06
de dezembro de 2005
Um
diretor importante Curtis Hanson (que veio de 8
Miles com Eminem), três excelentes atrizes
em grandes momentos credenciam este filme que tem
dois problemas: 1º) Com 130 minutos é um
pouco longo e sem ritmo.
2º) Está sendo vendido errado. O cartaz
e muitas referências, fazem pensar em uma comédia,
quando não é verdade. É
drama, e até pesado, com pequenas piadas.
E finalmente outro problema comercial: é filme
de menina, melhor dizendo de mulher de mais de 25
anos, de adulta.
O
público feminino deve gostar e recomendar
o filme que não foi bem nos EUA. O que não é nenhuma
surpresa.
Mas o nível de interpretação é sem
duvida digno de Oscar. Acho que esta é a melhor
interpretação da carreira de Cameron
Diaz, que nunca está mal, mas nunca tão
bem quanto aqui, num papel difícil (é uma
jovem com problemas de deficiência, talvez
disléxica, que está destruindo sua
vida com promiscuidade, alcoolismo e carência
afetiva). Basicamente é uma história
sobre o relacionamento de duas irmãs, que
perderam a mãe muito cedo e também
o pai (Ken Howard) que se casou com uma megera e
se tornou omisso.
Só depois de meia hora ou mais de filme é que
elas, e nós, ficamos sabendo que há também
uma avó materna, que vive na Flórida,
aposentada, e que sempre as procurou sem obter retorno
(quem faz o papel é Shirley MacLaine, muito
envelhecida, até de forma chocante, mas que
tem a melhor performance de sua carreira nos últimos
anos, talvez desde Lembranças de Hollywood (90). E mais discreta do que em toda sua carreira,
toda
sutil. Brilhante.
O
triângulo familiar é completado pela
excelente australiana Toni Colette (Casamento
de Muriel, Sexto Sentido). Com
uma narrativa um pouco relaxada, sem criar tensão,
com uso restrito de música, o filme poderia
facilitar a compreensão para a espectadora.
Mas talvez seja até interessante ir aos poucos
mergulhando no universo das duas irmãs, em
Filadélfia, principalmente durante uma crise
forte, quando a marginal Cameron transa com o namorado
da irmã boazinha (que é advogada e
careta).
As duas brigam e Cameron sem alternativa vai para
a Flórida, sabe-se lá com que intenção,
procurar a avó.
É
verdade que, algumas soluções parecem
um pouco forçadas, coisas de cinema, como
a amizade que ela faz com o professor doente, que
lhe ensina a ler poesia (papel feito pelo notável
e veterano coadjuvante Norman Lloyd, que era presença
certa em quase todos os filmes de Hitchcock). Ou
a paixão repentina do colega advogado por
Colette.
E mesmo a resolução final (como se
a vida fosse tão simples). Mas é cinema,
e certas liberdades são aceitas e até esperadas.
Ninguém vai ao cinema, ainda mais a estes
preços, para ter mais uma dose de vida real.
Tudo indica que o filme lançado nesta época
será um fracasso.Até porque como sempre,
a critica não o entendeu, procurando risadas
que ele nunca pretendeu oferecer.
Senhoras
e senhoritas, experimentem...
Por
Rubens Ewald Filho