11
de outubro de
2005
O
mais divertido é saber que se trata de uma
história real, de que tudo que aparece na
tela realmente sucedeu, dessa forma, ou quase.
Nos anos 70, quando a Espanha ainda não tinha
se modernizado, veio da Escandinávia um pedido
a uma editora (que não vendia mais nada de
enciclopédias, porque agora tudo era em fascículos),
de realizarem filmes eróticos, mostrando o
comportamento sexual do espanhol para uma dita Enciclopédia
Mundial da Reprodução.
Um
casal em apuros financeiros (feitos por Javier Câmara,
de Fale com Ela e Candela
Peña de Tudo Sobre Minha Mãe,
ambos de Almodóvar), resolve experimentar.
Só que o rapaz toma gosto e começa
a fazer filmes (em Super-8) cada vez mais cuidados,
mais atrevidos (e sofre muita influência de
Ingmar Bergman, principalmente de O Sétimo
Selo).
Curiosamente, eles se tornam celebridades no Norte
da Europa - sendo que a moça vira símbolo
sexual - o que leva o dono da editora a produzir
um roteiro pretensioso, que o herói escreveu,
cheio de símbolos dramáticos e intensos
(como em Bergman, o herói era a morte que
vinha buscar uma viúva), mas também
com uma versão explícita para ser exibida
no exterior (parece que este filme se chamou “Lo
Verde Empieza em los Pirineos” [73], e foi
assinado por um certo Vicente Escrivá).
Essa
história é contada como comédia,
com muitos detalhes pitorescos, sem nunca resvalar
para a chanchada (apesar da nudez freqüente,
o filme nunca fica grosseiro), resultando extremamente
divertido (até pela feliz escolha de coadjuvantes)
e com uma saída honrosa para a heroína
(ela deseja ter um filho, mas o marido é estéril).
A
fita circulou o mundo inteiro, até os EUA,
teve até vários prêmios e indicações
(inclusive para os Goya de ator, roteiro, diretor
estreante, coadjuvante [Juan Diego]), ganhando o
Festival de Málaga, melhor atriz em Miami,
o prêmio Ondas para o casal, etc.
Infelizmente foi lançado às pressas
e poucos tiveram chance de conhecê-lo. Mas
vale uma visita.
Por
Rubens Ewald Filho