Consultando a coleção
da extinta revista Filme
Cultura em busca de uma filmografia
redescobrimos um artigo do crítico carioca Paulo
Perdigão sobre o King Kong de 1933, contando
como Merian C. Cooper teve a idéia de escrever
o roteiro do filme. E qual seria sua inspiração?
Nada menos que o livro As Viagens de Gulliver,
de Jonathan Swift, escrito há mais de dois séculos.
Ou mais exatamente o texto abaixo, em que Swift
conta a aparição de um animal gigantesco:
"E então vi um animal, colocando a sua cabeça diante
da porta e de cada janela. Eu me recolhi ao canto
mais afastado. Esse animal, que era um macaco, olhava
para dentro, para todos os lados, através da porta,
como faz um gato que brinca com um rato. Ele me agarrou
e me levou para fora, segurando-me pela mão direita.
Saltou da janela e correu com as outras três pernas
e trepou em uma parede. O macaco então foi visto
por muitas pessoas sentado no topo do edifício. tendo-me
preso em uma de suas mãos
como se eu fosse uma boneca. Depois, o macaco gigante
foi morto.”
O roteiro então foi escrito começando pela seqüência
do Empire State. Sobre a história, disse Cooper: "jamais
pensei em realizar nada além do plano da imaginação.
Filme mais ilógico nunca foi feito".
Algumas curiosidades:
um pterodactilo, um dos monstros que Kong enfrenta,
na realidade tinha o tamanho de um pombo, as dimensões
monstruosas que os filmes mostram são uma invenção
do cinema! Algumas cenas foram baseadas em ilustrações
de Pierre Bailly e outros para Gulliver. A seqüência
dos marinheiros no fundo do abismo foi filmada mas
cortada na montagem. Ao contrário de Peter Jackson
os produtores de KK 33 acharam que alongavam o filme
e não era absolutamente necessária.
Quando o filme
foi exibido na Europa os distribuidores locais cortaram
toda a seqüência inicial em que são
revelados os efeitos da quebra da bolsa de Wall Street.
Outros cortes foram
feitos pela RKO no relançamento
de 1952 :Kong arrancando as vestes de Fay Wray
foi um deles.
por
Carlos M. Motta