PRÉ-ESTREIA: DEUS É BRASILEIRO

Estivemos na apresentação para a imprensa do filme "Deus é Brasileiro", de Carlos (Cacá) Diegues e em seguida participamos da entrevista coletiva. O filme, que estréia dia 31 de janeiro de 2003, é uma comédia leve, com uma bela fotografia, uma diversão garantida, mas sem compromissos. Uma boa produção nacional que merece ser vista.

Segundo Cacá Diegues, o filme não tem nenhuma conotação religiosa, é apenas uma adaptação de um conto de João Ubaldo Ribeiro, "O Santo Que Não Acreditava em Deus". Disse ainda que é um "filme de estrada", que em alguns momentos no início das filmagens o fez relembrar de "Bye Bye Brasil" e que muito do roteiro acabou sendo improvisado, dado ao fato de que na estrada acontecem várias surpresas. As locações acabaram sendo todas à margem esquerda do Rio São Francisco, pois quis fugir da região Amazônica, primeiro pela dificuldade de se filmar em um lugar tão complexo "tem problemas de iluminação, afinal é uma parede verde, entre outros fatores, tais como não querer filmar num lugar tão utilizado". As belíssimas locações foram feitas em Alagoas, Pernambuco e Tocantins. Aliás, um dos lugares mais líricos e lindos, foi descoberto por Cacá (que é alagoano), o Jalapão. Cacá ainda fez questão de dizer que Antonio Fagundes foi, desde o início, o ator escolhido para fazer o papel de Deus (quando começo um roteiro, sempre penso em pessoas que conheço para formar as personagens, não necessariamente atores, mas no caso pensei imediatamente em Fagundes". Ressaltou ainda que todos os figurantes eram atores das regiões das locações, inclusive a trilha musical foi composta por grupos e cantores da região, como Djavan, Lenine e Cordel do Fogo Encantado. Para finalizar, Cacá disse ainda que todo o filme foi feito em Super 35mm, e que sua finalização e efeitos foram todos realizados digitalmente por uma empresa no Brasil, a TeleImage, ou seja, um "filme totalmente nacional".

Já Antônio Fagundes afirmou que foi mais fácil personificar Deus do que Villa-Lobos, pois "Deus está no imaginário das pessoas e Villa-Lobos já tinha referências reais". Afirmando ser Agnóstico, confirmou o fato do filme não ter nenhum caráter Teológico.

Wagner Moura, talvez a grata surpresa do filme, começou a carreira em Teatro num grupo de Salvador, talvez por isso ele ainda tenha um pouco de tom teatral na sua interpretação, mas mesmo assim é um bom destaque. Ele disse que, por ser nordestino, ficou mais fácil entender e interpretar os problemas sociais abordados no filme e que, embora Ariano Suassuna seja uma referência para os nordestinos, sua personagem nada tem a ver com João Grilo, do Auto da Compadecida (ao ver o filme, todos imaginam Matheus Naschtergale como Taoca, o personagem vivido por Wagner.

Perguntamos à produtora Renata Magalhães se o filme já tinha reservado material, durante as filmagens, para uma edição em DVD, e, para a nossa sorte, DVDmaníacos, ela disse que sim, que terá "muitas cenas excluídas, erros de gravação etc.". O filme custou 7 milhões de Reais e teve como principal curiosidade o fato, já mencionado por Diegues, de ter sido realizadop de maneira digital, ou seja, as imagens de cada dia eram transmitidas por satélite para a produtora, facilitando assim sua finalização.

Sinopse: Cansado dos erros cometidos pela humanidade, Deus resolve tirar umas férias nas estrelas, a fim de descansar de seus aborrecimentos com o ser humano. Mas, para isso, ele precisa encontrar um santo que se ocupe de seus deveres enquanto ele estiver ausente. Resolve procurá-lo no Brasil, país tão religioso que, no entanto, nunca teve um santo reconhecido oficialmente. O guia de Deus pelo Brasil será Taoca, esperto borracheiro e pescador que enxerga, nesse encontro inesperado, a oportunidade de resolver seus problemas materiais. Mais tarde, se junta aos dois a solitária Madá, uma jovem tomada por uma grande paixão. Do litoral de Alagoas ao interior do Tocantins, passando por Pernambuco, Taoca, Madá e Deus vivem diferentes aventuras enquanto procuram por Quinca das Mulas, o candidato de Deus a santo.

Serviço: Deus É Brasileiro, com Antônio Fagundes, Paloma Duarte, Wagner Moura, Bruce Gomlevsky, Stephan Necessian, Castrinho, Suzana Werner e Toni Garrudo (estes dois últimos em participações epeciais). Direção e Roteiro de Cacá Diegues, livremente inspirado em "O Santo que Não Acreditava em Deus", de João Ubaldo Ribeiro, co-roteirista. 110 minutos, produção Rio Vermelho Filmes, 2002. Estréia dia 31 de janeiro.

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