10
de setembro de 2005
É incrível
como os Irmãos Farrelly mudaram. Seus últimos
filmes perderam o clima de baixaria de Quem
Vai Ficar Com Mary? Ficaram suaves, doces, românticos
e, infelizmente, menos engraçados. Também
têm
sido menos bem-sucedidos nas bilheterias.
Como é o
caso deste Amor em Jogo, uma comédia
romântica sem nenhuma grossura e muita água
com açúcar. Uma fita de muitos méritos,
o maior deles a presença de Drew Barrymore,
que nunca esteve tão magra, bonita e encantadora.
Mas para brasileiro, tem um obstáculo intransponível: é sobre
beisebol, que nossa gente não entende nem
gosta. Mais que isso, é sobre um fanático
torcedor de beisebol e os problemas que isso causa
para sua vida romântica.
Originalmente
a história é baseada
num livro do inglês Nick Hornby,que virou cult
graças ao público que conquistou com
Alta Fidelidade e Um Grande
Garoto.
Só que Nick é fã de futebol,
mais precisamente do time do Arsenal, e escreveu
sobre o fanatismo por esses times (a história
foi filmada em 97, com roteiro dele, como “Fever
Pitch”, com Colin Firth, mas o filme foi pouco
distribuído, como Febre de Bola).
A idéia dos Farrelly foi transpor a ação
para os Estados Unidos mudando também de esporte,
preferindo o Red Sox de Boston, justamente um time
que não ganhava um campeonato há mais
de cem anos. Numa situação incrível,
o filme deu sorte a eles e o Sox sagrou-se campeão
(e por isso tiveram que mudar o final da história,
já que estava previsto outro!). Acontece que
para o fã do esporte, há amor demais
e pouco beisebol, o que pode explicar seu medíocre
desempenho nas bilheterias americanas (custou 40
milhões, rendeu 42!). Mas usando um roteiro
da experiente dupla Lowell Ganz e Babaloo Mandel
(Parenthood, Splash, Esqueça
Paris), o filme consegue contar uma simpática
história de amor, com reviravoltas, diálogos
espertos, sacadas divertidas e todos os clichês
do gênero.
Assiste-se
sempre com um sorriso nos lábios
a história do professor de escola do 2º Grau
(o comediante do “Saturday Night Live”,
Jimmy Fallon, bem melhor do que em Táxi),
que se apaixona por uma executiva bem-sucedida (Drew).
Mas o beisebol preencheu sua vida toda, então
fica difícil deixar entrar uma mulher. Mais
difícil ainda para ela, que fica sempre
num plano secundário quando o time joga. É um
conflito com que muita esposa/namorada vai se identificar
e que é resolvido de maneira
correta.
Confesso
que gosto de comédia romântica
e as últimas têm me decepcionado.
Da safra recente, Amor em Jogo é a
melhor. Difícil fazer sucesso numa época
em que está todo mundo fugindo do cinema. Mas é um
bom programa para ser visto a dois.
Por
Rubens Ewald Filho