Esta entrevista foi concedida ao nosso editor musical, Robson
Candeo, por telefone por gentileza da gravadora Trama. Direto
de sua casa nos Estados Unidos, César foi muito simpático
e atencioso.
DVD MAGAZINE – Caro Cesar, em primeiro lugar, parabéns
pelo trabalho. O DVD Duo traz um trabalho de altíssimo
nível e é uma delícia tanto de ver quanto
de ouvir. Vamos à primeira pergunta. Você e Romero
têm uma agenda de shows pelo Brasil para divulgar o DVD?
Cesar Mariano - A gente vai fazer, da mesma forma que fizemos
com o CD. A gente vai fazer a partir do mês de julho
algumas coisas em São Paulo, mas não tenho muita
certeza da agenda, porque estamos indo para a Europa depois
de amanhã, onde vamos fazer um festival em Toulouse
na França no próximo fim de semana.
DVD MAGAZINE - Você pretende gravar outro disco com
o Romero?
Cesar Mariano - Pretendemos sim, e estamos tentando agendar
para o final desse ano ou para o ano que vem o Duo 2, porque
a gente gosta muito desse trabalho, faz 10 anos aproximadamente
que estamos juntos e não pretendemos que isso se dissolva.
Gostamos muito desse projeto e pretendemos continuar.
DVD MAGAZINE - No documentário do DVD o Romero mostrou
ser um grande fã seu antes de te conhecer, como é a
relação de vocês hoje?
Cesar Mariano - A mesma! (risos) Engraçado porque eu
não conhecia ele, porque ele veio do Brasil para cá muito
antes de mim. Comecei a ouvir falar dele quando cheguei aqui
nos Estados Unidos e fiquei muito interessado nesse músico
antes de ouvi-lo, e quando a gente se conheceu foi uma surpresa
saber que ele me conhecia muito antes de eu conhecê-lo.
Foi muito legal e isso foi muito interessante, como você viu
no documentário, foi por causa de ‘Samambaia’ que
tudo começou.
DVD MAGAZINE - Você tem algum projeto guardado para
o futuro?
Cesar Mariano - Tem um monte, a gaveta está cheia.
Mas tem um que vou começar agora em outubro, quando
vou para o Brasil fazer um quarteto com piano, baixo, bateria
e guitarra. É um projeto que quero fazer há muito
tempo e agora surgiu a oportunidade para gravar um CD.
Ainda estou vendo quem são os músicos, de preferência
músicos novos, mas ainda estamos montando. Com certeza é algo
que vai acontecer. Faz tempo que não faço e estou
a fim de fazer.
DVD MAGAZINE - Você gravou com Pedro Mariano o cd/dvd
Piano e Voz. Já cogitou em fazer algo semelhante com
Maria Rita, ou um trabalho em trio?
Cesar Mariano - Essa porta sempre está aberta, é tudo
uma questão de produção, de agenda, de
carreira, de momento, uma série de fatores. Não é algo
que você chega e diz, vamos fazer e começa a fazer.
Basta ter condições e vamos fazer. Mas eu gostaria
muito.
DVD Magazine - Tem desejo de tocar com algum artista ou banda?
Cesar Mariano - Tem uma porção. Acabei de fazer
um destes que foi gravar um disco com a Gal Costa. Eu gravei
um disco há muito tempo chamado “Baby Gal”.
Nós somos muito amigos e agora gravamos um outro CD
que deve estar saindo pela trama. Aqui nos Estados Unidos estamos
realizando sempre esses sonhos porque estamos perto de grandes
artistas. Um deles que sempre tive vontade de tocar junto,
era o Ron Carter, um super baixista do jazz, e realizamos uma
temporada em Nova York com o Duo e convidamos ele. Então
ele veio tocar como convidado do show. Foi uma semana muito
interessante porque pudemos convidar um monte de gente.
Um desses desejos que quase deu certo de fazer aí no
Brasil foi tocar com George Benson. Ele estava se apresentando
em algumas cidades mas eu estava gravando com a Gal e não
deu para parar.
DVD Magazine - Você tem acompanhado a música
brasileira de perto, mesmo morando nos Estados Unidos? Qual
sua impressão sobre os novos nomes e ritmos que estão
surgindo?
Cesar Mariano - Tenho sim. Tem muita coisa interessante e
também muita coisa ruim que não gosto de comentar.
Mas tem uma coisa que não tenho problema de falar que é nível
que é minha grande preocupação. Até algum
tempo atrás o nível estava ruim mas está melhorando
e as pequenas gravadoras estão contribuindo muito para
isso. Elas estão preocupadas com mudanças mercadológicas,
tipo internet. Isso possibilita um vôo um pouco maior
e você tem mais tempo para preparar o trabalho, sem essa
loucura de gravar correndo e conseguir um retorno imediato
e isso consequentemente melhora bastante o nível. Tenho
ouvido coisas, evidentemente muito vindo da Trama porque estou
lá dentro, mas coisas muito boas, que vai desde a música
mais elitizada como Chico Pinheiro até novos DJs. Participei
do disco do Claudio Zoli que está gravando aqui e eu
fiz dois arranjos para ele. Tudo isso está me deixando
um pouquinho mais esperançoso e contente com o Brasil.
Sempre me lembro dos anos 60 quando apareceu a Bossa Nova,
ficou aquela coisa que diziam: que música é essa?
o que é isso? Isso não é jeito de cantar,
não dá para entender. Com a tropicália
foi a mesma coisa. Acredito que tudo é um ponto de equilíbrio,
a cultura absorve isso. O que não pode é baixar
o nível porque isso informa mal o público. Por
isso me preocupo com o nível. O que importa é fazer
uma coisa elabarada, bem acabada, bem mixada, bela capa, etc.
E tem gente mandando muito bem nesse sentido.
Um bom exemplo é a Biscoito Fino tem feitos projetos
maravilhosos inclusive na área de música clássica
e erudita. A música erudita é deixada em 5o.
plano pelas grandes gravadoras e a Biscoito Fino tem feito
um grande trabalho por esse gênero.
Essa melhora de nível, está vindo das independentes
e isso tem acontecido no mundo inteiro, aqui também é assim.
As pequenas chegam mais rápido no público, via
internet ou loja mesmo e tem uma distribuição
mais arrojada. As grandes continuam, mas não dominam
como antigamente ficando pau a pau com as pequenas, gerando
uma concorrência legal. Tem espaço tanto para
uma quanto para outra.
(Entrevista concedida a Robson Candêo em 14/06/2005)