VIRIDIANA (Viridiana)

 

Com Silvia Pinal, Fernando Rey, Francisco Rabal, Jose Calvo, Margarita Lozano

 

Diretor

Duração

Produção

Luis Buñuel

91 minutos

1961, México

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Drama

Versátil

04/02/2004

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Espanhol (DD 2.0)
Português

Sinopse

Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, Viridiana é um dos filmes mais polêmicos dos anos 60. Este DVD para colecionador apresenta este cult-movie contundente em versão restaurada e remasterizada no formato widescreen. À s vésperas de ser ordenada freira, Viridiana passa uns dias na mansão do seu pervertido tio, que, obcecado com sua beleza, tenta seduzi-la de todas as maneiras. Com a morte repentina dele, ela desiste da vida religiosa, indo morar na mansão. Movida pelo espírito de caridade cristã, abriga e alimenta todos os mendigos da região. Porém, os necessitados não se comportam do jeito que ela esperava... Uma das obras-primas do mestre Luis Buñuel (A Bela da Tarde), Viridiana traz uma das cenas mais famosas da história do cinema: a Santa Ceia dos mendigos, uma paródia genial da pintura de Leonardo Da Vinci. Obrigatório na coleção de qualquer cinéfilo.

Comentários Sobre o Filme

Viridiana (1961) é uma espécie de síntese da obra cinematográfica do espanhol Luis Buñuel. E representa igualmente uma virada em sua vida e em seu cinema. Significa a sua volta à Espanha, depois do longo exílio mexicano. E, após filmes de franca crítica social como Os esquecidos (1950) e Nazarin (1959), Buñuel passa a introduzir elementos de sutileza psicológica que ele depuraria extraordinariamente em obras-primas como Tristana, uma paixão mórbida (1970) e Esse obscuro objeto de desejo (1977). Mas há uma grande unidade de pensamento e rigor estético em todos estes trabalhos citados; o estilo de Buñuel tem algumas constantes que o tornam inconfundível, e é de suas variações possíveis que o cineasta extrai a sedução com que ele invade a intimidade mais secreta do espectador.

A história da uma jovem madre que, objeto de desejo de seu tio (um velho e lascivo burguês como tantos do universo de Buñuel), abandona o convento e se mete a utilizar os dogmas da Igreja no seio de primitivos mendigos, tem uma perversidade exemplar. Não espanta que o filme tenha sido interditado na Espanha franquista; se em Nazarin o padre fere os mandamentos clericais ao fazer certas opções de vida, mas não erradica de si o espírito piedoso do catolicismo, em Viridiana a ex-freirinha, sem embargo de promover no cenário da burguesia (o casarão de seu tio, que se suicidou porque ela não aceitou seu louco amor) uma ceia de mendigos, é suficientemente cruel em seu interior para que Buñuel estabeleça uma devastação da religiosidade humana.

Em Viridiana há cenas bastante estranhas que, isoladamente, deveriam ser pesadelares. Mas Buñuel filma tudo com desenvoltura que dá aparência natural a seqüências desorientadoras, como a dos mendigos no cenário burguês. Um filme meio louco, meio ingênuo, que não assume o papel de farsa a que é tentado. Nos signos católicos de que se vale Buñuel não existe a atmosfera farsesca a caricatural de um Federico Fellini; a cruz e a coroa de espinhos guardadas na caixa da virgem, assim como suas orações com os mendigos, não tem a grandiloqüência barroca da cena que abre A doce vida (1960), o épico contemporâneo de Fellini (a estátua de Cristo sobrevoa Roma, dependurada de um helicóptero), nem o clima místico de certas sessões espíritas deste mesmo filme.

A atmosfera erótica de Viridiana é um dos pontos máximos da inventividade de Buñuel. Estávamos então longe da liberação sexual do cinema dos anos 80 em diante. Buñuel sempre se confessou um pudico. E incapaz de matar uma aranha. Mas sua capacidade de sugerir o lado perverso do comportamento sexual humano supera qualquer fantasia sexual contemporânea. O detalhe de um joelho de Sylvia Pinal, uma troca de olhares em primeiro plano, uma sugestão do diálogo, tudo é conduzido para que a criação de uma sexualidade sufocada, reprimida transpareça por baixo da imagem. Esta sexualidade asfixiada, que se abre reveladora no momento em que a câmara avança sobre o rosto da virgem narcotizada por seu tio que quer possuí-la, vai mesmo explodir na cena final, em que a criada e a virgem parecem disputar num jogo de cartas a posse do filho burguês do suicida.

Talvez Buñuel não seja mesmo um homem decididamente cruel. O que deve ser mesmo cruel é o mundo segundo a ótica de Buñuel, que procura utilizar uma linguagem de símbolos para entender este mundo. Mundo de significados complicados, mas transformado em imagens aparentemente realistas, naturais, onde Buñuel dissimula os truques usados para contar sua história. (Eron Fagundes)

Extras

- Galeria de Pôsteres: alguns pôsteres (4 em média) e/ou “lobby cards” de 13 filmes de Buñel.

- Vida e Obra de Buñuel: bom texto sobre o diretor, com sua biografia completa, em 17 páginas de textos.

- Biografias: dos atores Silvia Pinal (8 páginas de textos, com filmografia selecionada), Fernando Rey (13 páginas de textos, com filmografia selecionada) e Francisco Rabal (15 páginas de textos, com filmografia selecionada).

- Viridiana em Cannes: 4 páginas de texto sobre a Palma de Ouro do filme.

Críticas ao DVD

Um dos principais filmes deste importante cineasta, um dos mais importantes do cinema mundial. Tecnicamente um DVD correto, nada espetacular. Sua imagem está boa para os padrões dos filme não hollywoodianos desta época, mantendo o formato original de cinema em widescreem. O áudio também está razoável, não há a dublagem em Português para os mais exigentes.

Os menus são estáticos, simples, mas sem erros e limpos. Os extras resumem-se a textos e uma ótima galeria de pôsteres. Confesso que extra “Viridiana em Cannes” eu havia imaginado ser algum pequeno filme ou documentário de época, mas é apenas um rápido texto.

Mais um DVD importante da distribuidora, que tem nos brindado com edições difíceis de se encontrar (até no mercado internacional) de clássicos do cinema não americano. Se não é tecnicamente brilhante (mas não decepciona), é obrigatório para quem quer conhecer a história do cinema.

Menus
Resenha publicada em 09/03/2004
Por Eron Fagundes e Edinho Pasquale
15489

 



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