DOOM: A PORTA DO INFERNO
 


14 de março de 2006

Quem é analfabeto em videogame como eu, vai ter certo problema em se relacionar com este filme, “Doom”, que pretende ser uma versão para cinema do famoso jogo (há um momento onde eles assumem isso, com a câmera no ponto de vista da arma que vai penetrando e matando monstros como no game).

Quem o dirigiu foi o especialista em filmes de ação, o polonês Andrezej Bartkowiak (fotógrafo de “Máquina Mortífera -  4”) e diretor de “Romeu Deve Morrer”, “Rede de Corrupção” e “Contra o Tempo” (dois deles com Jet Li).

Mesmo assim, o filme foi grande fracasso de bilheteria nos EUA (custou 70 milhões de dólares e não rendeu mais que 28), comprometendo o prestígio que parecia crescente do campeão de luta-livre The Rock (não sei vocês, mas eu não consigo levá-lo a sério, desde que o vi fazendo comédia - era um gay em “Be Cool”. Tem um olhar maroto - que parece coisa de desenho animado -, e não acredito nele nem como herói, nem como bandido, que é o caso deste filme). Aliás, ele foi indicado ao Framboesa de Ouro de pior ator do ano passado. Na verdade, poucos filmes baseados em games têm dado certo, talvez porque não atinjam o mesmo público. Aqui estão no domínio da ficção-científica/fantasia.

Num futuro não muito distante, 2046, fuzileiros navais estilo SWAT - o Rapid Response Tactital Squad - são mandados para investigar uma estação espacial onde alguma coisa aconteceu de errado. Lá, funciona um laboratório de pesquisas (particular) e, pelo prólogo, já deu para perceber que estão fazendo alguma coisa errada, que criou ou despertou criaturas estranhas que atacaram os cientistas.
O chefe dos militares é justamente The Rock, que cada vez irá se tornando mais maluco e careteiro (não há qualquer tentativa de humanizá-lo ou torná-lo mais simpático, deixando-o numa inconfortável posição de ator convidado).

Na verdade, o ator principal é Karl Urban, um ator neozelandês com a cara amassada, que esteve em “Riddick, Senhor dos Anéis” (como Emoer) e “Supremacia Bourne”. Mas mesmo assim não consegui guardar direito seu rosto até agora.

Preciso confessar uma coisa: assisti ao filme numa excelente cabine/laboratório com ótimo som e cópia, mas o que ficou mais comigo foram os momentos de violência gratuita (o chamado “gore”, sangueira), que na verdade são desnecessários.

E um ou outro detalhe: por exemplo, a imagem, logo no começo, com o logotipo da Universal que irá se transformar no planeta vermelho, Marte, onde a ação irá se transcorrer. A trama geral me pareceu muito derivativa, com monstros atacando pessoas, e depois transformando-as também em figuras gosmentas e perigosas (o drama de sempre, matar ou não o amigo que agora virou monstro). Há também um tipo de conflito, porque o herói Urban (apelidado de Reaper, ou seja, algo como Mortal) que tem uma irmã doutora no local (Rosamund Pike) envolvida em algum tipo de pesquisa arqueológica.

Lógico que o filme é uma bobagem, brincando novamente com o velho clichê do Super-Homem (os marcianos extintos teriam mais cromossomos que nós, o que os tornaria mais espertos. Então, as pesquisas são para colocar um cromossomo a mais nos humanos, com resultados desastrosos). Tudo termina em grandes explosões, incluindo também os nomes dos atores nos letreiros finais.

O que não deixa de ser também uma perfeita autocrítica para o filme

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Por Rubens Ewald Filho

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