Esta entrevista foi concedida ao nosso editor musical, Robson
Candeo, por telefone, direto da Gravadora Trama.
DVD MAGAZINE – Caro Simoninha, parabéns pelo
seu novo trabalho que nos traz um ótimo DVD ao mercado.
De quem foi a idéia de gravar um show para o MTV apresenta?
Simoninha – Na realidade, essa idéia partiu da
MTV. Desde o ano passado, eles queriam fazer uma coisa comigo.
A princípio pensaram em fazer o meu show, só que
eu já tinha um disco com músicas minhas lançado
no mercado exterior, e o meu show era desse disco, então
eu não queria regravar esse show, até porque
já tinha gravado um especial para a Direct TV. Por isso
eu queria fazer um disco novo de inéditas. Aí no
começo do ano a Trama e a MTV me chamaram e deram a
idéia de fazer algo com o trabalho do Ben Jor, até pela
aproximação que eu tinha com ele. Eu não
aceitei de primeira, porque queria fazer um disco novo com
minhas músicas, então, depois de conversas, de
ter a garantia que eu fizesse um disco meu esse ano, e depois
de conversar com o Jorge, que me deixou bem à vontade
e até sugeriu algumas coisas, topei em fazer o trabalho.
DVD MAGAZINE - Você comenta na entrevista que faltou
a música 'Que Maravilha'. Por que ela não foi
incluída, já que é o maior sucesso de
Ben Jor ao lado de 'País Tropical' e 'Fio Maravilha'?
Simoninha – ‘Que Maravilha’, e também
outras músicas não entraram, porque quando eu
montei o show eu não queria que fosse um show do Ben
Jor, e sim um show com minha leitura, sem ser um cover do Jorge.
Optei por músicas menos conhecidas e importantes da
obra do Jorge, sem deixar de gravar algumas conhecidas. Até a
hora do show, eu tinha dúvidas se o show ia funcionar,
porque não tive tempo de testar isso, o teste ocorreu
mesmo na hora de gravar. Mas agora acredito que ficou legal.
DVD MAGAZINE - Este é seu quarto disco. O primeiro
foi lançado em 2000. Por que você, que está na
estrada há tanto tempo, demorou tanto para lançar
seus trabalhos solo?
Simoninha – Várias razões. Primeiro porque
eu acho que não despertei o interesse das gravadoras
que eu propunha os trabalhos. Aí comecei a produzir
e trabalhar em estúdio e aperfeiçoei esse outro
lado. Então apesar de ter participado como músico
e produtor, eu não consegui alguém com interesse
em gravar um disco meu. Isso desfaz essa imagem de que filho
de artista consegue as coisas fáceis.
DVD MAGAZINE - Suas músicas vão de uma bossa
até uma balada funk, mesclando vários ritmos.
A que você atribui essa sua diversidade musical?
Simoninha – À minha formação que é muito
democrática em termos de música. Claro que tem
uma pegada onde deixo claro meu estilo, mas acho que essa coisa
que tive em casa desde muito cedo, de poder escutar muitas
coisas diferentes sem preconceitos, foi fundamental na minha
formação.
DVD MAGAZINE - O quanto às músicas e o estilo
do seu pai, influenciaram o seu estilo musical?
Simoninha – Tem seu peso claro, o que eu acho bem natural.
Meu pai inaugurou um estilo musical no Brasil e esse estilo
foi pouco seguido pelos problemas na carreira dele. Me sinto
honrado de ter um pouco do estilo do meu pai na minha carreira
musical.
DVD MAGAZINE - Seu trabalho é muito bom, tem músicas
com um ótimo balanço e boas letras, mas no meu
ponto de vista, você não obteve o devido reconhecimento
da mídia e do público ainda. O que você acha
que falta para o Brasil descobrir o Simoninha? Será que
uma gravação para a MTV era o que faltava?
Simoninha – Isso o tempo vai dizer. Eu tento ter tranqüilidade
de ir fazendo os meus trabalhos do jeito que acho que ele tem
que ser feito. E o que me dá força é que
sinto que tem mais gente gostando do meu trabalho, cada dia
vendo mais discos, cada dia tem mais gente vendo meus shows,
e acho que estou construindo minha carreira de uma forma legal,
e esse caminho acho que cria alicerces para a carreira.
DVD MAGAZINE - Nos seus discos anteriores, você regrava
músicas de vários artistas, além de incluir
músicas suas. Nesse último, dedicou-se somente
a um artista. Você já comentou que quer fazer
o próximo disco com músicas suas. Você gostou
de fazer essa homenagem única? Pretende fazer outra?
Simoninha – Eu gostei. É um trabalho bonito,
estou orgulhoso e explora outros lados meus: meu lado de intérprete,
produtor e arranjador. Lá na frente eu não sei,
mas o meu enfoque agora é trabalhar esse DVD, e na seqüência,
trabalhar o meu novo álbum de carreira voltado para
músicas inéditas que acho que é o que
dá o balanço e o equilíbrio na carreira
de um artista.
DVD MAGAZINE - Você já foi diretor artístico
da Trama, tem uma produtora, produz o trabalho de vários
artistas e ainda grava o próprio trabalho. Onde arruma
tempo para tanta coisa? Isso não atrapalha seu trabalho
solo?
Simoninha – Eu tento sempre olhar pelo lado positivo.
As coisas agregam, como esse próprio DVD que tenho usado
como um laboratório para um monte de idéias para
o meu trabalho. Acho que essa confusão de muitas coisas,
nesse momento da minha vida, são até boas porque
instiga você a trabalhar mais. Acho positiva essa correria
nesse momento da minha carreira. Acho importante para ajudar
até a criar mais e talvez porque seja uma característica
dos novos tempos.
Entrevista concedida a Robson Candêo em 24/06/2005