O CORONEL E O LOBISOMEM
 


16 de outubro de 2005

Prometia ser um novo sucesso depois de 2 Filhos de Francisco credenciado pelos seus produtores, Guel Arraes, Paula Lavigne (ou seja, Caetano Veloso fez a trilha musical, desta vez em parceria com Milton Nascimento), Globo Filmes, os roteiristas Jorge Furtado e João Falcão. Mas não acredito muito num êxito depois que o boca-a-boca confirmar que é apenas uma fitinha razoável, muito pouco engraçada, mal roteirizada e sem o charme que passamos a esperar de qualquer coisa que envolva Guel Arraes. Ou seja, um filme anódino, chocho, sem brilho. Que se pode ver mas não traz nada de novo.

O romance original de José Candido de Carvalho é dado a adaptações já que houve em 79, uma fraquinha de Alcino Diniz com Mauricio do Valle, uma minissérie de Chico de Assis para a TV Cultura. Mas nunca me impressionou. Basicamente é sobre um herói fraco, burro, passivo, que se deixa roubar e enganar, vivendo num sonho de ter um romance com uma prima (Ana Paula Arósio) que o larga quando herda a fazenda mas cheia de dívidas. Quando fica rica, ela retorna mas já casada com uma cria da família, outro vigarista (Selton Mello, que desta vez acerta menos compondo tipo). Os dois exploram o barbudo, ingênuo e tolo coronel, que poderá ser também um mentiroso (estranhamente o filme não enfatiza isso talvez porque situam toda a ação num tribunal, num julgamento, onde ele conta tudo em flash-back que serve de pretexto para a aparição tão esperada do tal Lobisomem do título).

Muito se falou sobre esse efeito digital mas qualquer veterano de ver filmes em DVD, ou Home Video, vai se impressionar especialmente. Até porque o filme aborda mal a fantasia e conclui de uma maneira pouco feliz. Espero ser minoria mas o filme me deixou indiferente, achando mal construído o personagem central (o que atrapalha e muito, o trabalho do bom ator Villela), mal desenvolvida a história e totalmente banal a direção. Faltaram os toques de criatividade e charme com que Guel normalmente adorna esse tipo de adaptação e projeto. Ficou um filminho banal, não desagradável.

Mas sem grandes destaques até no elenco (para mim, Pedro Paulo Rangel acaba sendo o mais consistente fazendo um amigo caipira fiel).

Por Rubens Ewald Filho

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