21
de fevereiro de 2006
Premiado
na Itália, mas sempre com citações
menores (três prêmios paralelos em Veneza,
David de Donatello de som, prêmio do Sindicato
dos jornalistas italianos como fotografia, som e
filme), este novo filme de Gianni Amelio (Assim é que
se Ria, que venceu Veneza, América
- O Sonho de chegar), é daqueles bons
filmes difíceis de assistir, porque mexe com
temas que não gostamos de enfrentar, ou mesmo
assumir.
Prejudicado
por um ator impassível e que,
faz a mesma expressão o tempo todo (Kim Rossi
Stuart, que foi ator juvenil e é filho do
ator de faroeste Giacomo Rossi Stuart), é porém
um tentativa sincera, e eficiente, de contar uma
história humana e sensível. Sem
melodramas ou facilidades. Mas também,
sem explicar muito (não sabemos direito qual é a
doença do garoto, nem quem é o casal
que cuida dele, nunca vemos a mulher ou o filho do
herói- isso só é mencionado
de passagem, assim como o fato de que a mãe
do menino morreu no parto). Ou seja, temos que lidar
com poucas informações.
Assim
Gianni aceita a missão de levar o filho
de 15 anos (mas que aparenta muito menos) para um
check-up num hospital em Berlim, embora nunca o tivesse
visto ou assumido antes.
O menino o aceita numa boa, e ambos passam por peripécias
em geral causadas porque ele desconhece o comportamento
do menino (que de vez em quando foge sem explicações),
e não se consegue mesmo entender a si próprio
(a única “escada” dramática
que o roteiro lhe fornece é a presença
no hospital de uma mãe de outra criança
doente, feita por Charlotte Rampling, com quem ele
inicia uma amizade).
O filme basicamente conta a temporada em que Gianni
passa a conhecer o filho, se afeiçoando a
ele.
E na verdade, só funciona por causa da escolha
de Andréa Rossi para fazer o menino doente.
Tem
até umas bobagens sem conseqüências
(como uma viagem desnecessária até a
Noruega).
O garoto é formidável, simpático,
tem uma figura forte e eficiente (mas não
tenho elementos para julgar quando está representando
ou está sendo ele mesmo).
De
qualquer forma, o filme é interessante
ainda que restrito a um público pequeno e
especial.
Por
Rubens Ewald Filho