JAMAIS ESQUECEREMOS
 
 

27 de maio de 2005

Andrew Lloyd Webber é um dos poucos gênios da música surgidos no século 20. Criações suas como Evita e O Fantasma da Ópera demonstram a sua incrível capacidade criativa, sempre em dupla com Tim Rice, autor das letras. Muitos de seus musicais permanecem por anos seguidos nos palcos de Nova York e Londres. Mas, felizmente, para os que não têm poder aquisitivo que permita ir até os Estados Unidos e Inglaterra – e mesmo à São Paulo onde se apresenta O Fantasma da Ópera ao preço médio de cem reais por ingresso – existe o DVD. E nesse segmento a Universal lançou no Brasil dois belos espetáculos com a assinatura dessa dupla britânica.

Um é CATS, em que a magia de Webber se utiliza do livro de poemas Old Possum’s Book of Pratical Cats, de T.S. Eliot. A primeira vista, apenas um marcante encontro de gatos. Mas o sentido das frases faz com que o musical adquira outras conotações filosóficas, existenciais, a respeito de um novo rumo. Quando Elaine Page canta a popular Memory, por exemplo, a dor do passado perdido atinge comovente culminância. E no epílogo em que o velho líder Deuteronomy (o simpático e vigoroso Ken Page) resume suas lições de vida o clima torna-se celestial, edificante.

O outro lançamento é JESUS CRISTO SUPER STAR. Não o bonito filme que Norman Jewinson fez em 1973, também lançado há pouco pela distribuidora. Mas a arrojada encenação teatral da australiana Gale Edwards gravada diretamente para vídeo nos imensos estúdios Pinewood, na Inglaterra, sob a direção visual de Nick Morris. Este último soube usar as câmeras e a luz de uma forma notável, obtendo total e ágil integração com essa visão algo dark e bem contemporânea da saga de Cristo . Em meio de tal modernidade, Pilatos (Fred Johanson) é um homem sarado. Com a sua roupa, parece saído de Matrix. E Judas (Jerôme Pradon) é exposto sem aquela vilania explícita de sempre. Jesus (Glenn Carter) também não é tão místico, como manda a tradição. O making of (com legendas em português) é ótimo. Entre outras coisas, traz comentários de Webber e Rice, a razão da escolha da criação de Gale e aspectos da realização.

CATS é mais delicado enquanto JESUS CRISTO SUPERSTAR tem um tom mais épico. Mas os dois musicais são empolgantes. E para os apreciadores do gênero e das criações de Webber e Rice, esses dois DVDs são imperdíveis.

Por Alfredo Sternheim