07
de agosto de
2004
Será filme
ou videogame? Esse é um dilema dos blockbusters atuais,
que sempre se sentem na obrigação de também
darem origem a um jogo e por isso sempre têm seqüências
altamente fantasiosas e movimentadas. Alguns porém não
passam de videogames alongados (como Van Helsing e Riddick).
Deste mal, Eu, Robô não sofre. Tem duas ou três
seqüências altamente estilizadas e artificiais que
parecem games (em particular a perseguição na estrada),
mas em geral é uma antiquada história de robôs
e conspirações em grande corporações.
Fácil de assistir, mas também pouco memorável. É aquilo
que chamam de filme pipoca, para ver e esquecer. O que não
deixa de ser esquisito quando se pensa que é finalmente,
a versão para o cinema do célebre livro de Issac
Asimov que criou as três leis da robótica (que basicamente
dizem que as máquinas nunca podem atacar os humanos).
Assim nos créditos fica claro que a fita é apenas
inspirada no livro. Preferiram deixar aprofundamentos para outra
oportunidade, talvez preocupados com o fracasso de O
Homem Bicentenário com Robin Williams, que também era baseado em Asimov e
que mexia com temas existenciais. Aqui, nada disso. É ação
e pronto.
Todo
filme de robô se parece (Ok, Mulheres
Perfeitas é uma
exceção porque no final das contas - será que
já se pode contar? -, elas não são bem robôs,
têm apenas uns chips a mais!). Por isso, que vendo esta
fita a gente se lembra de 2001- Uma Odisséia no
Espaço; Minority
Report (os efeitos são parecidos) e tantos outros
(o filme também faz referências cinematográficas
explicitas com Frankenstein, Drácula, Lobisomen e
até Freaks).
O fato é que o diretor Alex Proyas (O Corvo, Dark
City)
preferiu seguir seu gosto e criar um mundo totalmente artificial,
nada realista. Assim achou ele fica mais fácil aceitar
a Chicago de 2035 onde se passa a história. Will Smith,
fortão desde Ali, é quem faz o herói (aliás,
ele consegue dar um foco central à história convencendo
como protagonista) Del Spooner, um policial que desconfia das
máquinas (de tal maneira que a gente pense que ele também é um
robô). Mas não estava enganado, quando desconfia
que há algo errado na grande corporação
que os cria, a American Robotics. Principalmente quando vão
lançar um novo modelo. Tudo começa quando o cérebro
por trás de tudo, o cientista James Cronwell se suicida.
Ou será que foi assassinado? É o que pensa Smith,
tentando também convencer a parceira do morto, Bridget
Monayahan (O Novato, A Soma de Todos os Medos).
O
fato é que
há um robô da nova geração, que usa
o nome de Sonny, que é muito suspeito e parece saber demais.
Poderia muito bem se chamar A Revolução dos Robôs porque é justamente isso que sucede em determinado momento.
Então o forte do filme são os efeitos digitais,
eficientes mas, não especialmente novos (tanto que o ator
Alan Tudyk serviu de base para fazer o personagem de Sonny mais
ou menos como fizeram em O Senhor dos Anéis com Gollum).
Mas já que os temas sérios são descartados
resta a eficiência geral da empreitada (que inclui por
sinal várias e até exageradas ações
de merchandising) aparentando onde o orçamento de mais
de cem milhões foi gasto. Até em algumas frases
do roteiro (Vamos sentir saudades dos bons tempos em que apenas
gente matava gente).
Ou
seja, assistir não faz mal. Nem
acrescenta muito.
Por Rubens Ewald Filho
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