AMOR SEM FRONTERIAS

24 de março de 2003

Ninguém tem pior gosto do que Angelina Jolie. Não digo apenas em maridos, embora Billy Bob Thorton tenha sido o fim da picada. Mas em roteiros. Parece que foi vitima da maldição do Oscar, já que desde que ganhou o prêmio de atriz coadjuvante (por Garota, Interrompida, 99) nunca mais fez um filme ou papel decente. Continua linda, charmosa, misteriosa e provavelmente maluca. Mas não acertou nem mesmo na dupla de fitas de Lara Croft. Muito menos aqui, um drama romântico disfarçado de aventura com toques políticos, com um final extremamente desagradável e apenas um mérito: foi por causa do filme que Angelina se interessou pelos problemas da fome no Cambodja, adotou uma criança de lá e hoje é embaixadora da Unicef. Algum bem resultou de toda esta infeliz confusão.

Repleto de boas intenções mas com um mau roteiro, o filme de Martin Campbell (Limite Vertical, A Mascara do Zorro) é construído claramente em três atos. Angelina faz uma americana em Londres em 1984, Sarah Jordan, casada com o filho de um rico industrial que se impressiona com o pedido de ajuda de um médico Nick (Clive Owen, de Crupiê e Assassinato em Gosford Park) que precisa de auxilio para as vitimas da fome na Etiópia. Vai pessoalmente levar os mantimentos e aprende uma lição sobre a miséria do mundo.

Passam os anos e o marido perdeu o dinheiro, ela passa a trabalhar para a ONU e reencontra Nick, que agora esta no Cambodja tendo problemas com o Khmer Rouge e para conseguir algum dinheiro para ajudar as vitimas dos comunistas foi forçado a contar com a ajuda econômica da CIA, o que o torna uma espécie de espião renegado. Há ainda um ato final, quando Sarah vai novamente atrás de Nick, desta vez tentando salva-lo dos rebeldes da Chechenia que o mantém prisioneiro.

E por amor, enfrenta tudo, franco-atiradores, minas explosivas e caminhadas no gelo.

Numa história que vai se tornando cada vez mais absurda, delirante e inviável (além da visível intenção de provocar lágrimas). O fracasso nos EUA foi espetacular (para um orçamento de 35 milhões não conseguiu render nem 3!). E merecido.

 

Por Rubens Ewald Filho