28
de abril de
2005
Ao
contrário de parte da crítica brasileira, eu ainda
prefiro o filme anterior O Herói (que continua em cartaz
nos cinemas brasileiros). Mas ainda considero esta nova aventura
do mesmo diretor Zhang Yimou e equipe, de excelente qualidade,
grande poesia e beleza plástica. Mas a verdade é que
este é um filme mais linear, com uma trama bem mais previsível
(embora tenha certas reviravoltas e pretenda algumas surpresas
a história da prisioneira e do espião se apaixonarem é previsível,
embora a evolução para um triângulo amoroso
seja inesperado).O problema
comercial é que é um
filme de amor, basicamente uma love-story e por isso frustra
o espectador masculino que esperava ainda mais ação
e menos sentimento (a espectadora feminina já entrou no
cinema com relutância, porque não queria ver um
filme de artes marciais chinesa acaba lhe replicando feliz: Foi
você quem escolheu!). Não chega a ter o impacto
visual no uso das cores de O Herói, mas ainda é um
filme extremamente caprichado nos enquadramentos, no hábil
uso dos efeitos digitais, nos figurinos e na sua esplêndida
fotografia indicada ao Oscar.
Não
custa repetir que Yimou foi diretor de fotografia antes e por
isso tem um domínio
tão grande no uso das cores (o filme tem por exemplo,
uma luta nos bambuzais que deixa uma similar no O tigre
e o Dragão no chinelo). Fico meio
intrigado com as poucas cenas em interiores feitas em estúdio,
que tem cenografia com cores intensas (a prisão, o bordel
e a casa do Clã). Parece que
ele começa de forma proposital, um pouco convencional,
até quadrado. Logo nos primeiros dez minutos tem uma cena
espetacular, talvez a melhor do filme, que é a dança
do Eco, com Ziyi dançando com os véus e tambores
(que é uma maravilha). Aos poucos vai se entendo a história.
No ano 800 e pouco da Era Cristã, uma sociedade secreta
chamada O Clã das Adagas Voadoras (por que são
especialmente hábeis em jogar adagas mortais) tenta derrubar
o governo. Um oficial do exercito governista seqüestra uma
jovem dançarina cega, que ele acha que é a filha
do ex-chefe do Clã, pensando em segui-la até o
esconderijo deles.
Ou
seja, uma situação clássica de aventura.
Mas no caminho teremos uma série de surpresas e algumas
entreatos marcantes: um romance no campo de flores silvestres
que logo se transforma em campo de batalha, outro num bambuzal
e finalmente um acerto de contas numa montanha (onde haverá uma
tempestade de neve rodada na Ucrânia!). O filme vai ficando
cada vez mais intenso, apaixonado, por vezes arrebatador e romântico
(um detalhe interessante: o filme é dedicado a uma atriz
/estrela chinesa Anita Mui, que pelo jeito faria o papel da líder
do Clã mas que sofria de câncer e morreu antes de
rodar seu papel. Em vez de substitui-la preferiu deixar o personagem
de fora.
Outra
curiosidade: a tradução literal do titulo
chinês é Emboscada vinda de Dez Direções).
E confirma o talento e estrela de Ziyi que atualmente roda nos
EUA, Memórias de uma Geisha, começo de estrelato
internacional.
Por Rubens Ewald Filho
(Foto: divulgação. Copyright ©2004
Sony Pictures Entertainment)
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