27
de dezembro de
2004
Esta
fazendo bastante sucesso no Brasil, este drama romântico,
talvez porque aqui Richard Gere seja um campeão de bilheteria.
Mas
principalmente porque quase ninguém viu o original
japonês de 97. Qualquer comparação é triste.
Não apenas o primeiro era melhor, como mais humano, sincero
e contextualizado. A repressiva sociedade japonesa serve muito
melhor para explicar como o herói se soltaria dançando
numa aula de dança de salão. Também o personagem
da esposa não era tão desenvolvido (nem puseram
uma estrela premiada como Susan Sarandon, que por sinal esta
dando novo significado e vida para as mulheres de 50, provando
que elas ainda podem ser sexy e atraentes). O pior mesmo para
mim é o absurdo de se fazer um filme com Gere e Jennifer
Lopez e não desenvolver um romance entre eles, deixando
tudo reduzido a uma mera dança (e por sinal não
especialmente boa). Também produzido pela Miramax, o filme
começa seguindo o japonês (que saiu também
por eles e se chamou também Dança comigo?) com
o herói tomando um metrô (ou trem) e olhando a figura
da moça (Jennifer ) na janela do curso de dança.
Escolheram por isso Chicago que era a única cidade que
tinha um trem urbano assim mas o personagem ficou com filhos
mais velhos (que aparecem e somem) e com uma presença
muito forte da esposa, que pouco acrescenta ao filme.
A maior
modificação foi com a trilha musical que incorporou
justamente a canção Shall We Dance (titulo
americano do filme japonês) de Rodgers e Hammerstein, que
foi escrita para o musical O Rei e Eu (e é um
dos momentos mais marcantes do filme quando finalmente Yul Brynner
sai dançando a
polka com Deborah Kerr) e aparece aqui em diferentes versões.
Também se mostra o universo dos concursos de danças
de salão, mas de forma caricata, lembrando o pioneiro
no assunto, o australiano Strictly Ballroom (no Brasil, Vem
Dançar
comigo). Ou seja, o filme dirigido pelo fraco Peter
Chelson (Escrito
nas Estrelas / Serendipity / Ricos, Bonitos
e Infiéis)
porém é fácil de ver, graças a um
elenco divertido: tem os três colegas de classe (um deles
aquele que vira gay, acho particularmente talentoso, Bobby Cannavale,
de O Agente da Estação), a dona
do lugar (feita pela veterana atriz da Broadway, Anita Gilette),
o colega de
escritório enrustido (um papel ingrato para Stanley Tucci),
e um papel muito bom, o da veterana Bobbie desperdiçado
numa fraca atriz chamada Lisa Ann Walter. Gere continua inexpressivo
só que mais velho. Jennifer tem muito pouco a fazer mas é uma
figura interessante (claro que exploram seu traseiro, o que ela
tem de mais notável) e Sarandon joga o charme. Custou
40 milhões de dólares, rendeu 57 nos EUA, não é fracasso.
E foi abraçado pelo publico feminino, portanto terá longa
carreira ainda em Home Vídeo.
Como
está é a ultima coluna do ano, meus votos
de Feliz Natal e um Excelente Ano. Até 2005!
Por Rubens Ewald Filho
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