18
de julho de
2005
Teve
certa notoriedade porque foi o primeiro lugar de bilheteria na
sua semana de estréia. Mas foi um acidente de percurso
que não esconde que é uma fita pobre, mal feita,
talvez a pior estréia deste ano.
Ao
menos fazia tempo que não ria abertamente e levantava
as mãos para o céu, escandalizado diante de cenas
tão ridículas e idiotas.Se
bem que, é melhor avisar, o filme tem um forte tom
religioso, evangélico, portanto se você professa
essa fé, esqueça o que eu estou escrevendo porque
pode ser que goste do filme onde todo mundo agradece a Deus,
canta gospel e diz frases feitas.
Na
verdade, poucos vão notar o mais curioso: o filme
foi produzido por um comediante, que também escolheu três
personagens para fazer, um deles de cara limpa (Brian, o primo
da heroína que tem problemas com a mulher drogada) e dois
caracterizado (Joe, um velho chato e Madea, uma velha peituda
e briguenta, que fica confinada em casa). Ele também escreveu
a peça original, o roteiro e se chama Tyler Perry.
O problema é que ele não é um novo Eddie
Murphy ou Martin Lawrence, que também fizeram coisas semelhantes,
e se deram muito bem. Este Tyler não é engraçado,
nem especialmente talentoso (além de colocar seu texto
a serviço de uma mensagem religiosa o que é sempre
discutível). A história poderia ser interessante,
uma espécie de versão negra de “Uma Mulher
Descasada” ou “Malu Mulher”, ou seja, coisas
dos anos 70/80. Meio datado, mas ainda poderia funcionar. Mas é difícil
acreditar no ponto de partida. Depois de 18 anos casada com um
advogado bem sucedido, Helen, a esposa (Kimberly Elise, de “Sob
o Domínio do Mal”, “John Q - Um Ato de Coragem”) é jogada
literalmente para fora de casa, porque ele trouxe sua amante
e seus filhos. Fica sem nada e tem que procurar ajuda com uma
tia, porque a mãe está num asilo (feita pela grande
atriz Cicely Tyson, sem maiores chances). Essa tia, que é meio
maluca e despachada, pega um revólver e vai tirar satisfações.
Mas, tudo se complica porque o advogado leva um tiro de um gangster
(ligações perigosas do passado) e Helen arranja
um namorado mais do que perfeito. Quando o marido fica doente,
ela vai ajudá-lo e cria-se novamente o impasse (tem a
cena de vingança dela, mas tarda e não é bem
feita). O filme vai se arrastando em clichês e soluções
podres, com um elenco bastante duvidoso. Talvez mulheres possam
se identificar mais com o personagem.
Mas
achei cinema da pior qualidade.
Por Rubens Ewald Filho
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