O Cinema Mundial reunido mais uma vez em São Paulo

 

Brasil, China, Rússia, Argentina , Uruguai, Alemanha , Espanha, Itália, Finlândia, Irã, Estados Unidos, Canadá, França, esses são alguns países que participam da 27ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo que começou nesta Sexta-Feira dia 17 até dia 30, com mais de 250 filmes espalhados em diversas salas de cinema da cidade.

Uma oportunidade que acontece a cada ano no durante duas semanas do mês de outubro para os cinéfilos de carteirinha poderem conhecer filmes de diversas partes do mundo, saindo do universo hollywoodiano.

Pelo que já pude conferir há grandes filmes entre eles, “As Invasões Bárbaras”, produção Canadense e Francesa de Denys Arcand, no qual fala sobre um professor que está prestes a morrer de câncer e que o pouco que lhe resta serve para viver ao lado de pessoas que ama. Afim de atenuar os difíceis dias em que passa no hospital seu filho faz de tudo para que ele possa ficar feliz, nem que para isso ele tenha que pagar. “As Invasões Bárbaras” é um filme emocionante, que à priori, pelo título que leva pode parecer uma fita de aventura, mas na verdade o filme é cheio de metáforas que percebemos com os diálogos dos personagens, o que justifica o nome. Portanto, preparem seu lenços, porque o final faz derrubar lágrimas com a mensagem que a fita traz.

Tudo bem que estamos mais do que acostumados com os filmes americanos o ano inteiro e às vezes pensamos para que ir à mostra para ver produções hollywoodianas, mas muitos dos filmes selecionados são excelentes. “A Vida de David Gale” do diretor Allan Parker é um exemplo . Na verdade a produção não é só americana, é também alemã. Uma fita que consegue prender do começo ao fim, sem cair na mesmice que já conhecemos. O personagem David Galé (Kevin Spacey que, aliás, está excelente no papel) é um professor acusado injustamente pelo assassinato de uma amiga ativista e pelo estupro de uma aluna que o seduziu.

Preso e condenado a morte, Gale tenta provar a todo custo sua inocência para uma repórter (Kate Winslet) que passa a investigar a verdadeira versão dos fatos. Uma verdadeira missão para ambiciosa jornalista que junto com um estagiário tem apenas quatro dias para inocentar Gale e livra-lo da pena de morte. Enfim, um filme de suspense intrigante e cheio de surpresas.

A produção Irlandesa e Inglesa “Em Nome de Deus” é outro filme que recomendo. Uma história que muitos não conheciam, confesso que nem eu sabia da existência de reformatórios na Irlanda no qual meninas que desonravam suas famílias eram enviadas e lá eram exploradas e trabalhavam como lavadeiras e passadeiras. A história foi exatamente inspirada nesses reformatórios. Três garotas, Margaret, Bernadette e Rose são enviadas na década de 60 para o convento das irmãs Madalena a fim de livrarem seus pecados (que para a época eram considerados graves). Uma fita forte que nos faz ficar com raiva de freiras que usavam do nome de Deus, mas cometiam muitas injustiças. Assim como a Igreja fez por vários anos também. O elenco ajuda muito com magnificas interpretações tanto das atrizes que interpretaram as pecadoras como as freiras do convento.

Da seleção dos filmes brasileiros pude conferir o documentário “Fala Tu”, do diretor carioca (que faz parte da competição novos diretores da mostra) Guilherme Coelho. Uma fita que narra a vida de três rappers cariocas que moram na favela. Interessante ver o que pensam, como vivem, e o que sonham. Uma história sem grandes pretensões que pode não agradar a muitos, mas que serve para mostrar um pouco mais da cultura dessa classe de músicos que muitas vezes é discriminada e desconhecida pelas pessoas.

O nosso vizinho país Uruguai não fica de fora, com apenas um filme na mostra “El Viaje Hacia El Mar” dá para se divertir com os 80 minutos que se passa a fita. Em um belo domingo em uma pequena cidade do Uruguai três homens que nunca haviam visto o mar são levado pelo amigo Rodriguez que é acompanhado de um capataz. Com um caminhão velho Rodríguez ainda conta com mais uma companhia misteriosa um rapaz que recém chegou de Montevidéu que entra de última hora em seu caminhão. Depois de muitas situações divertidas durante o caminho, os personagens vão se revelando até finalmente chegarem ao mar. Apesar do caminhão velho o filme parece um “Road Movie” (filmes de estrada assim chamados pelos americanos) Uruguaio, com um toque bem latino.

Por enquanto eu fico por aqui, mas a maratona continua e eu volto contando mais novidades sobre a Mostra, até mais.

Clarissa Kuschnir


Ps. Os horários e a programação dos filmes podem ser conferidos nos site oficial da Mostra.