26
de janeiro de 2006
À principio
estava achando que o diretor britanico Ken Loach,
famoso por seus filmes político-sociais, sempre
críticos e ousados, tinha amaciado. E estava
entrando em seara que o Stephen Frears já mexeu
há mais de vinte anos até como mais
impacto, quando mostrou um caso gay de paquistanês
com um inglês em Minha Adorável Lavanderia.
Ou seja, era pouco, contar apenas o romance entre
um rapaz de família mulçumana do Paquistão
que vive na Inglaterra há mais de 40 anos
com uma jovem professora de música, loira
e irlandesa, separada do marido. Obviamente o que
vem provocar problemas, já que o rapaz tem
uma noiva prometida que é sua prima e esta
com casamento marcado. Mas como ele já trabalha
como DJ e esta tentando montar sua discoteca supõe-se
que ele já seja meio liberal (o filme deixa
de lado tudo que se refere a profissão dele,
embora qualquer um sabe que para dar certo nela teria
que se envolver com drogas, tipo ectasy e financiadores
mafiosos, que dominam esse setor, ainda mais na Grã-Bretanha).
A
história se passa na Escócia e parece
que Loach conseguiu a produção porque
lá estão criando incentivos para o
cinemas. Usando o talento local (um dos que se reconhece é Gary
Lewis que fez o pai de Billy Elliott, que aqui é um
dos pedreiros). O filme vai até a metade bastante
tolo e previsivel, quando Loach finalmente mostra
suas verdadeiras cores e assume o que pretende denunciar.
De repente, o casal passa a ser perseguido. Ele pela
família que faz pressão (por parte
da irmã mais velha, mais tradicional cujo
casamento arranjado esta em perigo porque “a
honra da família” foi abalada). E no
maior estilo Dama das Camélias vai falar com
a professora (digo isso, porque há a cena
clássica de Camille, onde o pai do moço
vai pedir para Marguerite abandona-lo porque viver
com uma mulher cortesã como ela iria arruinar
seu futuro). Mas tocante é o caso da professora
que leciona num escola católica, mas de acordo
com a lei escocesa ela tem que ter a aprovação
de seu pároco. Embora a escola a queira, o
padre é um fanático (é a cena
mais forte do filme com o padre virando um vilão
inominável) que a trata com grosseria acusando
ela de viver em pecado e questiona como poderiam
ser os filhos do casal (e criados em que religião).
Enfim é inacreditável que isso aconteça
ainda hoje em dia.
Mas
são essas denuncias (por sinal nunca tratadas
melodramaticamente mas no estilo meio documental,
distante de Loach) que tornam o filme diferente e
especial. Não entre os melhores do diretor
mas ainda assim interessante.
Exibido
em Berlim, ele ganhou o Premio Ecumênico e das Salas de
Arte de Berlim. Ganhou também um César
de melhor filme da Comunidade Européia
.
Por
Rubens Ewald Filho