Em cartaz, o documentário Samba Riachão (em
algumas cidades apenas) revela ao público que não
conhecia uma personalidade extrovertida, cativante (confirmado
pelos
que
estiveram na
pré-estréia do filme), o compositor e cantor
baiano Clementino Rodrigues, uma espécie de Grande Otelo
do samba (de quem era admirador), sem as tragédias pessoais
deste.
O filme em si segue a fórmula mais tradicional do gênero,
com depoimentos, mas através do focalizado traça
a trajetória da música popular brasileira. Também
a exemplo de Paulinho da Viola, oferece um retrato intimista
dele, uma figura única no modo de vestir, na alegria
e descontração.
Um momento extraordinário é aquele em que mostra
o retrato pintado da mãe falecida, beija-o, começa
a cantar com uma flor na mão, se emociona, pede desculpas,
depois continua e no fim enxuga o rosto (uma cena que, se fosse
ficção, seria descartada - um arraigado preconceito
crítico - como sentimental). Parecendo mais curto que
seus 86 minutos, traz depoimentos de Dorival Caymmy, Caetano
Veloso, Tom Zé, Daniela Mercury e outros. Clementino
Rodrigues compôs, entre outras músicas, Cada
Macaco no Seu Galho (ótima!), que Gal Costa regravou.
Ele participou
também de A Grande Feira (1961), filme
baiano de Roberto Pires, do qual vemos algumas cenas (com
uma jovem Helena Ignez). Quem gosta de MPB deve assistir Samba
Riachão. Foi premiado em sua categoria e
pelo público
no Festival de Brasília 2001 e participou este ano
do Festival É Tudo Verdade.
Samba Riachão (Bahia, Brasil - 2001) 86 minutos - Jorge
Alfredo Guimarães - Distribuição: Pandora
Filmes.
Por Carlos Motta