08
de novembro de
2004
Este é um
bom momento para ir ao cinema quando começam a estrear
as revelações da Mostra Internacional BR. Como
este filme argentino (e insira aqui aquele velho chavão
sobre a qualidade do cinema local que já estamos cansados
de saber), do mesmo diretor e ator de Esperando Messias, sucesso
recente e que com esta fita ganhou no último Festival
de Berlim tanto o Prêmio do Júri quando o de melhor
ator (e me parece um forte candidato ao Oscar de filme estrangeiro,
muito mais que o nosso Olga).
É comum
ao final da sessão encontrar pessoas chorando
em particular da colônia judaico-polonesa, não que
o filme seja particularmente triste. Mas por causa da ternura,
da delicadeza e humor com que o filme trata de um assunto aparentemente
banal: relacionamento pai e filho. Sem duvida, a fita não
existiria sem o peculiar charme e carisma de Daniel Hendler (que é uruguaio),
que faz o protagonista Ariel que trabalha com sua mãe
numa Galeria de Buenos Aires, onde eles tem uma lojinha de roupas
de baixo femininas. Sua vida é banal: tem um casinho com
a vizinha que cuida da loja de Internet, ajuda o irmão
que é meio contrabandista, uma ex-namorada que largou
porque o sonho é conseguir o passaporte polonês
e emigrar para a Europa.
Na
verdade, ele nunca se conformou com a ausência do pai
que agora mora em Israel e o deixou ainda pequenino.
E por
isso o filme é principalmente sobre o perdão,
a reconciliação, assumir suas origens até então
descuidadas.
Feito
obviamente com poucos recursos, isso nem se percebe pela a qualidade
humana dos personagens e do elenco.
Que não
precisam falar em Holocausto para nos enternecer.
Por Rubens Ewald Filho
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