EXÍLIOS

06 de julho de 2005

Embora tenha ganhado um inesperado e injustiçado prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes 2004, este Exílios é daqueles filmes insuportáveis que eu detestei quando estreou no Festival. Na ocasião, eu reclamei muito escrevendo o seguinte: O diretor que tinha certo prestigio por causa de fitas sobre ciganos (como Gadjo Dilo, visto apenas em sessões especiais no Brasil), conta de forma até ridícula a história de um casal de origem argelina que resolve sem mais nem menos, e sem dinheiro ir até a Argélia, em busca de suas raízes (o herói é um musico que não aparece tocando musica, é feito pelo competente Romain Duris de O Albergue Espanhol quer ver a casa de seus avós que encontrara intacta). E o filme é apenas isso, outro road movie, sobre uma dupla que só encontra gente boa no caminho, todos os ajudam embora peguem o navio errado e vão parar no Marrocos (país que há quatro anos tem as fronteiras fechadas com a Argélia) conseguem atravessar a fronteira pelo deserto. E, quando chegam a cidade, hoje quase destruída por terremotos e fundamentalistas que estão impondo costumes radicais a la Taliban, tudo corre as maravilhas (uma mulher briga porque a moça está com roupa decotada mas tudo se resolve sem crises). A fita tem muita música de fundo e o único momento curioso é uma seqüência de dez minutos, em que a gente fica observando as mulheres dançando e ficando tomadas, como se estivessem numa sessão de macumba brasileira (é muito semelhante e tem também adivinhações, se bem que não mostrem incorporações).

Por Rubens Ewald Filho