23
de abril de
2005
É preciso
lembrar que se trata de uma refilmagem de um modesto filme de
ação que virou cult, pouco visto no Brasil, que
John Carpenter fez e dirigiu antes de ficar famoso com Halloween.
Foi em 1977 e o titulo local foi Trovão nas Ruas ou Assalto à Décima
Terceira DP (Assault on Precint 13) com um elenco desconhecido.
O próprio autor confessa e admite que se inspirou em
outro filme, Onde começa o Inferno (Rio Bravo, 60) de
Howard Hawks, de onde tirou a situação básica:
uma delegacia de polícia sitiada por bandidos que desejam
resgatar um prisioneiro. A partir daí o roteirista James
Del Mônaco reinventou um roteiro, modernizando-o (a fita
resulta muito violenta para os padrões atuais) e criando
mais reviravoltas e surpresas.
O resultado é bem
razoável
mas não teve o sucesso que se podia imaginar, nem aqui,
nem lá fora. Mark
Wahlberg recusou o papel central, que sobrou para Ethan Hawke
um ator limitado mas esforçado que faz seu melhor
no papel de um agente de polícia honesto (que no prólogo
está disfarçado fazendo um flagrante mas sem
querer provoca a morte de seus dois companheiros). Depois como
sargento, ele é responsável por fechar
uma delegacia decadente em Detroit, justamente numa noite de
nevasca em pleno reveillon. A delegacia já está praticamente
desmontada quando por causa do mau tempo são obrigados
a hospedar um grupo de prisioneiros que estão sendo transportados
para outro lugar inclusive um famoso e perigoso gangster negro
que é o chefão da cidade (Laurence Fishburne).
Aí, já no começo, o filme força a
barra, já que é difícil aceitar um transporte
desses, nessas condições e nesse dia. Assim como é difícil
engolir que, depois de um cerco que dura à noite toda,
ninguém interfira ou perceba nada. Nem mesmo os capangas
do gangster. Então é preciso não levar muito
a sério a trama. Assim, ficam isolados na delegacia, o
sargento, a secretária (Drea, que veio do seriado Os
Sopranos),
um policial que está para se aposentar (Brian Dennehy).
Quando chegam os prisioneiros, eles ficam sitiados como se fosse
um forte cercado por índios num antigo faroeste. Só que
cortam a força (até os celulares!!!!) e vem atacando
até que se fica sabendo a identidade dos bandidos (não
vou revelar), e o sargento é obrigado a armar os prisioneiros
(além do gangster tem um drogado psicopata feito com o
exagero habitual por John Leguizamo e mais dois negros). Mesmo
não podendo confiar neles.
Todo
o subtexto é o de sempre, honra entre inimigos (e
marginais) e a corrupção da polícia. Com
bastante ação, suspense e violência,
o filme será um programa eficiente mais tarde em Home
Vídeo.
Filme
de menino claro porque mulher irá odiar seus excessos
e a falta de piedade com que liquida um dos personagens femininos
centrais. É também o primeiro filme americano de
um diretor e fotógrafo francês que eu desconhecia
e que tinha feito três fitas antes.
Por Rubens Ewald Filho
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