GAROTA DA VITRINE (Shopgirl)
 


22 de março de 2006

Você está acostumado a esperar de Steve Martin comédias rasgadas, com muito humor visual, digo pastelão (O novo A Pantera Cor de Rosa, a sérieDoze é Demais).

Mas ele mudou completamente de tom agora, com A Garota da Vitrine (“Shopgirl”), que está estreando nos cinemas e que foi inspirado num livro de autoria do próprio Steve. Acontece que, na vida particular, ele é um homem muito sofisticado, fechado, colecionador de arte e até um pouco frio e chato.

Este romance reflete um pouco isso, mostrando de forma delicada, mas sem graça, o romance de uma balconista (o título nacional está completamente errado), com um homem rico e mais velho (o próprio Martin). Pouco acontece de especial e certamente será mais um fracasso de bilheteria, numa série de outros este ano. Até porque fãs de Martin irão se decepcionar.

Foi o próprio Steve quem fez o roteiro, de um livro curto (que, por acaso, eu havia lido e achado medíocre). Passou a direção para o tailandês Anand Tucker, que eu tinha esquecido que havia dirigido antes o bom Hilary e Jackie (1998), seu filme anterior! É evidente que Steve foi a personalidade dominante do projeto, controlando absolutamente tudo, inclusive a visão sofisticada de Los Angeles (cidade que ele adora e glorificou em L.A. Story). Mas a trama é muito fraquinha.

Não gosto particularmente de Claire Danes (a ex-Julieta de Romeu + Julieta”, com Leonardo De Caprio), que serve para interpretar a moça do interior, que vende luvas num grande magazine, e cai nas graças de um homem rico, que a leva aos melhores lugares e mantém com ela um romance morno, sem grandes lances e esperanças. Para dar maior sabor, cria-se um conflito maior com outro rival, um cara chato e irritante, com pretensões a cineasta, que de vez em quando também corteja a heroína (papel ideal para o chato e irritante Jason, sobrinho de Coppola e filho de Talia Shire). Isso provoca algumas risadinhas, mas nada de mais consistente. Mesmo porque o filme caminha com certa elegância até o desenlace sem surpresas.

 É curioso de se observar que Martin não envelheceu nestes mais de 25 anos em que é astro (desde 79 com O Panaca / “The Jerk”), e mesmo tendo 60 anos está extremamente conservado. Dá até para aceitá-lo como par romântico de Claire Danes.

Por Rubens Ewald Filho

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