DIABO A QUATRO

29 de julho de 2005

Usando parece até como citação um título de comédia dos Irmãos Marx, estréia na direção da filha do famoso diretor do Cinema Novo, Joaquim Pedro de Andrade (falecido em 88 depois de fazer clássicos como Macunaíma).

E o resultado é um desastre. Tudo errado. O tempo de comédia, o tom, a direção de atores (estão todos exagerados, por vezes se comprometem) e com um roteiro equivocado que parece pretender chegar a crítica social. Mas acaba sendo grosseiro e bobo.

É impossível se identificar com qualquer um dos personagens, o galã é um surfista viciado em maconha, filho de um candidato a Senador (Ney Latorraca, que aparece o tempo todo em camisetas e posters), que gosta apenas de transar com prostitutas.

No melhor estilo pornô chanchada, a babá do prédio da frente, em Copacabana (a bonitinha Maria Flor) quando não consegue conquistá-lo resolve sem mais nem menos sem prostituta, se envolvendo com um grupo safado e incompetente de prostitutas que trabalham para um cafetão chamado Tim Mais. Amoralmente, entra nessa e gosta, e só assim irá provocar o interesse do incompetente amado (para complicar tem uma trama policial, com o filho da empregada que é surfista e amigo dele, encontrando uma lata de maconha, sendo traído pelo parceiro policial corrupto). Tudo começa já com uma confusão nas ruas do bairro para depois se contar em flash back. Ah, não podemos esquecer que há também uma trama paralela com meninos de rua e uma historia de amor entre um garoto que veio do interior de Minas(o fraco Netinho Alves) sonhando em ser camelô e depois apresentador de teve, e com uma menina marginal (tenta-se fazer um pouco de poesia com final trágico). Mas esta tentativa de ressuscitar a pornô-chanchada carioca, revista por Almodóvar só revela um desatino total.

Não queria falar mal do filme (embora nem conheça a moça), mas num ano onde nada tem dado certo no cinema brasileiro, este é dos piores. E para concluir, tem o personagem de um travesti que - politicamente incorreto-, tenta seduzir o menino (Pedofilia tratada com ligeireza) e depois se joga pela janela. Não morre porque cai num secador de roupas enquanto as pessoas debocham, olha o viado caiu! Curiosamente que disto os militantes gays não reclamem em vez de pegar no pé do Fallabela. Isso sim é ofensivo.

Por Rubens Ewald Filho