom texto e sua filmografia completa.

Críticas ao DVD

Um belo filme do cineasta, uma de suas obras-primas, numa boa edição em DVD. A imagem está boa (um pouco esverdeada, confesso que não me lembro se o original era assim), respeitando o formato original do filme e quem tem TV em wide. O áudio, em inglês, está com ótima qualidade, ainda que em 2 canais (mono). Os extras são um pouco acima da média para os filmes italianos, quem aprecia a obra de Visconti deverá gostar dos textos, não muito apreciados pelo público em geral. Neste caso são importantes e interessantes, um bom complemento. No geral, um clássico.

Menus
Resenha publicada em 10/10/2004
Por Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale (DVD)

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