EM BOA COMPANHIA

18 de julho de 2005

Os americanos estão cada vez mais perdendo a noção das coisas.

É incrível como acham que este filme é humano, quando na verdade fala de problemas bem distantes da maior parte dos mortais. Por exemplo, o executivo de vendas de uma revista esportiva, está para perder o emprego porque ela foi comprada por uma corporação multinacional, tipo Fox. E o drama dele, se ficar sem muito dinheiro porque a filha quer estudar em Nova York, numa universidade lá e não noutra mais barata, perto de casa. E não tem coragem de lhe contar isso!!!! Isso pode ser até humano, para um por cento da população. Espanta quando vemos filmes europeus, como “Vera Drake”, que fala da classe operária, problemas básicos como ter ou não o que comer. Não besteiras de Hollywood, onde todo mundo vive como milionário, e tem probleminhas superficiais e sofisticados.

Feito o desabafo, tem o lado bom. O diretor, que é filho da atriz dos anos cinqüenta Susan Kohner, havia começado no cinema com “American Pie”, mas depois demonstrou um inesperado talento e até sensibilidade com “About a Boy”.

Confirma isso numa comédia discreta e agradável, ainda que não notável, que segura Dennis Quaid (sempre um ator capaz de fazer o pior) e consagra um ator da televisão, Topher Grace (da série “7O’s Show”). Este consegue mudar de tipo e fazer um yuppie (a palavra não é usada porque está fora de moda), um jovem executivo de 26 anos, que é abandonado pela esposa (Selma Blair) que se torna chefe de Quaid. Mas o rapaz simpatiza com o cinquentão até porque está transando com a filha dele (a atriz da moda Scarlett Johanson que continua a não me convencer). Há ainda a esposa que esta grávida novamente (Marg Helgenberger), colegas de trabalho (David Paymer), o chefe da corporação (Malcolm McDowell). Mas basicamente, o filme é sobre como o jovem ambicioso se humaniza em contato com o profissional experiente. Nada de muito importante sobre a vida ou os negócios acaba sendo dito (mesmo o ataque as corporações acaba sendo muito velado).

E humano em Hollywood, é chorar quando se tem um bebe novo. Mas vai ver sou eu que estou ficando cínico. Para quem partiu de “American Pie”, está mais do que bom.

Por Rubens Ewald Filho