É prática cada vez mais comum, nos lançamentos
de títulos em DVD, derivar-se os componetes do áudio
5.1 a partir de original em estéreo, quando este é tudo
que se tem.
Uma das principais razões do sucesso do formato
DVD é sua capacidade
de permitir a audição de programas no formato 5.1.
uando um consumidor
adquire um DVD, o que ele espera é poder usufruir do maior número
de benefícios que a nova tecnologia possa oferecer. Por isso, um título
em DVD que seja rotulado como tendo áudio no formato 5.1 garante algumas
vendas a mais. Isso faz com que as companhias se interessem em lançar
produtos em 5.1. O problema é que muitos títulos não estão,
originariamente, disponíveis nesse formato.
Por outro lado, o consumidor que tem um equipamento capacitado
a reproduzir programas em 5.1 frustra-se com a experiência de só ter uma versão
estéreo.
Só para lembrar, O 5.1 é um padrão de armazenamento de áudio
no DVD. Temos 3 caixas acústicas na frente, duas atrás, e uma caixa
acústica especializada em reproduzir graves, chamada LFE ( Low
Frequency Efects). Por isso, temos 6 sinais diferentes no DVD ; 5 para
as caixas normais
e o sinal de subwoofer para a LFE.
Na área musical, algumas gravadoras estão remixando títulos
antigos para o formato 5.1, a partir de masters multicanais, como é o
caso de Caetano Veloso, da Universal Music, ou do Queen, com A Night
At The Opera.
No caso de filmes, porém, isso não é economicamente viável.
Freqüentemente também não existe material disponível.
Uma solução ao mesmo tempo conveniente em termos de mercado e cortês
para com o consumidor é criar uma versão em 5.1 que use como base
o áudio original em estéreo e oferecer essa versão como
uma opção ao original.
Existem várias maneiras de se fazer isso, desde a mais simples, que é separar
a região de graves e usá-la como sinal de subwoofer, até softwares
extremamente expecializados em extrair componentes mais específicos, para
depois distribuí-los pelo 5,1. Entre essas duas maneiras existem pelo
menos mais três outras, dando um aspecto curioso que revela a criatividade
dos profissionais do áudio Deve ficar claro que esses procedimentos são
totalmente diferentes de se ter um original mixado em 5.1. Neste último,
os sinais de áudio estão disponíveis de forma separada e
são distribuidos pelo 5.1 de forma muito precisa, respeitando as posições
na tela ocupadas pelos objetos que produzem esses sons. Quando derivamos o 5.1
do estéreo, há toda sorte de limitação
quanto a se isolar particularidades sonoras que pudessem ser reposicionadas.
Existe a tendência de se denominar esses procedimentos, erroneamente, de
5.1 simulado. Essa expressão costuma ser empregada, coloquialmente, para
apontar que estaria havendo uma maquiagem para iludir o consumidor. Tecnicamente
falando, porém, não é correto. Na verdade, não existe
nada de simulado, neste caso. Os 6 canais do 5.1 estão presentes no chamado
stream 5.1 do DVD e são reproduzidos nas 6 caixas. A denominação
correta é 5.1 derivado (do estéreo). O 5.1 simulado é algo
totalmente diferente (e fantástico, na minha opinião) feito, por
exemplo, encodificando o original 5.1 para apenas 2 canais. Esses 2 canais são
armazenados no DVD. Na reprodução desses, um processo chamado cancelamento
trans-aural simula psico-acusticamente o 5.1, permitindo que se ouçam
todos os sinais na posição original, quando, na verdade, apenas
2 canais estão sendo reproduzidos.
A grande falha nisso tudo é o fato de que várias companhias que
lançam mão desses procedimentos não deixam claro na capa
do DVD que o 5.1 é ou derivado, ou simulado ou o que quer que se verifique,
diferente da expectativa do consumidor. É o caso de várias delas,
mas não de todas.
Outra medida importante, é sempre deixar um stream com o conteúdo
na forma original, de maneira a permitir que o consumidor faça sua opção.
Afinal de contas, num DVD, podemos ter até 8 streams de áudio.
Cabe todo o mundo. Depois, vamos deixar o consumidor escolher.
Pedro Fontanari Filho
Pedro Fontanari Filho, Engenheiro, profissional do áudio
desde 1976, atuou como técnico de gravação
na RCA, A Voz do Brasil, coordenou a produção
dos primeiros DVDs musicais a serem lançados no
Brasil, ainda no MOSH Studios, e outros, como Gerente de
DVD na Universal Music.. Atualmente, é diretor da
empresa Mediaplex Administração de Projetos,
que presta acessoria na produção de DVDs,
desde a fase de concepção. Pode ser alcançado
através do email pedro@mediaplex.com.br ou pelo
site www.mediaplex.com.br.
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