23
de março de
2005
Filmes
sobre futebol têm a tradição de fracassarem
nas bilheterias.
É uma
pena se isso acontecer também com esta divertida
e despretensiosa comédia, que apesar de ser toda centrada
na rivalidade de dois times de São Paulo, Corinthias e
Palmeiras, tem pouco futebol (apenas umas poucas seqüências
em que o diretor procura homenagear o estilo dos antigos jornais
do Canal 100). E pode agradar as mulheres, por causa de sua história
romântica e divertida e seu humor sem apelações
(as piadas não são vulgares, nem mesmo uma situação
envolvendo impotência). Neste primeiro filme paulistano
de Bruno Barreto, ele teve a boa idéia de pedir a ajuda
de três roteiristas locais famosos, Mario Prata, Jandira
Martini e Marcos Caruso, que criaram um roteiro simpático
ainda que superficial.
Não
se conhece bem os personagens até porque o tom é de
farsa. Foi
aí que Bruno fez a melhor coisa. Já que ele
não tem uma tradição de comédia,
pediu para Jandira (que assina como produtora) para ajudá-lo
na condução do elenco e no timing de humor. E o
resultado é formidável.
Luiz
Gustavo tem seu melhor momento no cinema em toda sua carreira
fazendo o fanático
torcedor do Palmeiras, pai de Luana Piovani, que tem problemas
para aceitar um genro não apenas corintiano, mas também
chefe de torcida. Ele consegue dar uma dimensão humana
ao personagem, como aqueles antigos e grandes atores da comédia
italiana dos anos 60. Mas o resto do elenco não fica atrás.
Marco Ricca que tem a tendência de ser discreto demais,
convence plenamente na comédia. Luana Piovani está uma
graça (embora o personagem faça menos na segunda
metade). Na verdade, todo o elenco está ótimo,
sem cair em exagero ou chanchada. É uma diversão
muito agradável, muito competente.
Tão boa que eu temo por seu sucesso nestes tempos em
que tudo tem jeitão de Zorra Total.
Por Rubens Ewald Filho
|