22 de
julho de 2005
Vocês
certamente já ouviram falar e até usam isso na
vida particular.
Entre
as pessoas, principalmente para trabalho e romance é preciso
que haja uma química. Algo indefinido e indefinível,
que as torna uma terceira identidade, uma dupla, uma parceria,
um casal. Não se sabe a razão disso, certamente
nada tem a ver com ligação romântica (grandes
duplas que abusavam da química como, por exemplo, Fred
Astaire e Ginger Rogers, Jeannete MacDonald e Nelson Eddy, não
se gostavam, até se odiavam. Mas só davam realmente
o melhor de si quando estavam juntas na tela). Por isso que se
supõe que seja algum elemento químico que se mistura
bem, que funciona. Perceber essa química não é fácil.
Não é uma ciência palpável. Mas o
público é mestre nisso.
Muito
melhor do que os críticos. Por exemplo, Meg Ryan
e Tom Hanks usam e abusam dessa química, em particular
em comédias românticas. Minha teoria é de
que este filme De Repente é Amor não
funciona simplesmente porque não há a menor química
entre o casal central, o que é fundamental para a história.
O roteiro pretende ser uma variante no clássico do gênero,
Harry e sally - Feitos um para o Outro (a chamada já diz
isso, quando afirma “não há nada melhor para
arruinar uma perfeita amizade do que o amor”).
No
caso, Oliver (Ashton, que estaria rompendo com sua namorada Demi
Moore e é mais conhecido por seus papeis de adolescente
na serie de teve “The 70´s Show” e fazendo
papel de idiota noutra da MTV chamada “Punked”).
Enfim, ele é muito alto, magrinho, esquisito, tanto
que geralmente faz papel de gaiato, de trouxa, tonto. Como
aqui por sinal,
onde entra num aeroporto em Los Angeles, e se interessa por
uma garota
que está brigando com o namorado roqueiro e depois numa
daquelas viradas que só sucedem no cinema, Emily transa
com ele no banheiro do avião, sem mais, nem menos. Coisa
impossível por várias razões, principalmente
o tamanho ridículo do lugar. Bom, começa então
o atribulado romance. Quando um quer, o outro não pode.
Ou ele está noivo ou pensando em ganhar dinheiro com
uma ponta com, ou é ela que está envolvida com
um terceiro (um defeito do filme e de vários recentes é não
saber desenvolver os personagens secundários, nem mesmo
os de amigos confidentes, privando a gente de personagens que
poderiam ser divertidos e interessantes).
Enfim é uma
sucessão de desencontros e encontros,
nos próximos sete anos, até a conclusão
inevitável. O filme que não chega a ser desagradável
até porque é conduzido pelo competente inglês
Nigel Cole (Garotas do Calendário / "Calendar
Girls" e “Saving Grace”) e que segue as regras
do gênero (musiquinhas charmosas na trilha, locações
fotogênicas) acaba não funcionando justamente porque
o casal não tem nada a ver. Amanda Peet (que pelas datas
oficiais seria de 1972, enquanto ele é de 78, ou seja é bem
mais velho, a diferença fica clara na tela). Amanda tem
demonstrado talento em fitas como Alguém tem que
Ceder, Identidade, Meu Vizinho
Mafioso, Melinda
e Melinda. Mas não tem nada a ver com Ashton que
faz o tipo alto e bobo, simplesmente não combinam.
O público
intui isso, o que pode explicar porque a fita foi um modesto
semi-fracasso na sua carreira americana.
Por Rubens Ewald Filho
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